1. Prólogo

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Me sinto , mas quem é que nunca se sentiu assim?🎶🎶

Cpm22.

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Scarlett.

Fazem 2 semanas que cheguei de viagem e ainda estou aqui jogada na cama, do mesmo jeito que cheguei.
Poucas caixas de mudança ainda estão lacradas, enquanto a maioria já foram abertas e arrumadas em seu devido lugar pelo meu pai. Enquanto eu. Continuei espatifada na cama.
Não que eu nunca me levantasse. Até porquê eu me levantava todos os dias para fazer as higienes matinais, como lavar meu imenso cabelo castanho escuro que a tempos não via uma tesoura, e as refeições necessárias para não morrer de fome.

Mas depois que eu fazia tudo que necessitava voltava a deitar, não que eu era uma preguiçosa e sim porque eu precisava refletir.

Passei todo esse tempo refletindo tudo oque passei esses tempos. E tudo que passarei da qui pra frente.
E em todos esses pensamentos eu tirei uma conclusão. Esse será o meu ano mais difícil.
Não que todos os meus outros anos tinham sido fáceis. Afinal minha época de baderneira, além de nada convencional não era fácil. Corrir para cá, corrir para lá, destruindo coisas e fugindo de policiais. Enfim.

Foi um tempo muito difícil. Mas comparado ao que passarei da qui pra frente, pode ter certeza, não será mais facil.

O tempo de baderneira teve suas vantagens, eu me divertia em grupo, estava sempre acompanhada. E é por isso que esse ano escolar será o mais doloroso, eu estarei sozinha. Mas precisadamente só eu e os estudos.

Eu serei a garota que não terei a quem recorrer, a não ser a familia que no caso apenas o meu pai (somos apenas nós dois). Mas quando alguém sofre acaba escondendo da familia, por ter aquele doloroso sentimento de não querer incomodar. Ou achar que os pais tem coisas demais para se preocuparem, para ligarem aos caprichos de seu filho em plena fase adolescente.
As vezes até decidem contar e eles acabam dando aquele famoso "sermão" dizendo que tudo isso vai passar que é apenas uma fase, que devemos ignorar pois vão parar com o tempo. Mas não. Não é assim que funciona.
Eles nunca param. E se param e porque você não está mais entre eles. Ou seja. Porque você se matou.

Nerds, deficientes, pessoas acima e abaixo do peso, ou desprovidos de "beleza". Sofrem algo chamado bullyng, e isso faz com que abram as portas para diversos tipos de doenças como bulimia, anorexia, depressão entre outros. E isso tudo gera as pessoas suicidas que resultam a morte.

Todas as doenças, todos os suicídios, e até as mudanças de personalidades são causados pelo bullyng.
Os jovens que sofrem, passam a se perguntar o por que passam por isso, e isso faz com que acreditem que o problema está neles mesmos. E que eles precisam mudar para agradar os outros.

Eles fazem de tudo para agradar aqueles que o machucam, perdem peso, ganham peso, mudam aparência... Tudo para tentarem ter uma vida feliz e tranquila. Mas nada muda, o mundo continua sendo o mesmo, e as pessoas continuam apontando o dedo pros seus defeitos...

Viver assim é dureza. Principalmente por não ter aquele famoso ombro amigo que sempre precisamos. Ou ter aquele alguém que nos defenda, que estão do nosso lado e acima de tudo que nos ama. Do jeito que nós somos.

Acho que a coisa boa em tudo isso e que passamos a dar valor para as coisas mais simples. Como pela família, por ter uma boa moradia, por ter sempre comida na mesa, e até mesmo por ter um cãozinho pra se divertir de vez enquando.
Uma das outras vantagens e que passamos a amadurecer rápido. E a aceitar tudo que o mundo vem pela frente. E ter consciência de que precisamos lutar apesar de não ter forças.

Sei que também é difícil tirar forças de onde não tem. E que as vezes só conseguimos deitar na nossa confortável cama, e chorar até o sono surgir e nos livrar de horas de sofrimento.
Mas no dia seguinte nós conseguimos levantar, sorrindo mesmo que forçado e aguentamos tudo de novo pois nós sabemos que é assim que o mundo gira...
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- Pensa rápido! -meu pai joga um bastão de luta em cima de mim, pego-o antes dele se chocar com o meu corpo.

- Paiê!! -resmungo. Amarrando meu cabelo em um coque desajeitado e feio.

- Parece que ainda tem bons reflexos. -ele me elogia, sorriu como uma criancinha.

- Mas... Será que é boa em luta? -ele se aproxima apontando o bastão de luta que ele segurava, me levanto num gesto rápido e faço o mesmo com o bastão que ele me dera.

- Que comece a luta! -ele grita em tom divertindo vindo em minha direção.

- Ahhhh! -dou um grito de guerra atacando-o logo em seguida. E começamos a lutar.

Todo fim de tarde, meu pai batia na porta do meu quarto e trazia alguma arma de luta (bastões, catanas, muchacos etc), e nós lutavamos até o sol se pôr, era divertido. Minha relação com ele não parecia uma relação pai e filha. Nós éramos como dois velhos amigos, nós brincavamos juntos, e brigavamos juntos também, sendo que até ficávamos sem falar um com outro, mas depois voltavamos a nos falar como se nada tivesse acontecido.

Nossa luta durava até a lua aparecer, nós paravamos instantaneamente e nos sentavamos na beira da calçada, para assisti-la e discutir entre si o quanto ela era bonita.

Nós vivíamos sozinhos. Sem nenhuma figura maternal. Mas isso não me impediu de crescer. Meu pai apesar de não ter um histórico dos melhores. E isso fez com que viajassemos constantemente. Tentou ao máximo me dar toda a educação que precisava e tudo o que uma criança tinha direito.

Tudo isso para me fazer viver feliz. E conseguiu. Cresci feliz mesmo estando em casas e cidades diferentes anualmente. Mesmo tendo que me afastar de todos os amigos que criei. Se bem que não foi doloroso. Afinal, nunca me apeguei a alguém de verdade, a ponto de sentir tanta falta. Pois decidir seguir os conselhos do meu pai. "Se não se apegar, não vai sofrer". E é assim que eu vivo desde então. Não me apegando a pessoas e não sofrendo por causa delas.

Um Dia Com A Nerd (Projeto Reconstruindo) Onde histórias criam vida. Descubra agora