*Capítulo 6*

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Estávamos a meio do segundo período. Era dia 10 de Março, uma quarta-feira, quando por consequente eu chegava a casa por volta das 17h. Cheguei. Vi a minha prima a vir na minha direcção dizendo: "o vô, foi no nem!" - que quer dizer: "o avô foi no INEM".

Eu preocupada e curiosa fio perguntar à minha avó e ela afirma, dizendo também que estava tudo bem. O avô tinha ido para o hospital porque estava com falta dar. Eu fiquei, na minha mentalizando me que não era nada de mais. Sentei-me na espreguiçadeira, à espera que me dissessem alguma coisa. Enquanto olhava para o relógio, ouvindo o tic-tac.

Minutos de depois da minha chegada ouvi o telemóvel da minha avó a tocar. Levantei-me e fui a correr para saber quem era e do que se tratava.

Era a minha mãe. Disse à minha avó que o avô ia ficar internado, para ficar sobre vigilância. Eu, já entristecida, dirigi-me para o quarto. Esperava pela minha mãe, e uma vez que ela não chegava acabei por adormecer.

Toca o despertador. Estava na hora de acordar para ir para a escola. De repente, ouvi a porta de entrada a bater. Fui ver quem era.

Lá estava ela, com olhos inchados, despenteada, e quase sem forças. A minha mãe. Ainda naquele estado, fez questão de me arranjar para ir para a escola. Eu fui. Pensativa, preocupada e sempre atenta ao telemóvel, porque a qualquer momento podiam-me ligar.

O dia passou e nada de novidades. Cheguei a casa e perguntei pelo avô mas não havia novidades. Retirei-me da cozinha e fui em direcção ao quarto. Fiquei por lá a estudar e a pensar no que poderiam estar a fazer ao meu avô.

Fui jantar, depois tomei banho e fui logo para o quarto. Abandonando por adormecer.

De manhã, quando acordei já a minha mãe estava pronta para ir para o hospital ter com o meu avô. Questionei-lhe para onde ia, e ela disse-me:

-"Não te vou esconder. Recebi uma chamada do hospital à cerca de meia hora, a informar que o avô teve uma hemorragia pulmonar."

Eu fui em direcção à casa de banho e comecei a chorar. Entretanto recompus-me e fui acabar de me preparar para ir para a escola...

Assim passou uma semana e soubemos que o meu avô, não resistiu aos tratamentos e entrou em coma. Aquela era sem duvida uma das semanas mais difíceis de passar da minha vida.

17 dias depois, uma quarta feira, estava eu a levantar-me para ir para escola. Arranjei-me, tomei pequeno-almoço e naqueles momentos via a minha mãe a andar de uma lado para o outro, desamparada. Perguntei-lhe: -"Mãe, vamos para a escola?"

E ela diz me: -"tu hoje não vais à escola".
Eu: "porquê?"
Ela: "filha, o avô morreu."

Eu, sem aberto o que sentir, e o ke fazer, dirigi me para o quarto. Fiquei lá à espera que me dissessem algo, mas ninguém aparecia. Fui novamente para a cozinha, e estava uma enorme confusão, falava se da roupa que ele ia levar, da hora do funeral, quem o ia buscar ao hospital... 1001 questões.

Reparei que a minha avó estava sentada da cama a chorar, e fui lá dar-lhe um abraço tentar confortá-la.
O clima estava tenso, não se percebia nada, uma enorme tristeza mas ao mesmo tempo confusão.

As horas passavam a voar, e quando dei por mim estávamos na hora de almoço. Nesse tempo fomos para a capela, onde estivemos junto do meu avô. Quer dizer, fomos não eh a palavra correta, porque eu não fui. Fiquei por casa, arrumar e a tentar aceitar que o meu avô tinha partido para outro mundo.

Não consegui chorar. Não conseguia perceber porquê. Talvez porque eu na aceitei na altura, ou porque não acreditava.

