Capítulo 23 - Doença

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— Que homão da porra, hein, Isa? – falou Ítalo, assim que voltou do quarto de Isis e percebeu que Daniel estava dormindo no sofá.

— Onde você arruma essas expressões, pelo amor?

Seu irmão deu de ombros, bagunçando os próprios cabelos e dando um sorriso.

— E aí? É sexo selvagem ou amorzinho?

— Deixa de ser babaca – socou o ombro dele.

Ítalo riu, sentando-se no banco do balcão que separava a cozinha da sala. Então encarou de novo Daniel.

— Ele parece ser legal.

— Você dizendo que algum cara que conheço é legal? – Isadora franziu o cenho – Quem é você e o que fez com meu irmão?

— Talvez suas experiências tenham te mudado, finalmente – disse, inclinando a cabeça para o lado – Ou não.

— Ou não – Isadora assentiu – Tá com fome? Acho que tem alguma coisa congelada por aqui.

— Qualquer bebida já está bom.

Isadora revirou os olhos e tirou uma cerveja da geladeira, lhe entregando, junto de um copo e um abridor de garrada. Ítalo lhe deu um sorriso e abriu a cerveja.

— A Conferência em BH é sobre o que?

— Novos vírus – ele deu de ombros – Vou ter uma palestra lá, depois de amanhã. Só passei aqui para ver como vocês estavam e se você não se meteu mais em nenhuma confusão.

— Quem escuta pensa que sou um imã de merda.

— Você é – ele disse, bebendo a cerveja. Então olhou para Daniel jogado no sofá – Você não tem mesmo nada com esse boymagia? Nunca quis ser tanto uma mulher só para poder dar para esse cara!

— Céus! Você tá cada dia pior.

— Senti sua falta, confusinha.

Isadora revirou os olhos para o apelido do irmão. Ele a chamava assim por achar que ela era mesmo um imã para confusão. Não era como se Isadora pudesse dizer o contrário.

— Senti a sua também.

Os dois sorriram um para o outro.

— Mas sério... nada? Nadinha mesmo!?

— É só um amigo – ela encolheu os ombros.

— Aiai, eu com um amigo desses... Mas a Deusa num dá asas a cobra mesmo... Uma pena. Eu ia amar sentar naquela cobra.

— Puta que pariu, Ítalo, cala a boca.

Eles riram.

— Isa... – ele disse, depois de um tempo – Você precisa... se proteger.

Foi como se todo o ar de Isadora sumisse, quando Ítalo disse aquilo. Ela se agarrou no balcão, com medo de cair. Os olhos dos dois se encontraram e Ítalo deu um sorriso triste.

— Eu disse que eu podia fazer o serviço sujo.

— Então você seria preso.

— Antes eu preso do que você num caixão. Ou, pior, com Murilo.

Isadora sentiu o estômago embrulhar, sem saber se era pela ameaça de ser morta ser tão real ou se pela menção do nome Murilo.

— Ele não pode te proteger.

— Se ele não puder, ninguém mais pode.

— Puta merda, Isa, você é inteligente demais para cair nessas ciladas! Não me entra na cabeça que você realmente acha que um cara que quebrou três costelas suas pode te proteger...

Feridas Profundas (HIATO)Onde histórias criam vida. Descubra agora