Dante: Parte II

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Antes de sair deu um breve aperto de mão em Flannagan para certificar sua educação e postura. No terraço de um prédio aberto e vazio começou a analisar as reações dele gravadas pela micro-câmera em suas lentes. Durante toda a conversa ele esboçou um nervosismo tremendo que ficou difícil de esconder até mesmo para um advogado extremamente competente como ele. E em nenhuma gravação conseguiu encontrar o rosto de sua filha. Aparentemente isso já tinha se tornado um assunto frequente nas redes sociais: "Porquê a filha de Billy Flan não mostra mais o rosto?" E há poucos dias ele respondeu que isso se dá por conta de uma doença de pele rara, não especificou nada.

Retirou uma luva transparente de sua mão direita metálica, feita justamente para parecer que não está ali. Usou ela para capturar as impressões digitais de Flannagan em seu aperto de mão.

Com mais 3 dias sobrando não haviam muitas opções para Dante, entrou em seu carro e partiu em direção ao apartamento de Flannagan. Usou um dos túneis das vias aéreas semi automáticas que impulsionavam sua velocidade e controlavam os carros moderadamente para não baterem uns nos outros com facilidade e depois de 30 minutos chegou próximo ao apartamento.

O SG, também conhecido como Sky Garden era um famoso prédio de Upper City por ter toda sua estrutura cercada por árvores do início ao fim. Do alto ainda voando em seu carro Dante enxergou o que parecia ser uma floresta no saguão de entrada, verde e repleta de árvores altas que alcançavam até os primeiros andares. O verde só continuou quando subiu os olhos para ver que o edifício era coberto por uma enorme relva em suas paredes de fora, com um majestoso jardim no topo que seria o terraço. Suas opiniões à respeito do caso ambientalista foram postas à dúvida constante nesse momento.

Pousou seu carro no estacionamento checando se o de Flannagan estava por perto. Sem sinal dele, o horário estava correto e ele não devia estar em casa. Desceu do veículo e foi em direção a portaria calmamente. A única parte que destoou do resto do edifício sem ser o interior foi a portaria com um belo portão de aço alto protegendo seu belo jardim. Havia um pequeno monitor e um scanner logo em baixo.

Suas lentes automaticamente ativaram seus sinais disruptivos em conjunto com seus implantes cerebrais e fizeram seu rosto se tornar um borrão para as câmeras. Passou a impressão digital de Flan no scanner pequeno e o portão se abriu. Executivos nesses dias sempre utilizam dessas luvas para evitar ocorridos como esses, mas Flannagan realmente pareceu descuidado.

Não tinha muito tempo, em poucas horas o advogado  voltaria. Correu para dentro do elevador panorâmico e apertou o 53. Subiu depressa até o andar desejado. Um corredor largo bem diferente dos padrões de seu prédio recebeu ele ao descer do elevador. Caminhou no chão coberto de carpete marrom até a porta de número 5005. Para não surgirem suspeitas antes de subir Dante nocauteou o segurança na sala de vigilância e colocou as gravações para fazerem um loop de 20 minutos que não causaria anomalias no sistema.

A parte mais complicada chegou agora, as portas de apartamento não possuíam suporte para impressões digitais, apenas scan de retina, senha de números ou o próprio cartão magnético do apartamento. Sem escolha Dante pegou um cartão magnético todo preto de seu sobretudo que se tratava de um poderoso software que abria fechaduras digitais como essa. Uma vez usado ele se deletava automaticamente, cada unidade custa cerca de duzentos mil dólares no mercado negro, ele possuía 3 unidades contando com essa.

A porta se abriu com o giro da fechadura magnética  destrancada, lentamente Dante empurrou. O apartamento de Flannagan já começava na cozinha, bem arrumada e espaçosa, a única divisão dela para a sala era um balcão com prateleiras em cima repleta de pratos. Ignorou este detalhe e seguiu adiante. Admirou a sala invejável por poucos segundos antes de continuar à vasculhar a casa por qualquer coisa relevante. Seus e-mails era o primeiro lugar que tinha vontade de checar.

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