Ninguém parava em casa. Uns vinham e depois saíam, e assim nesta rotina.
Passaram o dia, assim, como um vai e vêm. A minha mãe não me deixou ir vê-lo.
Tinha me prometido que ia no dia seguinte ao funeral.

O dia passou a noite também, e de manha do dia seguinte, vesti-me de preto, como toda a gente fez.
Após estarmos prontas, eu, a minha mãe e a minha avó fomos ter com o resto do pessoal.
Estavam cerca de 10 pessoas.

A hora do funeral aproximava se, e eu não conseguia acreditar/aceitar que o meu avô estava ali deitado, dentro de uma caixa (caixão).
Ao pés do caixão, estava algo esquisito que tinha água benta.
Perguntei à minha mãe, para que servia. Ela disse me que eu podia atirar um pouquinho ao meu avô.
Eu, na minha inocência, fiz-lo sem saber qual o seu significado.

Para alem disso, eu queria despedir me dele, mas não sabia como. Ele estava pálido, inchado, fora do normal. Eu sentia-me com receio.

Conversei com a minha mãe após a minha observação, e ela disse me:
"Imagina que o avô está a dormir e que lhe vais dar um beijo de boa noite".
Assim o fiz.

Segundos depois ouvi a minha avó aos gritos, implorando que Deus lhe desse de volta o seu marido.
Ela não estava a sentir se bem, e a minha mãe pediu me para que eu fosse com a minha avó para casa.

Eu fiquei triste e acabei por sair dali. Fui com a minha avó, e por causa disso, já não consegui tar com o meu avô mais um pouco.
Fiquei desiludida com a minha mãe. Ela não me deixou vê lo no hospital, no dia em que ele veio do hospital, e retirou me do funeral (sim, eh verdade ela não teve culpa do que aconteceu à minha avó, mas mesmo assim, eu não consegui perceber).

Mas pronto... Se aconteceu, foi porque tinha de acontecer.
Acabando de perder umas das pessoas mais importantes para mim.

(Regresso às aulas)

Depois de faltar aqueles dois dias (o dia em que o meu avô morreu e o dia do funeral) voltei para as aulas, e os meus colegas souberam do que tinha acontecido.
Contudo, aquela semana passou pacífica sem grandes estrondos. Mas depois disso, voltaram outra vez.

Eu já estava farta daquela rotina, já não tava aguentava mais. E é que depois eu sentia uma enorme mistura de sentimentos, como a raiva, receio, aquele sentimento inexplicável por não ter conseguido chorar a morte de uma pessoa entre querida. Sentia me mal, perante aquilo tudo que estava acontecer ao meu redor. E não sabia o que fazer, apenas comecei a sentir que ia explodir.

Mas...
Não é que...

Esse dia chegou... Eu estava na aula quando ouvi-a o borborinho atrás de mim. Quando assim de repente me levantei, dizendo:
"Calem-se, já chega tou farta disto, farta que falem mal de mim, que gozem comigo (as lágrimas começaram a cair), que façam de conta que eu não existo ou que eu sou invisível, que não tenho sentimentos."

Acabei assim pedindo à professora para ir à casa de banho.
Retirei-me e em vez de ir ah casa de banho, fiquei atrás de porta a tentar perceber se iria acontecer algo.
A professora questionou os alunos, o que se passava e o porquê daquela cena toda. Eles instalaram o silêncio. Segundos depois eu entrei, e não se ouvia nada.
A professora pediu me para que falasse com ela no final da aula.

Assim o fiz. Depois da conversa sai para intervalo e ninguém falou comigo. O dia passou. Parecia o paraíso, SILENCIOSO.

...
O clima tornou tenso. Mas ao mesmo tempo diferente, confortável. Porque ninguém dizia nada. E ate puxavam por mim, de modo a eu ir com elas e a conversamos.

As coisas começaram a melhorar.

(Mais uma fase ultrapassada)
*-* :3

"Don't Tell Mommy"Onde histórias criam vida. Descubra agora