Capítulo 12

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"Eu não te amo, mas eu sempre amarei

Eu não te amo, mas eu sempre amarei

Eu não te amo, mas eu sempre amarei

Eu sempre amarei"

- Poison & Wine, The Civil Wars.

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ALANA

Fazia um sol de rachar mamona do lado de fora, mas mesmo assim eu estava enfiada debaixo dos lençóis da cama do Arthur, devorando um pote de sorvete e assistindo a "Uma Linda Mulher". Funguei na cena em que os personagens de Julia Roberts e Richard Gere se veem pela primeira vez, apesar dela estar vestida de prostituta e de apenas perguntar a ele "oi gato, quer se divertir?", e o Arthur bufou.

— E então? Você vai me contar o que aconteceu ou vai passar o resto do dia se entupindo de porcaria e vendo romances superestimados? — ele perguntou com impaciência e pausou o filme.

Enfiei mais uma colherada de sorvete na boca. Como ele ousava chamar "Uma Linda Mulher" de romance superestimado?

— Não quero entrar em detalhes. — eu falei depois de engolir. — Mas, em resumo: foi horrível! Tudo estava indo mais ou menos bem, até aparecer uma tal de Goreth e nos enfiar numa terapia de casais felizes.

— Espera! O que? Vocês fizeram terapia de casal? — ele perguntou com espanto e riu sem acreditar. — E onde ficou o seu namorado nessa história toda? Esquecido no churrasco?

— Não, calma! Eu expliquei para a Goreth que eu era comprometida e o Roberto também disse que éramos divorciados, mas ela começou a chorar bastante e... Enfim, foi só um experimento. Ela queria nos mostrar como funcionava o seu trabalho.

Tomei mais um pouco do sorvete. Eu poderia me entupir daquilo o dia inteiro.

— E não deu certo? — Arthur questionou. — A terapia? Porque você está com uma cara de enterro horrível.

— É claro que não deu certo, Arthur! O que daria certo entre eu e o Roberto? Ontem a noite, a propósito, eu disse que o odeio!

Fechei os olhos e choraminguei.

Cada vez que eu me lembrava disso, ou de nós dois naquela sala escura e do seu coração disparado, eu morria um pouco por dentro. Por que eu estava pensando no tinhoso? Eu sentia as chamas quentes do inferno chamuscando minha pele.

— Por que você disse que odeia o Roberto? — Arthur questionou com dúvida e eu quase joguei uma colherada de sorvete na sua cara, mas me contive.

— Porque é a mais pura verdade! — menti um pouquinho.

— Aham. Você o odeia, mas está me torrando a paciência às quatro e meia da tarde por causa dele.

— O que você quer dizer com isso? — estreitei os olhos.

— Convenhamos, Alana: você não se envolveu com ninguém depois do seu divórcio. Pelo menos não de verdade, porque esse nosso namoro de mentira não conta.

— Oras! — me ofendi. — Isso não é verídico! Teve o Paulo, da tesouraria!

— Quem?

— O Paulo, lá da empresa! Nós saímos uma vez.

E foi horrível.

Era o meu quinto mês em São Paulo e eu já estava cansada daquela vida de fossa. Paulo, o rapaz da tesouraria, sempre me lançava uns olhares significativos quando passava pela minha mesa.

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