04 - O Segredo de Viny

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CAIMANA

Quando Caimana tornou á olhar  para Viny, ficou estupefata com o fato de ver saliva escorrendo pelo queixo do garoto. Ele estava babando. Ele estava babando por um garoto! Caimana passou a mão pela frente dos olhos dele, quando ele acordou do transe quase instantaneamente.

– O que foi? – perguntou ele confuso.

– Você está bem? – ela perguntou cautelosa.

Viny percebeu que no olhar de Caimana havia um tom de dúvida urgente. Como se ele tivesse alguma doença contagiosa.

– Estou ótimo... Porque a pergunta?

– É que você estava olhando de um jeito estranho pro Capí, sabe... – Estranho era pouco, pensou ela. Por um breve momento parecia que Viny estava apaixonado por Capí. Não tirava os olhos dele. Lá no fundo ela sabia que seu cérebro sabia que aquilo era um fato, mas uma parte dela, a parte que enlouquecia quando olhava aquele sorriso bobo do garoto, dizia que era apenas uma impressão dela.

– Estranho? Como assim? – Viny perguntou. Ele tentou passar a língua nos dentes tentando limpá-los de algo que provavelmente estava fazendo com que Caimana o olhasse daquela forma.

Ela se virou para Capí e depois voltou para Viny, ainda sem acreditar.

– Você estava olhando por Capí! – ela disse querendo dizer "Helôô. Ele é um garoto.".

– Sim. O que é que tem? - disse ele um pouco desconfortável com a atitude dela.

Caimana não aguentou e soltou o verbo.

– Viny, você estava olhando para um garoto!!! – ela falou isso um pouco alto demais. Um pouco, mas o bastante para a maioria dos alunos ao redor ficar em silêncio, olhando para ela.

Ela se virou devagar e viu o homem magro do conselho que a fulminava com o olhar. Olhou de relance alguns professores que estavam sentados em suas mesas. Atlas estava lá, segurando um risinho. Ela odiou esse risinho. Uma garota ruiva fez sinal de silencio para ela.

– Me desculpe. – disse baixinho. Mas como o refeitório estava muito quieto, o Conselho ouviu o que ela disse. Não podia ver, mas tinha a certeza de que estava mais vermelha do que pimentão, pois sentia seu rosto queimar como nunca.

– Como eu falava... – disse o Conselheiro, continuando o discurso. Mas Caimana, que não ouvira o começo do discurso, não estava em ouvir sequer o final. Estava tão envergonhada que baixou a cabeça nos braços e ficou ali, quieta, até que o discurso chegou ao fim.

Quando ergueu a cabeça e olhou para os lados, certificando-se que ninguém mais olhava para ela, falou.

– Me desculpe! – Na verdade não sabia por que estava se desculpando. Bom... Na verdade sabia, mas não esperava que tivesse agido daquela forma com Viny.

– Não foi nada. – Viny deu um sorriso pra ela, fazendo com que ela esquecesse o que aconteceu á pouco. – Todo mundo já sabe, e mesmo se não soubessem, eu não me importo com o que eles pensam.

Caimana ficou quieta.

– Sabem... O que?

Antes que Viny respondesse, um aglomerado de criaturas baixinhas com orelhas pontudas e pequenos chifres na cabeça chegaram com roupas de garçom e com bandejas enormes flutuando á sua frente. Apesar de o banquete já estar sendo servido, outro integrante do conselho continuou á falar.

– Este ano, correm boatos de que um espírito de um dos feiticeiros das trevas mais poderosos que já existiu está solto. Nós do conselho, não iremos tolerar que tais boatos circulem pela escola. A escola é totalmente segura, impossível de tal ameaça, da qual não é real, entrar aqui. Ponto final. Temos um dos melhores sistemas de ensino do país, usando como base os ensinamentos europeus, que são de altíssima qualidade...

Os Pixies - O Ressurgimento de AnhangáOnde histórias criam vida. Descubra agora