Dante: Parte I

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10 de Fevereiro, 2067.

Dante acordou em uma manhã qualquer, bem disposto e cheio de energias como sempre. Tomou um banho, seu café da manhã e foi correr na esteira de frente para a janela. O brilho do sol pelo enorme lago em frente ao seu prédio dava uma visão magnífica pelas manhãs, mesmo sabendo que o sol se tratava de uma cópia holográfica muito bem feita, nunca se incomodou com isso. O prédio tinha o formato de uma parábola gigante com concâvidade para baixo, seu apartamento se localizava no meio.

Repousou seus braços de aço sob a esteira e descansou um pouco, o azul bem escuro deles lhe agradou desde o dia que instalou esses dois implantes. Custaram caro, mas valeu cada centavo. Em Upper City qualquer um poderia sair nas ruas tranquilo sem medo de ninguém arrancar seus braços por uns trocados e um punhado de drogas.

Aparou os lados de sua barba, não gostava nem muito grande nem muito pequeno, sem chamar muita atenção e sem perder o charme para caras comuns. Escolheu seu melhor terno, sua maior dúvida todas as manhãs era: gravata vermelha, azul ou prata? Escolheu a vermelha.

Ser cumprimentado pelas moças que encontrava nos corredores virou rotina, sempre respondendo com um pequeno sorriso e aceno com a cabeça. Abriu a porta de seu carro anti-gravitacional e partiu à caminho do escritório.

O prédio em que trabalhava possuía uma forma pirâmidal gigantesca, ocupando milhares e milhares de quarteirões, havia um distrito inteiro lá dentro, o prédio pertencia ao que se chamava de Mega-Corporações, as maiores das maiores, donas da cidade e do mundo.

No alto, letras holográficas gigantes escrito Vasser Technology Unlimited em vermelho, poderia ser enxergado de kilômetros de distância se não fossem os enormes prédios em sua frente por todos os lados. Empresa de tecnologia de todos os tipos, exceto a biomecânica como seus braços cibernéticos. Seus maiores produtos eram computadores e celulares, porém seu alcance ia muito mais longe do que isso. Seu nome no entanto nunca esteve estampado em seus produtos, a Vasser se tornou dona de outras mega-corporações como a Sony e Samsung, fazendo delas suas corporações vassalas e lucrando trilhões em cima das duas, permitindo que suas marcas não morram no mercado. Não importa qual as pessoas comprem, no final das contas todo dinheiro vai para a VTU.

- Bom dia, Sr. Stanford. – Ele disse com seu bom humor calmo de todas as manhãs. – Estarei no meu escritório hoje, se precisar de qualquer coisa basta ligar.

O escritório de Dante parecia uma extensão de sua própria casa, mobília parecida, um pequeno guarda roupa com ternos reservas, e sua grande mesa de madeira revestida em branco com detalhes dourados pelos lados. Ao se aproximar, em seu centro havia uma espécie de esfera branca afundada na mesa, uma luz de cor azulada piscou e em seguida tomou a forma de um monitor de computador holográfico acima de sua mesa.

- Bem-vindo Senhor Dante Dering. Tenha um bom dia. – Disse a voz feminina saindo da esfera.

- Obrigado, Ellena. Novas mensagens? Sabe que nunca leio chatices do trabalho em casa. – Sentou-se na cadeira em frente a mesa, com uma enorme janela de vista para os grandiosos jardins nos topos dos prédios, virou-se em direção a ela para encarar o esplendor que a tecnologia avançada lhes proporcionava. Algo que não parecia enjoar ou se acostumar nunca.

- 15 e-mails não lidos. 5 importantes, os outros joguei em sua caixa de spam para evitar seu desconforto. Em ordem de importância: Primeiro, enviado pelo Senhor Lenard Stanford. Segu—

- Pare aí, Ellena. Leia o e-mail de Senhor Stanford. – Lenard Stanford era o mais próximo de um chefe que Dante tinha, a corporação não possuia um presidente, e sim um outro conglomerado de homens podersoso que comandavam todas as cordas, o topo da pirâmide.

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