Capítulo 3 - O velório

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Quando temos uma perda, é comum ficarem tristes.  Chorar. perguntar á você mesmo o motivo do querido ter sido levado eternamente. Mas há algo que algumas pessoas nunca perceberam. É que muitas destas pessoas, fingem. atuam.  como se,realmente tenham sentido. Como se conhecessem o exterior e o interior do falecido.

 No de Augusto não havia sido diferente e Amy certamente sabia os que estavam, e não estavam realmente tristes. Na frente da grande mansão Seant, uma coroa de flores brancas tinha sido colocadas na entrada. Homens e mulheres saíam e entravam pela entrada. Ambos vestidos de preto. Alguns deles tinham os olhos avermelhados,mostravam o quanto foram seus prantos. quanto tempo passaram desesperados ao receber a notícia do falecimento.  

E isto trazia culpa á Amy.

Ela tinha consciência que fora culpada da morte sobrenatural do seu falecido namorado,mas também sabia o quanto tentou evita-lo. Protegê-lo. Mas havia grande dificuldade. Augusto sempre mandavam buquês de rosas,caixas de chocolate com pedidos de namoro. E Amy sempre rejeitara e pedia desculpas.  O que ele fazia era um risco para a própria vida. Mas ele continuava,atormentando-a com a culpa em seu coração de alguém morrer por ama-la. Se é que ele a-amava.

 Júlia muitas vezes dizia o fato de tantos garotos desejarem-nas,uma Sereia ou Tritão nasciam para isto,atrair, seus corpos sempre eram desenhados como a obra divina,perfeitamente estruturais,a combinação perfeita de seus olhos com seus cabelos,tudo isto como uma armadilha fatal.
Júlia e Amy subiam as escadas. Mal Amy tinha saído do interrogatório e já devia ir ao velório de Augusto. Ela se mantia firme caminhando sobre o salto alto, mas por dentro, estava insegura e destruída,ela sofria pela segunda vítima da maldição,e era sua maldição que a-mantia congelada.  Sempre de cabeça acima e firme como uma estátua magnífica. Quando enfim subiram todos os degraus brancos. Uma garota loira com o rosto entre as mãos,debruçada entre o pequeno grupo de pessoas ao seu redor. Amy engoliu em seco e olhou para Júlia, que assentiu com a cabeça, do mesmo modo que fizera antes do interrogatório

- Eu vou entrar.

Disse Júlia deixando Amy imóvel próxima á garota que agora,mantia-se sentada num dos degraus. Ela chorava entre soluços. Amy respirou fundo e se aproximou. Ouvia os conselhos e palavras de consolo que os outros diziam. Amy atravessou o círculo de pessoas e olhou para a menina que tinha mais ou menos quatorze anos

- Laura? - Perguntou Amélia. A garota levantou os olhos que estavam secos e vermelhos e puxou-a pelo braço,prendendo Amy num grande abraço. As lágrimas molhavam o vestido preto, mas ela não se importava
- Não fique assim Laura.

Laura era a irmã caçula de Augusto. Tinha grande afeto por Amy á ponto de considerar-la uma irmã. Depois de alguns minutos abraçadas enquanto o círculo de pessoas apenas observavam, Laura se sentou novamente

- Ele está lá dentro - disse Laura diminuindo as lágrimas - Você irá vê-lo, não é?

Amy assentiu com a cabeça. Despediu-se da garota e entrou na sala central. Obviamente estava cheia. prefeitos e pessoas de outros cargos se juntaram a Jeffrey, pai de Augusto. O homem estava sentado numa cadeira ao longe,com o rosto entre as mãos. E então,num susto,Amy foi puxada pela senhora de olhos verdes e chapéu negro,ela estava pálida e como todos que choraram antes do velório estavam.  Ambos com os olhos avermelhados. A mulher entrelaçou os braços envolto a Amy quase deixando-a sem ar

- Amélia - A mulher susurrou, a voz rouca e trêmula  - Gus morreu, meu filho!

- Ele era meu namorado - disse Amy pensativa, a voz triste - Eu o-amava.

Era a mais pura verdade. Amy o-amava, mas ela também não iria sofrer pelas consequências que ele mesmo tinha causado. As pessoas são teimosas,inquietas pela curiosidade,então como chamas, elas se queimam e reclamam, como se a culpa fosse de qualquer ser á não ser ela.  Júlia, sua mãe sempre dissera uma coisa

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