Halloween

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Boa noite meus lindinhos, bom, demorei mas comecei, eu espero que vocês gostem, estou meio sem tempo para escrever CONFESSO que sou culpada. Mas estarei aqui o mais rápido possível 💋

Los Angeles, 2016.

-Eliza... ELIZA! -No momento em que ouvi a voz invadindo meu sono eu levantei em um pulo.
-Porra Matt! Você quase me matou do coração, o que foi? -Digo passando as mãos nos meus olhos.
-Mal humorada... Sabe que dia é hoje? Sabe? -Ele dizia aos pulos em minha cama.
-Segunda-Feira? O único dia que eu não tenho aula e posso dormir ATÉ MAIS TARDE? -Matt revirou os olhos.
-Halloween, e pelo visto você já entrou no clima de bruxa. -Agora era eu quem revirava os olhos. Cubro a cabeça com a coberta. -JESSICA ELA NÃO QUER ACORDAR NÃO! -Disse Matt berrando.
-Eu não acredito que ela não quer acordar. -Dizia Jessica. Pronto, agora sim eu não teria paz de jeito nenhum mesmo.
-Ok ok!!! Estou levantando. -Disse tirando a coberta da cabeça.
-Anda logo que nós já estamos atrasados, e a culpa é sua. -Disse Matt, e fechou a porta. Ótimo agora eu teria que me trocar às pressas.
Tirei a roupa que dormia e entrei no banho, a água não estava das mais quentes, não reclamei por que estava calor. Talvez meu humor fosse péssimo mesmo pela manhã, talvez.
Sai do banho e me troquei, desci, Jessica e Matt estavam sentados na mesa. 
-Nossa Eliza eu podia jurar que você tinha descido pelo ralo. -Disse Jessica.
-Sério vocês não vão me dar paz? -Digo, vou até a cafeteira e encho minha caneca de café, só assim para eu acordar.
-Vamos primeiro atras das fantasias ou comprar a decoração? -Disse Matt.
-Eu ainda estou tentando entender o que está acontecendo. -Digo.
-Eliza é sempre a ultima a saber das coisas? Ok, vamos fazer uma festa aqui. -Disse Jessica.
-Como assim vai ter uma festa na minha própria casa, e eu sou a ultima a saber? Odeio vocês dois.
-Para de reclamar, e toma logo esse café para sairmos. -Disse Matt. Reviro os olhos.
Pego meu café, e saímos atras das coisas, primeiro fomos procurar a decoração, o clichê de Halloween, abóboras, morcegos, aranhas, o de sempre mesmo. Em seguida fomos no mercado e sinceramente achei que Matt fosse pegar todas as bebidas do estoque. E por último a fantasia, Matt ia de zumbi, Jessica de pirata, agora só faltava escolher a minha, nada me agradava, absolutamente nada, talvez meu humor estivesse colaborando nessa indecisão.
-Essa de Xena vai ficar linda em você Eliza para de graça. -Disse Jessica.
-Eliza sai logo desse armário, eu não aguento mais querer beijar todos seus boys.
-Vai se foder Matt.
-Essa fantasia vai ficar ótima, só falta uma bandeira gay para você. -Disse Matt, Jessica deu uma risada tão alta que foi impossível não rir.
-Ok, vai ser essa mesmo. -Digo. Pagamos a fantasia e voltamos para casa.
Olho meu celular tinha umas trezentas ligações de Maia. Puta que o pariu.
Maia era da minha sala, e estava dentro da apresentação final, que por acaso iria acontecer daqui um mês. Óbvio que com essa correria toda eu tinha me esquecido que eu precisava arrumar uma pianista URGENTE. Por que Rachel tinha dado o fora. Ligo para Maia.
-Maia? Você me ligou? -Digo, e jogo as coisas em cima da cama.
-Eliza! Eu achei que você tinha morrido.
-Exagerada, diz o que você quer.
-Lembra que eu te disse que minha prima toca piano?
-Quem? A bailarina? -Digo.
-Sim...
-Maia, sério eu preciso arrumar alguém que se comprometa em 100%, não dá para arrumar outra e cair fora no último dia como a Rachel, sem contar que sua prima é bailarina, tem que tocar muito bem piano para estar em uma apresentação né?
-Eliza, porra, ouve ela tocar primeiro, depois você diz qualquer coisa.
-Ok... vai ter uma festa aqui hoje, vem e traz ela, e vemos tudo isso.
-Festa?
-Sim, ideia do Matt óbvio.
-Ok, vou falar com ela, estaremos aí as 21h tá?
-Tá bom, te espero aqui. -Digo e desligo o celular.
-Matt!!! CORRE! -Disse Jessica na porta do meu quarto. -Eliza já marcou um encontro, acho que hoje vai.
-Que ideia de vocês! Que saco, essa aposta ridícula.
Matt e Jessica são meus melhores amigos desde que eu cheguei em Los Angeles, eles são da mesma faculdade que eu. Não dá mesma sala, faço música e eles e publicidade, mas por um acaso da vida nos conhecemos, e desde então dividimos a casa, moramos nos três juntos desde o começo da faculdade. Talvez me conhecem muito mais que minha própria mãe. Os dois fizeram uma aposta ridícula de que até o final do ano eu beijaria uma garota. Eu tinha acabado de fazer 27 anos e a única mulher que eu beijei na minha vida tinha sido Jessica, em uma festa que eu acabei bebendo demais, e acabamos dormindo juntas, tenho algumas poucas memórias daquela noite, não fazia questão nenhuma de me lembrar. Às vezes eu ficava com um garoto da faculdade, mas não era nada demais, minha vida já era corrida demais para eu arrumar alguém, nunca tive nenhum sonho de me casar, formar uma família, nada disso. Eu apenas queria viver minha vida, intensamente. E era o que eu fazia.
-Óbvio que ela vai se interessar por alguém, e você vai me pagar ainda. -Disse Matt debochando.
-Vai ligar para seus homens Matt, eu vou ser a única da Eliza.
-Parem de ser chatos e me deixe em paz. -Digo, Jessica revirou os olhos e saiu da porta, finalmente me deixando em paz, não por muito tempo. Contando que eu tive que descer para arrumar a casa.
Alguns amigos de Matt vieram para ajudar, logo acabamos de arrumar a casa, a bebida, as comidas, estava tudo pronto agora só faltava eu me arrumar.
Tomei um banho, passei uma maquiagem mais ou menos e coloquei a fantasia, não estava nem um pouco animada com a festa, talvez estivesse preocupada demais com a droga da apresentação. Peguei meu maço de cigarro e fui para a varanda, fumei dois, três cigarros, e senti uma imensa necessidade de beber alguma coisa.
Desci as escadas, e a casa já estava cheia, caralho de onde veio tanta gente? Acho que havia gente que eu nem conhecia, e nem fazia questão também. Fui para a cozinha, e o amigo de Matt havia preparado algumas bebidas e deixado sobre o balcão, peguei um copo e sai.
-Eliza! -Procurei rapidamente para avistar quem me chamava, era Richard irmão da Jessica. -Hey. -Ele havia se aproximado. -Que saudades. -Disse e me deu um abraço. -Você viu minha irmã?
-Não, eu acabei de descer, a essa altura ela já deve estar extremamente bêbada em algum canto da casa, ou pegando alguém. -Richard revirou os olhos. -Quer beber alguma coisa?
-Quero, mas prefiro algo mais forte, um cowboy talvez? -Fiz biquinho para ele e rimos. -Me acompanha Mis Taylor?
-Com certeza. -Digo e bebo toda a bebida que segurava.

