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"Minha cabeça estava a mil e eu não conseguia pensar em nada, em uma desculpa, um motivo, qualquer coisa que a fizesse ficar. Nada me vinha a cabeça naquele momento. Era como se tudo ao meu redor estivesse desmoronando à medida em que ela ia pegando suas coisas no armário e colocando na mala, tudo em câmera lenta.

Ela fechou a mala e me olhou impassível, seu rosto estava sem qualquer emoção. Nada de lágrimas ou expressão triste. Parecia que ela estava pronta para tirar uma fotografia de documento com sua cara mais neutra.

Todos seus movimentos foram em câmera lenta, como se fosse para eu guardar aquilo como minha última memória dela. Ela veio até mim e beijou meu rosto, sorrindo triste para mim e virando de costas em seguida, caminhando até a porta do quarto.

Eu queria correr até ela e fazê-la ficar, mas meus pés estavam colados no chão e a única coisa que consegui fazer foi tocar minha bochecha como um idiota apaixonado de filme que tinha ganhado um beijo da garota mais linda do colégio, a única diferença era que não estávamos em um filme, mas o restante era tudo verdade. Eu era um idiota apaixonado.

Tomei controle do meu corpo em um movimento automático assim que ouvi a porta da frente bater e corri até lá. Ela caminhava com dificuldade carregando a mala pesada nas mãos e uma mochila nas costas.

Novamente meus pés ficaram presos e perdi o controle de mim. Que diabos estava acontecendo comigo? Minha garota estava indo embora, tudo ao meu redor estava desmoronando e ficando em ruínas e eu não conseguia nem sair do lugar.

Ela colocou as coisas no banco traseiro do carro e olhou para mim com um sorriso triste antes de dar a volta e entrar no automóvel, pronta para sair da minha vida de uma vez por todas como ela mesma tinha dito exatos vinte minutos atrás.

Fiquei parado na entrada de casa até que eu não conseguisse mais ver seu carro e entrei para dentro.

Os porta-retratos estavam no chão por ela tê-los jogado em mim. O sofá fora do lugar por ela ter me empurrado nele quando segurei seu braço tentando fazê-la me ouvir. Pisei por cima dos cacos de vidro na sala e fui até a cozinha. Abri a geladeira e encontrei lá o bolo todo decorado que encomendei para pedi-la em noivado.

Peguei o maldito bolo e me sentei no chão encostado na geladeira. Ela não gostava do convencional, então um bolo como "anel de noivado" seria muito engraçado pelo que ela tinha dito três semanas atrás, porém a graça agora eu sentado igual um idiota encarando um bolo com a massa de arco-íris e um maldito unicórnio feito de pasta americana no topo dele.

Tirei o unicórnio de cima e enfiei a mão bem no meio do bolo, retirando de lá uma mão cheia de massa colorida e recheio de brigadeiro. Comecei a comê-lo descontroladamente, eu ia descontar minha raiva naquele maldito bolo até meu estômago dizer chega, e quando ele fizesse isso eu ia continuar.

Metade do bolo e todo o unicórnio já tinham ido embora quando a campanha tocou. Levantei correndo sem nem me importar com o restante caindo no chão e corri até a porta.

Eu não ia esconder minha cara de decepção quando abri a porta e vi Harry ali me olhando com um sorriso no rosto.

- Porque você está com a cara cheia de bolo? – ele passou a mão pela minha bochecha e olhou para o dedo sujo de glacê.

- Ela foi embora. Ela me deixou e agora eu estou afogando as magoas na porra de um bolo de unicórnio.

- Tyler...

RuinOnde histórias criam vida. Descubra agora