0.4 | atuação avançada

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Inverno, 2025

O pavilhão central do Conservatório é responsável por abrigar a camada artística de MontClaire. No primeiro andar, refeitório, biblioteca, quadra poliesportiva e o salão teatral — onde ocorre a cerimônia de poesia anual e todas as celebrações da instituição. No segundo e terceiro andar, salas de aulas, sala de descanso — muito usada por novatos e bolsista por conter videogames, televisores gigantescos de última geração, mesa de ping-pong, bilhar, divãs e uma varanda aberta — e sala dos professores.

O último e quarto andar, os estúdios e o teatro. E a parada de Lauren.

No corredor vazio, após a passada rápido no banheiro para limpar o filete de sangue em sua boca e constatar o machucado evidente no rosto, seus passos se apertam tentando evitar o gigante atraso na aula de Atuação Avançada.

Lauren afrouxa a gravata do uniforme e desabotoa dois dos botões da camiseta, o ar é escasso tanto devido ao esforço físico quanto ao nervosismo da situação repassando como um filme em sua mente atribulada. No lado esquerdo, ela vira e adentra o cômodo conhecido por ela.

Todos já estão presentes, postos em seus lugares costumeiros. O estúdio não é grande, acostumado a aconchegar os poucos e sortudos alunos capazes de chegar no quarto ano de formação. E para ocasionar uma ambiente confortável, as cadeiras são trocadas pelas almofadas azuladas no chão, um tapete fofo cobrindo o piso antigo e luzes amareladas.

A professora consagrada em pé apoiada em sua bengala perto do quadro branco é quem nota sua aluna abrir a porta e atravessar a entrada, calada. Sua expressão se contorce visualizando a cena desagradável de Lauren e sua cara marcada, mas ela prefere não entrar no assunto.

— Aí está, a última integrante dos ímpios. — Anuncia. — Senhorita Lauren Mayhew, se tem porta é para mantê-la fechada. Por favor.

A morena concorda e fecha a porta. Ela procura por seu lugar perto do canto esquerdo ao lado de Camila e ignora todos os olhares presos em si.

— Ainda com essa ideia, Rhea? — Lauren se acomoda na almofada e se desfaz de sua mochila. — Ímpios, é sério? Somos tão ruins assim?

— Como pode ver, senhorita Andrômeda, a mais simpática e bem-humorada deles.

Essa é a deixa para a recém-chegada notar a presença da garota novata no lado oposto da sala de aula. Suas irises correm até ela, cenho franzido e respiração presa. Ela é ruiva, cabelos flamejantes semelhantes a labaredas de fogo, longos, exibe um ar sereno, pele clara, e rosto oval.

— Quem é ela? — A morena questiona.

A ruiva novata não espera que respondam por ela, tomando a frente da situação.

— Andrômeda Abernathy. Muito prazer.

— Ok.

Andrômeda abaixa os ombros quando é ignorada por Lauren. Rhea pega o ar.

— Queridos pupilos, vamos iniciar nossa aula. Como todos notaram, Andrômeda é nossa nova aluna. Eu sei, não é um hábito comum aceitarmos alunos no último ano, ainda mais nos seis meses restantes, mas tenho certeza que a senhorita Abernathy atribuirá e muito em nossas aulas e em nossa instituição. — Seu olhar se direciona apenas na ruiva. — Seja muito bem-vinda, meu pupilo.

Ela expressa um sorriso gentil.

— Obrigada. — Andrômeda responde. — É uma honra estar aqui, senhora Woolworth.

— Atuação Avançada. — Respira fundo. — Algum de vocês deseja tomar a iniciativa e me ajudar a entender um pouco dessa matéria, além do estudo nesse primeiro mês de aula? Me diga, Calliope, para você, o que significa essa nomenclatura?

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