Realmente a festa não estava das melhores, eu e Richard ficamos sentados, bebendo whisky e comentando sobre as fantasias clichês das pessoas.
-Por onde anda Lindsey? Estou sentindo falta dela nessa festa... -Digo.
-Ela ficou trabalhando até mais tarde, como você não ia hoje, ela ficou um pouco atarefada. -Disse Richard.
Eu, Richard e Lindsey trabalhávamos em uma imobiliária, o dono da empresa era nosso amigo Bob, trabalhávamos apenas meio período, por causa da faculdade.
-Liz!! -Ouço meu nome e me viro para olhar. Era uma Maia toda feliz vestida de Pucca???
-Hey Mai! Se junte a nós. -Digo e levanto o   whisky.
-Liz você sabe que minha praia é outra. -Diz Maia fazendo uma careta. -Enfim, essa é minha prima. -Disse Maia e puxou uma garota que estava atras dela, eu praticamente não percebi que havia outra pessoa ali. Quando ela saiu de trás da Maia, consegui ver sua roupa, ela estava com uma capa vermelha, não consegui decifrar qual era sua fantasia. Eu estava dando um gole no meu whisky, no momento em que a olhei, e é óbvio que eu engasguei. -Liz, Alycia. Alycia, Liz. -A garota estendeu a mão para pegar na minha, não sei por qual motivo mas senti minhas bochechas esquentarem no momento em que peguei em sua mão. "Pare de ser ridícula Eliza" meu subconsciente gritava em meus pensamentos.
-Prazer Eliza. -Disse. "Que voz linda, que rosto lindo, que cabelo impecável". Percebi que estava imóvel quando Richard resmungou do meu lado.
-Ah... sim, prazer Alycia. -Tiro o copo da boca e me arrumo na cadeira. Será que eu tinha dado muita brecha? "Claro que sim tonta". -Você... não me parece estranha... -Digo e tento vasculhar nas minhas memórias, da onde eu conhecia esse rosto, e como eu pude esquecer?
-Bom, talvez tenha sido da faculdade? -Respondeu Alycia.
-Só se for, por que Alycia não pisa o pé pra fora de casa, tem noção do quanto foi difícil arrastar ela pra cá? -Disse Maia. Alycia se virou para ela com um olhar de "eu vou te matar". -Você quer que ela toque agora Eliza? -Eu quase engasguei novamente, na verdade eu tinha me esquecido completamente o que Alycia tinha vindo fazer aqui, mas simplesmente não dava agora, a música tava extremamente alta, e tinha mais gente do que eu havia imaginado.
-Vão curtir a festa, mais tarde quando as pessoas forem embora... pode ser? Ou vocês voltam amanhã... -Um calafrio percorreu minha espinha.
-Por mim tudo bem. -Disse Alycia antes mesmo de eu terminar de falar, Maia olhava para ela meio sem entender.
-Okay... Vem Aly, vou te apresentar para alguns garotos. -Disse Maia e a puxou, deixando eu e Richard sozinhos novamente.
-Taylor, Taylor, quer se explicar agora, ou serei obrigado a ler seus pensamentos? -Richard me olhava com uma cara bizarra de quem tinha sacado tudo.
-O que? Ela se dispôs a tocar na apresentação, nada demais... -Digo tentando, apenas tentando fingir.
-Sério Eliza? Se eu estivesse na minha casa, eu sentiria a tensão que rolou aqui, sério mesmo, limpa sua boca que tá escorrendo baba. -Disse Richard e começou a rir.
-Cala boca, não aconteceu nada.

