Capítulo 27.

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Acordei e minha cabeça estava pesada, sentei na cama e tudo ficou preto de repente. Escutei uma voz feminina ecoando, uma voz que nunca havia ouvido, ela sussurrava meu nome repetidamente. Até que falou:

"Owen, está na hora do ritual acontecer. Hoje à noite a lua e todos os planetas estarão alinhados, chegou o grande dia de todos os soldados conhecerem as suas tribos, os seus líderes e os seus poderes. Nossos soldados estão prontos e a guerra está próxima. " 

Abri os olhos com falta de ar, levantei, fui para o banheiro, tomei banho, troquei de roupa, peguei o celular, sai do alojamento, fui na casa do Ares, a Hera a abriu, me olhou e falou:

— Bom dia, meu filho. Entre.

Entrei, a olhei e falei:

— Bom dia, mãe.

Ela me olhou e falou:

— Aconteceu alguma coisa? Parece assustado.

A olhei e falei:

— Chama o Ares, precisamos conversar juntos.

Ela me olhou preocupada, foi até o quarto, demorou alguns minutos e eles vieram para a sala. Ele me olhou e falou:

— Bom dia, filho.

O olhei e falei:

— Bom dia, pai.

Nos sentamos, ele me olhou e falou:

— Então? O que houve?

Os olhei e falei:

— Hoje, quando eu acordei, tive uma daquelas visões que eu tinha quando não conhecia a Perséfone. Uma voz feminina falou que hoje todos os planetas e a lua estariam alinhados. E que o ritual deveria ser feito hoje à noite.

A Hera me interrompeu e falou:

— Uma voz feminina?

A olhei e falei:

— Sim, uma voz doce, meiga.

Eles se olharam, trocaram sorrisos e o Ares falou:

— Demetra.

A Hera falou:

— Nossa, isso é maravilhoso.

Os olhei e falei:

— Oi, eu estou aqui ainda e não estou entendendo nada.

A Hera me olhou e falou:

— Nunca contamos a história da cerejeira branca para vocês que chegaram a pouco tempo. Então vou te contar, agora você tem que saber de todo jeito.

A olhei e falei:

— Está bem, pode começar.

O Ares levantou e falou:

— Vou pedir para organizarem o ritual, mas pode começar a contar, eu já volto.

Concordamos com a cabeça e ela falou:

— Bom, vamos lá. A muitos e muitos anos atrás uma mulher grávida estava correndo risco de perder o seu bebê, as feiticeiras tentaram de tudo para salvá-los, mas o feitiço feito só serviu para um deles e assim nasceu o primeiro guerreiro imortal que se chamava Árion. Ele foi crescendo como uma criança normal, mas uma criança mais rápida, mais inteligente, mais forte e sem sentir dor alguma, mesmo quando caia. Ele passou sua adolescência e juventude se dedicando as lutas, a magia e aos treinamentos. Se tornou um adulto forte, valente, responsável e em um dia normal de treinamento ele conheceu uma moça, uma das primeiras e mais importantes sacerdotisas. Que era linda, amorosa, doce, habilidosa e ela se chamava Demetra. Eles se apaixonaram à primeira vista, começaram a conversar, foram se tornando amigos, depois de um tempo começaram a namorar e um ano depois eles se casaram, não foi uma cerimônia qualquer, foi um ritual de unificação de corações. Eles juraram amor eterno, seus destinos estavam traçados antes mesmo deles nascerem. O coração dele batia apenas por ela e o dela batia apenas por ele, seus corações se tornaram apenas um. Três anos se passaram, a primeira guerra contra o nosso povo estava prestes a começar e algumas semanas antes ele descobriu que era imortal e que havia sido escolhido por todos para ser o líder de Pandora e também descobriu, que Demetra estava grávida. Eles estavam felizes, seu amor era grande, tão grande que contagiava a todo mundo. Mas os Erinios descobriram isso, ao invadirem Pandora pegaram a Demetra de refém. Ele lutava com todas as forças que possuía, matou 50, 100, 200, 500 inimigos, ou mais, mas o que ele queria mesmo era salvar sua amada. Eles a mantinham refém no meio do campo de treinamento, quando ele chegou lá tentou correr para ela, mas o seguravam. Ele tentava lutar contra, tentava se soltar, mas era em vão. Depois de tanto ser torturado fisicamente e emocionalmente, o pior aconteceu, o líder de Relia, Posídon, atirou uma flecha envenenada no peito da Demetra, atravessando seu coração. Ela caiu segurando a flecha, ele se soltou, saiu correndo até ela tentando socorrê-la, ela segurou sua mão e falou: é tarde demais, sinto muito por isso, eu te amo. Ele a olhava e chorava desesperado e falou para ela: eu amo você. Você é minha imortalidade, se você morrer eu também morrerei. Ao ouvir isso, o Posídon atirou outra flecha, mas dessa vez, no Árion. Ao verem os dois mortos, os Erinios desapareceram como fumaça. Os poucos que sobraram da nossa tribo, lamentaram as suas mortes, os enterraram no lugar onde morreram, declararam luto e recolheram-se. No dia seguinte, havia uma pequena muda de cerejeira, os anos foram se passando, nossa tribo foi se reerguendo e a cerejeira foi crescendo. Mas, ela era diferente de todas as outras, era totalmente branca, folhas, troncos, galhos, mas seus frutos eram vermelhos. O branco representa o Árion, o vermelho representa o amor dos dois. E ela vive até hoje, nunca morreu, assim como a história deles dois. Seus espíritos habitam nela, uma prova, disso, foi ela ter falado com você hoje. A cerejeira branca, nasceu de um amor imortal, o amor verdadeiro de duas pessoas.

Meu pé de cerejeira branca - Livro I.Onde histórias criam vida. Descubra agora