Amor Proibido

Capítulo 48

Acordei com uma dor de cabeça enorme. Estava deitada em uma cama, no mesmo hospital. Estava de noite.

Me levantei rapidamente, e fico tonta por uns minutos. Quando consigo por os pés no chão com firmeza, o único dos meus pensamentos se reúnem em centenas de palavras.

Eu não conseguia acreditar. Era mesmo ele. Deitado, totalmente frágil e debilitado.

Abro a porta, e sigo pelo corredor silencioso. Vou a procura das pastas na parede, sobre o nome de cada paciente.

" Carlos Menezes, 47 "

Abro a pasta mesmo sabendo que iria passar o resto da noite pensando no diagnóstico.

" O paciente sofre de transtornos de ansiedade, e esquizofrenia ".

Eu entrei na sala e sentei em uma cadeira perto da cama. Eu segurei a mão dele por alguns instantes. Até que sinto ele mexer os dedos.

Me afasto ligeiramente, mas não acontece nada.

Talvez tenha sido minhas pulsações agitadas demais, penso.

Até que lembro de outra pessoa que também está no hospital.

Antes de sair eu dou uma breve olhada para o homem deitado naquela cama. Seria mesmo meu pai? Seria o homem que deu tudo para nós e eu não pude agradecê-lo?

Saio procurando pelo quarto do Tomás. Que seria no andar de cima.

Quando eu o acho, meus olhos se enchem de lágrimas. Não havia ninguém ali, apenas eu.

- Eu estou aqui Tomás. Estou aqui - Relembro a cena da Dani o atropelando - Eu vou te proteger agora...

- Eles não vão fazer nada. Eu estarei sempre do seu lado. Eu vou te proteger deles. Eu...Eu...prometo - Passo a mão em seus cabelos pretos, lisos.

- Acorda. Sorria para mim. Eu me apaixonei pelo seu sorriso. E não vou conseguir ficar sem ele - Começo a chorar - Sorria...pra mim.

Seguro a mão dele com toda a minha força.

Decido voltar para casa, e ter que aturar minha mãe e minha irmã. Que me devem explicações.

Eu deveria também contar sobre o meu pai. Mas acho que é melhor eu me adaptar um pouco a essa " novidade ".

- Eu nunca pensei que fosse te amar tanto - Eu sussurro.

Quando vou sair, paro para olhá-lo. Mesmo todo machucado continuava sendo o garoto da minha vida.

Mesmo todo errado do jeito que é, era o amor da minha vida. Corrigindo, ele é. E sempre será.

- Rafa...

Meus pés travam e se virar para a direção da cama. Eu vejo somente o seus olhos tentando se adaptar a claridade do quarto.

Corro junto a cama e seguro sua mão e passo a mão em seus cabelos...

Ele abriu um sorriso, porém um pouco forçado. Ele estava acabado. Mas estava se esforçando para me agradar.

- Você me escutou? - Eu disse sorrindo em meio ao choro.

- Escutei. Por favor...não chore - Ele disse com uma voz rouca - Eu não acredito que estou de fazendo chorar..

- Não seja bobo - Eu soltei um sorriso - Espera. Você escutou o que eu disse, e por que não acordou?

- Estava esperando você dizer mais alguma coisa bonita - Ele sorriu.

- Tomás! Até no hospital? Não tem jeito você né - Finjo ficar chateada e ele sorri.

Começamos a rir descontroladamente e logo depois paramos.

- Você vai descansar agora, é melhor - Eu disse olhando no fundo dos seus olhos.

- Eu sei que seria um pouco egoísta, e que você conheceu seu pai, mas...

- Como você sabe que eu conheci meu pai? Na verdade, que eu o encontrei?

Ele vira o rosto.

- Tomás! - Eu exijo a resposta.

Ele suspira.

- Eu não sabia se ia morrer hoje. A enfermeira que falou com você, foi a mesma que me atendeu. De tantas vezes que vim parar aqui no hospital, ela já me conhece. Mas, quando eu deitei nessa cama, e eles começaram a me ajudar, eu soube que eu tinha fazer alguma coisa por você, mesmo que tudo o que eu tenha feito foi acabar com a sua vida - Seu tom de voz era calmo e frio.

- Você não..

- Rafa, eu acabei com a sua vida. Fiz você trair sua irmã e seu namorado. Fiz você sofrer coisas que ninguém merece. Eu não... - Ele morde o lábio antes de continuar.

- Continue - Eu fecho os olhos com força deixando uma lágrima cair.

- Eu não mereço você - Ele diz baixo.

- Eu não mereço escutar tudo o que você está dizendo - Eu saio de perto e minhas mãos vão ao encontro dos meus cabelos.

Parecia um sonho...