Capítulo 4: Nada favorável

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"Sabe todas aquelas piadas muito sem graças que a gente escuta em todas reuniões de família? Então, essa lista é a personificação perfeita de todas elas. ── Gustavo."

PEDRO

01 - Tomar um PT maravilhoso e (i)memorável;

Calor.

Eu sentia muito calor.

E tinha aquela coisa na minha cara me irritando muito e tinha aquela luz sendo diretamente guiada nos meus olhos. Também tinha um peso extra no meu peito e um desnecessário na minha cabeça. Ressaca moral.

Eu sentia muito, muito, muito calor, mas nada superava a dor na minha cabeça. Era como se uma tonelada de pesos estivesse ali dentro. E uma escola de samba também.

Abri um olho e depois o outro, com medo que a luz tentasse me cegar, mas tudo que enxerguei foram fios de cabelos escuros. Uma cortina muito densa deles que, inclusive, estavam tentando invadir a minha boca. Tentei mover um dos braços, mas descobri que estava impossibilitado de realizar aquele movimento. Que merda era aquela em cima de mim?

Flashes desfocados da madrugada resolveram tomar meus pensamentos. Se antes eu achava que a minha cabeça pesava, descobri que ela podia pesar mais ainda enquanto algumas lembranças da festa me atingiam. Era muita coisa sendo lembrada naquele momento e tudo ficava ainda mais confuso.

Primeiro porre, ensino médio, faculdade, lista, skol beats, abraço na calçada, pão e um colchão no chão.

Giulia e o seu primeiro porre.

A garantia de que ninguém iria dar P. T.

Cala a boca, Pedro.

Bem que eu percebi que aquela cama não era a minha e que as paredes do meu quarto não são verde água. Eu tinha dormido na casa da Fernanda porque a mãe dela nos resgatou na calçada depois do vexame que foi o Samuel pulando pelado na piscina da casa do Diogo e da Giulia vomitando em tudo. Que belas primeiras memórias daquela noite.

Ah, cara, a minha madrasta ia me matar!

É claro que no meio daquela confusão toda eu nem liguei para ela e agora ela já deveria ter ido em todas as delegacias do Rio de Janeiro anunciando o meu desaparecimento, apenas para me achar na casa da família Marcondes e me colocar de castigo. Vocês acham que eu puxei esse lado dramático do meu pai? Errado, puxei da mãe da Anaju sim e nem tenho medo de falar. E, sim, é possível herdar coisas da madrasta, beleza? Eu sou a prova viva disso.

Precisava voar para casa antes de toda aquela confusão virar uma bola de neve. Boa analogia, Pedro, maravilhosa, na verdade. Bola de neve em pleno Rio de Janeiro... Você é um gênio mesmo, cara.

Precisava do meu celular e ligar para casa, mas como fazer isso quando não consigo me mexer? Alguém pode, por favor, pedir para o papai do céu tirar tudo aquilo de cima de mim? De boas lidar com a ressaca moral e o embrulho no estomago, mas que tirasse aquele peso de cima de mim para que eu pudesse ligar para casa e...

Aquela coisa roncou no meu peito!

Tateei com a mão livre ─ tateei mesmo e não escondo ─ aquele monte pesado em cima do meu peito e me deparei apertando a bunda de alguém. Forcei o pescoço um pouco para tentar identificar qual garota eu tinha levado para a casa da Fernanda, mas apenas me deparei com cabelos loiros escuros curtos e um Gustavo ressonando tranquilamente contra o meu peito.

Ah, beleza, era só o Gustavo e eu estava com a mão na bunda dele. Com a mão na bunda do meu melhor amigo.

Que bela maneira de começar o dia.

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