Lauren e Camila

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Lauren encarava um cubo de gelo derretendo dentro de seu Whisky como se aquilo fosse muito interessante. Não havia reparado na garota que tentava a todo custo encostar nela, querendo um pouco de atenção, quem sabe alguma bebida grátis e uma ida sem compromisso ao motel mais próximo. Ela tinha o poder de detectar esse tipo mulher. Se aquele dia não tivesse sido tão bizarro, provavelmente estaria cantando a garota de forma barata que, se fosse dita por algum cara em uma construção, a faria torcer o nariz.

 Mas vinda dos lábios de Lauren Jauregui, com seu sotaque britânico que todas adoravam, era praticamente um convite para algo promissor entre quatro paredes. Ao ouvir o barulho estrondoso da porta chocando-se contra a parede, acordou de um transe, mas não se deu ao trabalho de olhar para trás.

- Não China, eu quero mais que ela se fod... - a garota parou de falar, tacando as coisas na mesa. Devia ter chumbo naquela bolsa. - Não, eu não quero ver ninguém. Me deixe em paz! - a voz fininha disse, antes de tacar um iPhone no balcão de mármore gélido.

- Um martíni para a senhorita? - o barman perguntou, galanteador, e Jauregui ouviu a garota bufar. Não fazia ideia de como, mas algo a dizia que ela estava rolando os olhos.

- Uma tequila. Sem sal e sem limão - murmurou. Um pouco confuso pela chegada repentina de uma pessoa surtada ao seu lado, Jauregui atreveu-se a tentar olhá-la, enquanto virava o resto do líquido que estava em seu copo de uma vez só.
As duas bateram os copos no mármore.

- Completa - disseram ao mesmo tempo.

Lauren teve vontade de rir, mas não o fez. A encarou pela primeira vez. A garota usava um casaco enorme preto e tinha um gorro de lã vermelho na cabeça. Apesar de estar quente lá dentro, ela não pareceu importar-se em deixar esses pertences pendurados perto da porta. Seu olhar estava vidrado na tela do celular, como quem espera muito que o aparelho toque a qualquer momento. Rodava freneticamente um anel com um brilhante enorme em seu dedo. Quando o barman completou seu shot de tequila, ela mal esperou que o rapaz levantasse a garrafa, virando-o novamente, para susto do mesmo.

- Algo mais forte, por favor - disse, quase num sussurro. Então, para surpresa de Lauren, ela virou para o lado, a encarando com seus olhos um pouco avermelhados, provavelmente de tanto chorar. - Perdeu alguma coisa aqui?

Lauren não sabia o que responder. Aquela garota era obviamente linda, mas claramente meio descontrolada. Rolou os olhos impaciente tomou um longo gole de seu Whisky.

- De forma alguma - estendeu os braços ao lado da cabeça, voltando seu olhar para o letreiro luminoso da Heineken na parede.

- Até parece... - a ouviu murmurar, então rodou no banquinho para encará-la.

- Como disse? - perguntou, já sentindo a cabeça doer.

Era só o que lhe faltava. Demissão feat deportação featuring Garota-louca-no-bar.
Ela devia ter pensado melhor, em suas vidas passadas, antes de mandar pombos cagarem na cruz.

- Até parece que você não está morrendo de vontade de rir da patricinha estranha do bar que toma tequilas que nem água com cara de choro! - ela esbravejou, nervosa. - Tá querendo o quê? Esperar que eu fique bêbada o suficiente para me arrastar para a cama? O que diabos é esse sotaque britânico falso? - indagou, com a sobrancelha erguida.

Ao vê-la com a mão na cintura, parecendo uma garotinha de cinco anos brigando na pré escola, tudo o que Lauren conseguiu foi rir. Gargalhar.
Até que ela ficasse tão vermelha que parecia que ia explodir - ou explodir a sua cara com a bazuca que guardava dentro da bolsa. Só uma arma desse porte explicaria o peso e o barulho que aquele negócio fez ao cair na bancada.

- QUAL O SEU PROBLEMA? - ela gritou, e então Lauren segurou o riso, tomando um gole da bebida.

One Night Only - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora