A Mascarada

17.1K 1.4K 135
                                    


   Olho para o sinal que finalmente fica vermelho e desabotoo a saia que estou usando, ficando apenas com o short preto desfiado que estou usando por baixo, a prática faz com me troque rápido dentro do carro. Pego o top preto enfeitado com lantejoulas e coloco, substituindo a blusinha básica que eu estava usando. Coloco uma peruca loira e com a maquiagem escura, completo o rosto da mascarada em quem me transformo toda noite no Clube Privê.

Á quatro anos atrás, eu estava em uma crise depressiva, devido a alguns problemas e sinceramente já tinha pensado até em tirar minha própria vida, eu vivia sendo humilhada, espezinhada, maltratada e tudo isso por alguém que você pressupõe que deveria cuidar de você. Eu já estava no meu limite, quando achei que a única solução era dar um fim a minha vida que não tinha mais serventia para ninguém, encontre um antigo amigo de faculdade. Nós sentamos e começamos a conversar e eu abri meu coração para ele, disse que estava apenas criando coragem para acabar com tudo. E ele me fez ver que ainda valia a pena viver e que se não fosse por ninguém que fizesse por mim mesma e por ele, que gostava muito de mim.

Ele me perguntou por que eu não havia me tornado uma dançarina profissional e eu disse que tinha me casado. Foi então que ele teve a ideia, de que eu dançasse mascarada e que o irmão dele tinha um clube e que ele falaria com o irmão, o safado ainda se divertiu montando o personagem que uso até hoje. Ninguém além do Anthony sabe a minha verdadeira identidade.

Chego ao clube e atraio logo todos os olhares para mim, não que torna tudo muito difícil e aguça a curiosidade dos marmanjos de plantão, estou ensaiando quando escuto chamarem pela mascarada.

- Ei mascarada! - um cliente me chama e ao ver que eu olho ele se anima e se aproxima mais.

- E ai gostosa, minha mulher está viajando vamos lá para minha casa pra gente dar um thunay, eu vou te ensinar todas as posições do Kama Sutra.

- Não obrigada. - falo e todos riem e ele insiste.

- Garanto que não vai se arrepender. - ele fala se aproxima me agarrando por trás e se esfrega em mim, viro de frente, o filho da puta acha que estou gostando.

Então eu miro meu joelho bem no saco dele, ele se abaixa com a dor, então eu dou um soco que acerta bem no olho dele. Os seguranças o tiram do palco eu respiro e continuo com meu ensaio.

Tem dias que são punks. Todos os problemas acontecem ao mesmo tempo. Só me liberto quando subo no palco, quando visto a roupa e ponho a máscara me transformo em outra pessoa, me sinto forte e corajosa. Coisas como essas que aconteceu agora, eu tiro de letra e consigo até achar engraçado. Agora se estivesse no meu dia a dia a única coisa que faria seria chorar. Termino meu ensaio e vou para o meu quarto aqui no Clube, meu celular toca e eu atendo.

-Onde você está? Precisava muito de você hoje. - fala a pessoa do outro lado da linha.

- Hoje o dia está sendo difícil. - Se der passo aí na sua casa para conversarmos, sei que está passando por muitas coisas, mas fique tranquila que tudo vai dar certo. - Se cuide, viu? Beijos.

Desligo o telefone e vou para o salão outra vez, hoje eu tenho a incumbência de ensinar uma mulher a dançar no poste, coisa que eu vou fazer com muito prazer, admiro as mulheres que fazem essas coisas, que tem um marido a quem queira agradar. A Annie está apreensiva porque disse que a mulher é uma louca, que toda vez que vêm ao clube apronta alguma. Eu mesma já vi isso acontecer.

Ensinar nem sempre e fácil, confesso que foi uma ótima distração e me faz esquecer um pouco dos problemas que me aflige, saio até um pouco mais leve, mas é só chegar à rua que o peso de tudo me atinge mais uma vez.

Estou tão distraída em minha bolha que nem escuto me chamarem me assusto quando mãos fortes me seguram pelo ombro, viro já no veneno achando que deve ser mais um cliente engraçadinho. Surpreendo-me em ver os olhos de Anthony meio ansiosos me analisando.

MUDANDO O DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora