Chegada

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Pov Alycia

Já tinha acabado de guardar minhas coisas, coloquei no guarda-roupas que tinha no quarto, deixei um espaço para Eliza guardar as dela.

Ela estava dormindo, aparentemente profundamente, dava para notar no jeito que respirava...talvez estivesse bem cansada, já que tinha saído na noite anterior, e eu simplesmente não a deixei dormir no avião.

Pelo meu surto de medo claro...

"-Aconteceu alguma coisa? Sua cara está péssima. -Disse Eliza, minutos antes de decolar.

-Bom, eu não te avisei, mas estou dizendo agora...eu tenho verdadeiro pavor de avião, mas em principal, quando ele vai decolar. -Senti minhas bochechas queimarem, no momento em que Eliza começou a rir. Parecia que tinha milhões de borboletas no meu estômago, e algo impedindo que minha respiração fosse calma, e tranquila.

-Alycia, calma, respira! -Disse Eliza.

Eu agarrei sua mão, e fechei os olhos, em segundos, o avião tinha deixado o chão. Meu coração estava palpitando tanto, que pensei que fosse sair pela boca.

-Você quer uma água? -Perguntou Eliza, tão calma...

-Não... eu estou bem... -Digo e tento soltar minha mão da dela, apertei tão forte que aparentemente, prendi o sangue, de tão vermelha que estava. -Meu deus me desculpa. -Eliza sorriu.

-Está tudo bem..."

Vou até a janela do quarto, e a fecho bem devagar, para não fazer nenhum ruído que possa acordar.

Olho para cama, e Eliza ocupava quase que inteira. Talvez fosse estranho o momento que NOS DUAS, tivermos que dormir. Já que o hotel cometeu um erro, e disponibilizou apenas UMA cama de casal. Dou risada ao lembrar.

"Subimos as escadas, depois de ter feito o check in no hotel. Eliza abriu o quarto e tcharam! Surpresa! Apenas uma cama. Ela analisou primeiro, e em seguida descemos novamente na recepção.

-Não era esse quarto que estava na reserva. -Disse Eliza, um pouco ríspida com a recepcionista...

A moça não disse nada, verificou em seu sistema, e em seguida chamou alguém, possivelmente o gerente.

-Senhorita, peço perdão pelo transtorno. Houve realmente um erro, mas os quartos, cujo foi reservado, estão ocupados.

-Eu não quero saber, vocês têm que dar um jeito. -Agora sim Eliza estava realmente nervosa. Seu rosto começou a ficar vermelho.

O rapaz abaixou o olhar.

-Tem um quarto que irá esvaziar na quinta (depois de amanhã), posso te transferir para ele, assim que possível. E como cortesia, vocês duas estão convidadas a festa que terá na quarta à noite, com tudo incluso. Combinado? -Disse o rapaz, extremamente calmo.

Eliza mordeu a boca, e concordou. "

E cá estamos, iremos dormir na mesma cama, juntas, por duas noites.

A todo momento eu sentia que Eliza tinha algo para me dizer, que talvez ela quisesse conversar sobre o beijo que me deu o dia da apresentação, talvez ela tivesse receio, de falar tudo o que tem vontade.

Como já havia terminado de guardar minhas coisas, peguei minha chave, e desci para o salão principal.

Havia uma vista maravilhosa. Me sentei em uma das cadeiras, e pedi uma água com gás. Fiquei observando, sozinha. Apesar de estar frio, o sol que batia era extremamente aconchegante.

-Posso me sentar? –Uma voz suave, atrás de mim, me virei parar ver, era Eliza.

-Você já acordou...descansou pelo menos? Tentei não fazer tanto barulho, mas acho que acabei fazendo. –Digo.

-Não! Não foi sua culpa, hora que acordei você já não estava mais no quarto. –Disse Eliza.

Esbocei um sorriso de canto de boca, parecendo "aliviada". Ficamos olhando a paisagem, e fez um grande silencio.

-Já decidiu o que vai fazer, agora que sua faculdade terminou? –Digo quebrando o silêncio. Eliza pressionou os lábios, como se estivesse pensando.

-Bom, eu penso em trabalhar em alguma escola de música, eu gosto muito de crianças. Talvez dar aula...mas teria que fazer alguma especialização...não sei, e você?

-Falta mais um ano para eu terminar a faculdade. Mas eu venho pensando fazem alguns anos, em abrir uma escola de artes. Com apresentações musicais, teatro, dança...é o que realmente me chama atenção. –Digo.

-Acredito que esse seja o sonho de todo mundo que se forma né? O grande sonho. Você está pensando em buscar parcerias para manter a escola? –Disse Eliza. Comecei a rir, e senti que Eliza ficou vermelha. –Eu disse alguma coisa que não deveria ter dito?

-Não, desculpa...eu vou abrir a escola sozinha.

-Como? –Disse Eliza, franzindo a sobrancelha.

-Quando eu decidi sair da casa dos meus pais, o meu pai me deu uma quantia de dinheiro, que na época era um valor um pouco absurdo para mim. Então eu peguei parte dessa quantia, e investi na bolsa de valores, e tive muita sorte...digamos que ele tenha aumentado em 100x. –Digo, e em seguida olho para Eliza. Ela estava literalmente de boca aberta. Sorrio.

-Ual. –Ela fez uma pausa e sorriu. –Parece surreal...mas enfim, por que você ainda não realizou seu sonho? De abrir a escola.

-Estou esperando o momento certo. São poucas pessoas que sabem disso, minha mãe mesmo, não faz ideia.

-Vocês não têm contato? –Perguntou Eliza.

Suspirei.

-Não, muito raro nós nos falarmos. –Digo. –Eu ainda guardo magoas do que ela fez para mim, na verdade por não ter me ajudado, quando ela era a única pessoa que eu tinha. –Digo e abaixo a cabeça.

-Sinto muito....

-Passado. Agora vamos falar de coisas boas, comprei para gente um passeio de barco amanhã! –Digo animada. Eliza colocou as mãos na boca espantada.

-Não acredito! Que maravilha, mas não precisava...

-Claro que precisava, primeiro que você me deu um presente, e eu precisava retribuir, não a altura...mas acredito que será bom...

Digo sorrindo, Eliza me olhou meio desconfiada, pressionando os olhos e em seguida abriu um sorriso.

-Tenho certeza.    

This Side Of ParadiseWhere stories live. Discover now