Capítulo 14

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BÔNUS SOPHIE

Minha vida poderia ser um conto de fadas, ou quase isso.

Tive pais maravilhosos, eles me educaram com todo o carinho possível. Fui amada além da conta por eles e quando os perdi me vi sem rumo e sozinha no mundo, mas aí olhei com cuidado para meu lado e vi que não estava literalmente sozinha.

Alícia era e sempre foi minha irmã de mãe diferente, ela soube o que estava passando comigo por que ela tinha perdido a mãe a pouco tempo. Ela me apoiou e vi sendo cercada de amor mais uma vez. Alícia é uma amiga extraordinária, ela sempre estava do meu lado nas minhas decisões e eu tentava fazer o mesmo por ela, mesmo agora, que desconfio que haja algo errado acontecendo, eu não a pressiono, sei que logo ela me contará.

Nossa vida é a mais simples possível.

Estudamos o mesmo curso, na mesma faculdade e sempre estamos apoiando uma a outra, já que somos só nos duas; tem o pai dela, mas ele dá mais trabalho do que soluções.

Alícia viajou e voltou totalmente diferente. Não sei explicar o que está acontecendo, mas sei que tem algo a ver com Jean, tentei arrancar algo dela, mas Alícia permanceu um túmulo. Será que ela tem medo de me contar que transou com ele, pelo simples fato dele ser nosso reitor? Balanço a cabeça afastando esse absurdo, ela não esconderia isso.

Acho bem estranho a forma como Jean a encara na sala, parece que tudo é culpa dela, mas as vezes, quando ninguém está olhando ele a encara com carinho, são bem raras, mas uma vez ou outra acontece. Os dois são piores que cães e gatos juntos, acho que até os animais mais ferozes e de cadeias alimentares diferentes se dão melhor do que eles. E eu não entendo, acho que ninguém realmente entende. Alícia mudou como aluna, ela se dava muito bem com o nosso professor antigo e estava sempre sorrindo quando tínhamos um projeto novo envolvendo os pinceis; achei estranho a escolha dela do trabalho livre que Jean nos passou, por que era sombrio e lindo, o que não é nenhuma surpresa, Alícia ama o que faz e faz tudo bem feito.

Então imagina o susto quando ela me disse que tomaria um tempo pra tentar se reencontrar, no começo achei que o tempo duraria no máximo um dia, mas quando vi que ela mudou o horário do estágio, e que não estava preocupada para voltar a sala de aula, percebi que as palavras de Jean para com ela a feriram mais do que Alícia deixou transparecer.

Tentei faze-la mudar de ideia, porque arte é a vida dela, mas claro, não tive sucesso.

Ela voltou a fazer o curso de fotografia com mais garra do que antes, antes ela ia uma vez por semana, por causa da faculdade e do estágio, mas passou a ir todos os dias a tarde, enquanto eu estava no trabalho.

Outra coisa que mudou, foi o fato dela vir morar comigo, já que quando a convidava, ela dizia que preferia morar com o pai para ele não ficar sozinho na casa grande; ela também está preocupada com ele, já que o infeliz sumiu no mapa sem deixar nem sequer um bilhete.

Por mais que eu ame Alícia, e a mãe dela que foi um grande exemplo de mulher; eu não posso dizer o mesmo de Pierre, ele é complicado, frio e calculista, ele não se importa com a filha, já perdi as contas de quantas vezes Alícia ia buscá-lo no bar, porque ele por si só não conseguia nem andar. Minha amiga não merece esse encosto.

Mas, enfim, todos temos que carregar uma cruz.

-Jean perguntou de você hoje, ele pediu para você voltar - Digo olhando Alícia que abandona o livro que estava lendo, se virando para mim.

-Estou bem como estou - Ela diz depois de recuperar o susto inicial.

-Hoje teve uma prova surpresa; e ele te procura todos os dias na sala.

-Ele me procura pra descontar a raiva dele, isso sim - Ela enfatiza sua opinião.

-Olha, Alícia, talvez você devesse voltar, seus estudos são mais importantes do que qualquer coisa - Mostro meu ponto.

-Não sei Sophie, amo artes, mas parece que as coisas saíram dos eixos, estou esgotada e preciso de calma, não de um reitor maluco que tira minha paciência.

-Talvez ele esteja arrependido - Tento mais uma vez.

Alícia me olha com a sobrancelha erguida em questionamento.

-Você acredita mesmo nisso? - Ela pergunta.

Não respondo nada, por que nem eu acredito que Jean possa estar arrependido das palavras que a lhe disse.

-Ok então - A respondo.

Lembro do homem que apareceu na hora da prova, pelo jeito que conversava com Jean, era amigo dele ou pela aparência poderiam ser até irmãos.

Alto, loiro, olhos azuis com uma barba cerrada e um sorriso de molhar calcinhas, essa era a definição dele. Não sei seu nome, mais pensei em perguntar para Jean, mas acho que daria muito na cara, então deixei para lá.

-O que aconteceu? - Alícia pergunta me tirando do meu devaneio.

-Nada.

-Sophie Louis, eu te conheço, você está agitada e sorri como se tivesse encontrado o Ian Somerhalder.

-Não foi ele - Respondo com certo pesar a voz, adoraria conhece-lo, só assim eu provaria que podia ser muito melhor do que sua esposa, vulgo Nikki Reed.

- Acho que estou apaixonada - Confesso logo.

Alícia não me olha com surpresa, acho que toda semana digo que estou apaixonada, então ela já se acostumou as minhas paixões passageiras.

-Quem ele é? - Ela pergunta curiosa, já que não falei de ninguém.

-Eu não sei o nome dele, ele foi na sala na hora da prova conversar com Jean, ele é lindo Lícia - A chamo pelo apelido que dei a ela quando erámos crianças.

-Se é amigo do Jean, é bom você começar a procurar uma armadura, por causa das patadas - Alícia diz brincando.

-Ele não parece ser assim, ele sorri de um jeito único - Digo sonhadora, lembrando das suas covinhas.

-Vai com calma Sophie, você nem mesmo o conhece - Alícia me traz de volta a realidade - Toda semana você conhece o amor da sua vida, então só vai com calma.

Balanço a cabeça concordando, infelizmente minha vida amorosa é fiasco total.

Cresci vendo meus pais se amando e se respeitando mutualmente, então enquanto crescia, eu só desejava ter um amor como o deles, então sim, eu mergulho de cabeça em cada encontro que tenho. Não consigo fazer diferente.

Me iludo? Com certeza.

Me engano? Sim.

Desisto? Não.

Em algum lugar desse vasto mundo hei de encontrar aquele cara perfeito para mim. Esperança é última que morre.

Rosas De Sangue | Retorno Em BreveOnde histórias criam vida. Descubra agora