Capítulo 4

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POR JEAN

Me movo para o balcão de um dos mais renomados bares de Paris, O'Sullivans consegue me oferecer a melhor bebida e uma tranquilidade surreal. O barman assim que me vê já coloca um copo de whisky na minha frente, entorno o Jack Daniel's rápido e ele sai arrastando em minha garganta. Nada como uma bebida para deixar meus pensamentos em ordem.

Ella Fitzgerald toca ao fundo, e sua voz melancólica é um lembrete das mortes que carrego nos ombros.

Nascer em um berço fadado a sangue é o que muitos dos meus irmãos da máfia chamam de presente; nasci em uma família não tradicional e desde cedo aprendi tudo para meu benefício próprio; aprendi a atirar a longa distancia, logo cedo, e enquanto as crianças brincavam eu aprendia a me defender.

No dia em que minha mãe morreu por uma emboscada da família rival, não me permitir chorar, nem podia pensar nessa possibilidade. Meu pai, o chefão de tudo, a olhou inércia no chão e não fez nada, apenas pediu para os capangas tirarem o corpo dela do chão. Não lembro do seu rosto; a vejo em fotos, mas não a reconheço emocionalmente, é como se ela não tivesse existido.

Fui ensinado a não ter piedade, mas ás vezes, só ás vezes, eu sinto falta da criança que era colocada pra dormir com carinho, em momentos raros eu desejo sentir algo além do desejo de sangue.

Caçar e matar é o que faço de melhor, um tiro certeiro sempre resolve. Como foi o caso de hoje. Fui designado a um homem que meu pai queria morto, imediatamente peguei minhas coisas, as coloquei no carro e fui efetuar a ordem. Quando eu o vi caído no chão na sua própria poça de sangue, eu não me importei, não movi um músculo do rosto, apenas fiquei o olhando perder a respiração; e quando tive a certeza da sua morte, virei as costas e sai.

Olho ao redor do bar, aqui sou apenas um homem tomando sua bebida, talvez alguns deles desconfiam do meu trabalho, mas poucos tem a coragem de falar em alta voz. A família Barot é temida em todas os quatro cantos de Paris e talvez eu não seja tão invisível quanto penso aqui.

Meu pai atua em todos os lados, armas, drogas, clubes de apostas; ele é o chefe de tudo e mantém tudo na linha. Ele tem políticos e detetives do F.B.I. em suas mãos e em todo lugar ele tem alguém que ama mais o dinheiro do que a profissão. A família rival que matou minha mãe foi aniquilada, membro por membro encontrou o diabo mais cedo, não sei se foi por vingança ou por ego ferido, já que eles entraram em sua casa, conseguiram passar pelos portões vigiados dia e noite e Raul Barot não é o homem que gosta de ser desafiado ou enganado.

Aperto o copo em minhas mãos quando sinto o celular vibrar em meu bolso.

- Fala - Peço a pessoa do outro lado que me ensinou tudo que sei.

-Preciso de você aqui, cassino central, venha logo - Meu pai fala rápido não me dando a chance de perguntar o que houve, desligando em seguida.

Bebo o resto da minha bebida; deixo o dinheiro em cima do balcão e saio do bar indo em direção ao meu carro. Se meu pai recorreu a mim, algo aconteceu.

****

Chego ao cassino central em alguns minutos, no salão as coisas transcorrem normalmente, então caminho devagar para não levantar suspeitas em direção a sala dele.

Bato na porta do escritório e autorização vem logo em seguida. Mesmo sendo seu filho, Raul sempre me obrigou a bater antes de entrar, ele não gosta de ser interrompido. Assim que entro na sala percebo duas coisas incomuns de acontecer por aqui; primeiro meu pai está andando de um lado para o outro parecendo um leão enjaulado que não come a dias, segundo a tropa que sempre o acompanha não está na sala, o único ao seu lado é Oliver e um homem desmaiado todo machucado no chão.

Rosas De Sangue | Retorno Em BreveOnde histórias criam vida. Descubra agora