Old Dogs

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6 de Abril, 2060.

- Boa noite, Senhor! Muito obrigado pelo desconto! Tome cuidado, as ruas tão perigosas. – Seu último cliente foi embora.

Noite normal em Lower City. Teve um dia tranquilo na medida do possível, apenas uma tentativa de assalto frustrada, conseguiu pegar seu revólver de baixo do balcão e colocar o bandido pra correr. Sua loja de antiguidades era seu bem mais valioso, deixado pelo seu pai que havia falecido há alguns anos. Espaçosa e cheia de prateleiras no meio como em um supermercado, preenchidas com fitas cassetes, CD's, discos de vinil, relógios de ponteiro, televisões de tubo e filmes clássicos. Se sentia uma criança lá dentro, todos os dias limpava os produtos e os deixava mais atraentes para o cliente. Haviam muitos colecionadores de antiguidades, principalmente de filmes que se perderam na internet e você não encontra muitas cópias físicas.

Em baixo de seu balcão todo de madeira tinha o pequeno painel digital que controla o letreiro de neon da vitrine. Feito de vidro, suas placas de circuito ficavam dentro da madeira, iluminado por cores azuis com vários botões como "on/off" e regulagem da intensidade da luz. Pressionou para desligar. Em seguida pegou o controle de sua televisão antiga para desligá-la, de tubo como as expostas para venda, igualmente antigo.

Escutou o barulho de um tiro vindo de longe, ignorou porque era comum, seus vidros resistiriam à algumas balas caso se desviassem. E então ele escutou outro barulho, de motores, não dos carros que sempre passavam nas ruas silenciosos, esses eram mais barulhentos. Subindo na calçada o senhor avistou motos, passando como se fosse o meio da rua e parando ali mesmo, na frente de sua loja. Seis motos no total, montados nelas rapazes jovens, mal vestidos com suas jaquetas e calças jeans rasgadas em vários pontos. Uma das motos era diferente das demais, anti-gravitacional, essa parou flutuando bem na frente de sua porta. O rapaz que desceu dessa foi o único usando capacete, retirou o mesmo e colocou apoiado no guidão, sua moto ainda flutuava. Exibindo grandes cabelos brancos até o ombro. Abriu a porta da loja e entrou, com seu grupo de 5 seguindo logo atrás.

- Você tem um lugar legal aqui. – O líder olhou de um lado para o outro entre as prateleiras. O senhor se preparou para colocar a mão em seu revólver de baixo do balcão.

- Esse monte de velharia só serve pra uma coisa – Disse um rapaz ao lado do líder usando uma camisa preta com uma estampa de caveira verde escura e um óculos com as lentes na mesma cor. – Quebrar. – Pegou uma TV que estava próxima a ele e arremessou no chão com força. Sua tela se estraçalhou e grande parte das peças internas também.

Nessa hora o Senhor sacou seu revólver, e nessa hora o mesmo não tinha percebido que o líder de cabelos brancos sacou sua arma antes. Levou um tiro no braço, largou o revólver e se abaixou atrás do balcão.

- Peguem o que quiserem! Eu tenho dinheiro! – Gritou com desespero.

- Ah, mas nós iremos pegar. – O líder pulou por cima do balcão segurando sua Desert Eagle cromada. – Não se preocupe com sua vida, você precisa viver pra contar o que viu acontecer hoje aqui. – Conseguia ouvir o som de sua loja sendo destruída, suas prateleiras caindo e todo seu trabalho indo para o ralo. Levou dois tiros, um em cada perna, gritou de dor.

- Silent! Pegue todo dinheiro eletrônico deste bom senhor. Seja rápido! – Outro rapaz pulou por cima do balcão. Esse usava um lenço preto para cobrir sua boca. Retirou de sua mochila um pequeno tablet junto de um cabo que conectou no computador que o velho tinha na parte de baixo do balcão, deixá-lo em cima iria atrapalhar a estética retro. Começou a invadir o sistema fraco daquela loja. – Espalhe a palavra, senhor! Os Cães Velhos estão com fome! – Tudo que o Senhor conseguiu ver foi a coronha da Desert Eagle antes de desmaiar.

Selva de Aço e ConcretoOnde histórias criam vida. Descubra agora