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32 - romeo and juliet

"Você tem certeza de que não quer que eu vá com você?"

"Michael, o Nathan é meu primo, o máximo que ele pode fazer é tentar me beijar a força. Não é como se ele fosse perigoso e eu precisasse de um guarda-costas." Luke passou a mão pelos cabelos loiros por uma última vez e se virou para o garoto sentado em sua cama.

"Eu não sou seu guarda-costas, mas sou seu namorado." Michael falou de modo tão natural que ele mesmo se assustou com o próprio ato.

Luke arregalou os olhos, encarando Clifford por longos segundos.

Eles já podiam ser considerados namorados?

Aquilo parecia tão estranho de se pensar. Há tão pouco tempo se odiavam, brigavam e se provocavam... e agora simplesmente estavam agindo como um casal — nem mesmo Luke sabia como aquilo havia acontecido. Talvez ele devesse simplesmente se esquecer das coisas que já dissera a Michael e pensar no que estava acontecendo no presente.

Sim, eles podiam ser considerados namorados. O passado não importava mais.

"Namorados?" O loiro conseguiu dizer.

Michael desviou o olhar. "Me desculpa por isso, eu acho que-"

Luke de repente soltou uma gargalhada, fazendo Clifford voltar sua atenção para ele enquanto franzia as sobrancelhas, perguntando:

"O que foi?"

Hemmings parou de rir, mas o sorriso não saiu de seus lábios. Ele se sentou ao lado do garoto de cabelos azuis e envolveu seu braço na cintura do mesmo, aproximando seu rosto do pescoço do mais velho para depositar um leve beijo ali antes de dizer:

"Eu aceito ser seu namorado."

Michael também se permitiu dar um sorriso. Ele se afastou de Luke e levou a mão à nuca do loiro para selar seus lábios, iniciando um beijo casto que não demorou muito para ser interrompido por um som de batida na porta.

Luke se afastou bufando e deu um rápido selinho no alfa antes de se levantar e ir até a porta para abri-la, vendo seu pai o encarar com uma expressão séria.

Lá vem.

Antes de dizer qualquer coisa, Andrew se inclinou para o lado a fim de espiar pela pequena brecha da porta, podendo ver um alfa de cabelos azuis sentado na cama de seu filho com um unicórnio de pelúcia cor-de-rosa nas mãos. Ele franziu as sobrancelhas e voltou a olhar para o loiro em sua frente.

"Quem é esse e por que ele está sentado na sua cama? Eu nem o vi entrando na casa." Quis saber.

"Aquele é o Michael, nosso vizinho. Ele entrou pela janela."

"O que?" Andrew arregalou os olhos. "Como você pode dizer isso com tanta naturalidade?"

Luke revirou os olhos. Ele só queria sair dali, se encontrar com Nathan para acabar logo com aquilo tudo e então voltar para sua casa e dar alguns beijos em seu namorado.

Então ele foi bem direto com seu pai:

"Por que nós somos amigos há um tempo e como o quarto dele é ao lado do meu, às vezes nós fazemos visitas um ao outro sem nos preocuparmos em descer as escadas e sair pela porta da casa. O senhor nunca nem fez questão de bater na porta do meu quarto para ver como ou estava, então nunca pôde vê-lo aqui."

Talvez ele não tivesse dito tudo, e talvez nem pretendesse fazê-lo alguma hora. Seu pai parecia tão desinteressado em sua vida que se Luke confessasse ter transado com Clifford duas vezes naquele mesmo quarto, Andrew apenas arquearia as sobrancelhas e diria algo como "ele realmente pulou a janela do quarto?".

Andrew se inclinou para olhar para Michael novamente e dessa vez o garoto acenou para Hemmings.

"Ele realmente pulou a janela do quarto para vir até aqui?" Perguntou ainda sem olhar para o filho.

Previsível.

"Sim, pai, mas não se preocupe, ele nunca se machucou. E nem eu."

Andrew pousou seus olhos azuis nos do filho. "Você também já pulou a janela do quarto? Por acaso isso virou Romeu e Julieta?"

Luke quase riu. "Eu acabei de dizer que sim!" Ele passou a mão pelos cabelos. "O Nathan me pediu pra encontrar com ele."

"Sua mãe sabe disso?"

"Que o Nathan me pediu pra encontrar com ele?"

"Que tem um menino pulando a janela do seu quarto, Luke!"

O garoto revirou os olhos. "Um pouco, pai. Eu posso ir encontrar o Nathan?"

"Como assim um pouco?"

Dessa vez Luke sentiu a necessidade de rir, seu pai parecia ter um enorme ponto de interrogação acima de sua cabeça. O sorriso do menino logo se desfez quando Andrew cruzou os braços e o encarou de forma séria.

"Eu explico depois, tudo bem? Vou chamar a mamãe e tal... Agora eu posso ir?"

Andrew pareceu pensar por um momento e olhou para Michael rapidamente antes de assentir com a cabeça, finalmente saindo dali.

Luke suspirou e fechou a porta para se sentar ao lado de Michael novamente, que comentou:

"Que educado, ele nem me deu um oi."

Hemmings riu e o deu um selinho. "Você vai ter que se acostumar com isso. Mas agora você precisar pular a janela, Romeu, eu ainda tenho que me encontrar com o Nathan."

Clifford o olhou de forma engraçada. "Romeu?"

"Meu pai acabou de nos comparar a Romeu e Julieta, é óbvio que eu sou a Julieta e você o Romeu."

O alfa deu uma risada. "O que?"

Luke gesticulou com a mão e pegou seu celular de cima da cama para colocá-lo no bolso e se levantar, começando a se afastar do namorado e dizer antes de abrir a porta:

"Tchau, Michael."

"Eu vou te esperar aqui."

"Pode esperar, daqui a pouco minha mãe vai te chamar para o jantar, tá bom?"

-

Luke abraçou a si mesmo e praguejou por não ter levado um casaco. Ele estava no lugar dito por Nathan e começava a pensar que talvez não devesse estar fazendo aquilo, ele preferia simplesmente ignorar Dan pelo resto da vida do que passar por todo aquele drama exagerado de novela mexicana (ou Catfish, como Ashton dizia).

Por que Nathan precisava tanto que os dois se encontrassem, e ainda, a sós?

Quando o garoto de cabelos castanhos finalmente apareceu, Luke começou a sentir algo estranho, era quase como se ele estivesse nervoso, e ele nunca precisara se sentir daquela forma perto de seu primo.

Nathan se colocou na frente do loiro e sorriu, não podendo ao menos cumprimentá-lo já que o ômega logo o questionou:

"Cadê o Dan? Ou Zachary, eu não sei. Você me disse que o traria."

Nathan deu uma risada sem graça e colocou as mãos nos bolsos da calça, se levantando na ponta dos pés e voltando antes de dizer:

"Eu sou o Dan."