Ficamos um tempo quietos observando o movimento, na verdade eu já estava ficando bêbada, com a quantidade de whisky que estava tomando. Chegou uns amigos de Richard e eu aproveitei para sair, fui para os fundos, perto da piscina. A casa tinha uma ótima visão, dava para ver a cidade inteira acesa, e era uma das imagens que eu mais gostava de ver. Peguei meu cinzeiro, tirei os sapatos e coloquei os pés dentro da piscina, acendi um cigarro, eu só queria relaxar, talvez o álcool tivesse realmente fazendo efeito agora, já que sentia que tudo estava girando.
-Posso te fazer companhia? -Disse uma voz doce, a porra... Não era possível. Olhei para trás, me certificando de quem era. Sim ela, Alycia, até seu nome era lindo. Fiz que sim com a cabeça. -Então, você toca violino? -Disse Alycia, tirando os sapatos e se sentando ao meu lado na beira da piscina.
-Sim... Violino e violão, mas violão é mais pessoal, eu também canto, algumas musicas. -Digo meio envergonhada, talvez tenha dito mais do que ela havia perguntado, mas essa altura eu não queria mais saber de nada.
-Hum, entendo. Aprendi tocar piano, para agradar meus pais, mas sempre gostei de balé. -Ela dizia com uma leveza, eu poderia escutar a voz dela horas e horas. -Tá tudo bem? -Ela disse e sorriu. Óbvio eu estava de novo com cara de boba a encarando.
-É... -Sorrio. -Está sim, talvez eu tenha bebido demais... enfim, você poderia tocar para mim. -Digo e trago meu cigarro.
-Se você quiser, eu posso tocar agora... -Porra, meu coração disparou. Isso quase pareceu um flerte? Ou eu estava bêbada demais e entendendo tudo errado? Engoli seco e arrisquei olhar nos seus olhos para ter certeza. Sua boca estava entreaberta, seus lábios eram tão bonitos, e parecia ser tão macios. Nossos olhares se cruzaram, seus olhos brilhavam, apesar de estar escuro, eu podia enxergar o quão lindo era a cor de seus olhos.
-Alycia! -Disse Maia me tirando de um transe. Talvez eu e Alycia estivéssemos perto demais. -Eu te procurei por todo lado, eu preciso ir embora.
-Sim Maia, vamos. -Disse Alycia olhando para trás. -Até amanhã Eliza?
-Até amanhã Alycia. -Digo e ela sorriu para mim, sorri de volta para ela. Se levantou, pegou seus sapatos e foi embora.

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