Capítulo 03

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"Nós mantemos este amor numa fotografia

Nós fizemos estas memórias para nós mesmos

Onde nossos olhos nunca fecham

Nossos corações nunca estiveram partidos

E o tempo está congelado para sempre"

- Photograph, Ed Sheeran.

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ALANA

Talvez eu fosse para o inferno.

Não me espantaria caso o Roberto viesse me buscar durante a noite, gargalhando em meio a uma nuvem de fumaça e com um tridente na mão.

Afinal, mentir para dois velhinhos devia contar como um pecado muito sério, correto?

Ainda mais quando os dois velhinhos em questão eram fofinhos, simpáticos demais, inofensivos e te enchiam de comida gostosa.

Eu estava falando dos meus avós.

Era ruim ter de mentir para ambos, mas era isso ou a minha dignidade indo embora pelo ralo. E, dadas as circunstâncias, eu precisava me agarrar àquela mentira para sobreviver aos sete dias. De todo o modo, também, já estava feito. Eu já havia inventado lorotas para o meu pai.

— Namorado novo? Oh, minha querida! Que belo rapaz! — minha avó sorriu de forma doce, depois d'eu apresentar o Arthur. — Sentem-se, por favor! Fiquem a vontade! Eu preparei um café da tarde bem especial!

— Ótimo! — comemorei, olhando para os lados em busca de mais alguém. — Estou mesmo faminta!

— Ela sempre está, é impressionante. — Arthur comentou e eu sorri.

— Vocês fizeram boa viagem? — o meu avô perguntou, tirando os olhos de seu jornal.

— Sim. Foi um voo tranquilo. — assenti. — Como você está, vovô?

— Como sempre, mas pior. Com o pé na cova. — ele declarou e a minha avó lhe deu um tapinha no ombro.

— Não fale bobagem, por Deus do céu!

Ele não se importou, apenas inclinou-se sobre a mesa e pegou um punhado de açúcar, jogando tudo dentro de sua xícara de café.

— Imagina! O senhor está ótimo, vô. — sorri. — A vó está certa, não fique falando esse tipo de coisa.

— Sua avó não está tão certa assim. — meu pai reapareceu de sabe-se lá onde, juntando-se a nós. — Seu avô anda fazendo algumas extravagâncias.

— Ah, não comecem! — ele bufou feito uma criança.

— É? Que tipo de extravagâncias?

— Ele anda tendo alguns picos de pressão, mas se recusa a seguir a dieta do doutor. — minha avó disse e me serviu um leite quente.

— É verdade isso? — eu o olhei.

— Esses médicos não sabem de nada! Além do mais, o meu problema não é esse! Tem outra coisa me gerando dor de cabeça!

— Outra coisa? Qual?

— Falarei sobre isso mais tarde. — ele me assegurou. — Não quero encher você e o... — ele apontou para o meu namorado de mentira.

— Arthur. — o próprio respondeu.

— Arthur, isso. Não quero enchê-los com os nossos problemas, mas é um assunto crítico.

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