Dead Dogs

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6 de abril, 2060

- Atenção, cidadãos! Hoje está sendo uma noite violenta, três policiais foram mortos em trocas de tiros com uma gangue de motoqueiros. Seis suspeitos foram identificados portando armamento pesado em cima de motos durante uma fuga. Qualquer informação que possa ajudar, a polícia pagará com uma recompensa! A gangue também é suspeita de um assal... - E desligou a TV.

- Eu não aguento mais essa cidade, Marye! Nós poderíamos assistir notícias desse tipo por 24 horas se quiséssemos! Não há outra coisa em que se fala além dessa maldita guerra. - O rapaz de aparência comum na casa dos 30 anos de idade sentou em seu sofá encarando a tela preta da TV.

- É a vida que nos coube, Schrader! Não há outra alternativa à não ser esperar e continuar normalmente...- Sua esposa levemente chateada se sentou no mesmo sofá.

- Até o dia em que eu ou você não chegar do trabalho em casa por culpa desses marginais...Que se dane! - Ele levantou com firmeza no seu olhar. - Eu vou ligar para minha mãe agora! Vamos voltar a morar no Brasil.

Pegou seu celular e foi para a janela, começou a procurar o contato de sua mãe enquanto repousava. Antes que pudesse realizar a chamada, escutou do fim da rua o alto som de motores rugindo, se aproximando. Virou sua cabeça procurando saber de onde vinha, e do horizonte não muito distante começou a surgir motos em alta velocidade. Contou duas fileiras de três motos uma ao lado da outra.

- Marye! Acho que vamos conseguir algum dinheiro! - E ligou para a polícia.

O vento batia com força contra o capacete do Pai que andava em alta velocidade junto dos outros Cães. Haviam acabado de saquear uma carga de armamento pesado e a polícia foi acionada na mesma hora, mas o Pai com suas habilidades militares conseguiu derrubar duas viaturas policiais e ganhar tempo para eles fugirem.

Os Cães estavam utilizando de seus atalhos mais conhecidos para evitar os policiais e até agora deu certo, se guiando principalmente pelo barulho das sirenes e a movimentação das ruas. Separados em duas fileiras, Coyote liderava a segunda logo ao lado do Pai, que tinha um fuzil de assalto preso em suas costas por uma bandoleira.

- Eu escuto sirenes vindo da direção do próximo quarteirão! Sugiro entrarmos no beco perto da Avenida Keney! - Gritou Coyote para seu líder, que olhou para ele e assentiu com a cabeça por trás do capacete e virou bruscamente sua moto para curvar à esquina, todos os outros cinco fizeram a mesma manobra com destreza e sincronia.

Não demorou muito para chegarem em um largo e escuro beco perto da avenida que ocorreu o primeiro confronto da noite, pararam por um momento.

- Precisamos traçar uma rota pra escaparmos sem mais confrontos com a polícia, podemos não dar a mesma sorte de novo - O Pai retirou o capacete - Che, prepare os explosivos. Silent, embaralhe o sinal de comunicação deles, Sombra e Coyote andem pelos arredores e procurem um bom caminho para nós!

Coyote se animou com a ideia, sempre preferiu andar sozinho, sua habilidade como piloto superavam as do Pai, e sua moto só não era mais veloz que a do mesmo por conta de ainda usar pneus. Não perdeu tempo e acelerou para fora do beco, Sombra acompanhou ele até cada um virar para lados opostos da rua.

Não demorou muito tempo para a primeira viatura aparecer flutuando em sua frente.

- Não venham na minha direção, achei uma aqui! Vou despistá-los! - Gritou no comunicador, acelerando com toda potência de seu motor. A viatura estava logo atrás dele, e ele conseguiu escutar o som de sua metralhadora saindo de baixo do carro, pronta para fuzilar ele. Olhou por cima do ombro e observou o carro anti-gravidade, confirmou suas suspeitas e seu coração acelerou igual suas rodas.

Selva de Aço e ConcretoOnde histórias criam vida. Descubra agora