Capítulo 7

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Pov"s Leon

Já havia se passado 1 mês que eu tinha visto a Alice e a Nilce pela última vez, nesse meio termo a Nil só havia me mandando mensagem uma vez para avisar que tinha recebido o dinheiro da pensão.

Estava em casa, varrendo o chão quando recebo uma mensagem no celular. Fui ver de quem era, era a Nilce:

"Leon, será que eu posso conversar pessoalmente com você em algum lugar?"

Olhei no relógio e vi que logo seria a hora do jantar, respondi a ela que poderíamos nos encontrar em um restaurante ali perto e que eu pagava a conta.

Cheguei lá era por volta de umas 19 horas, a Nilce ainda não havia chegado. Escolhi uma das mesas e fiquei esperando ela chegar. Não demorou muito e avistei ela e a Alice vindo na minha direção, ela estava de calça, uma blusa sem estampa e uma bolsinha de lado. Estava normal, mas eu não conseguia parar de olhar o tanto que ela era bonita.

- Leon? - Nilce fala balançando a mão na minha frente.

- Ah, desculpa. Oi - falo me levantando para cumprimenta-la.

- Oi - Nilce - Fala oi pra ele filha.

- Oiiiiiii - ela fala brincando

- Oiiiiii - Eu respondo -  Podem sentar, já vou pedir a comida.

Enquanto esperávamos a comida percebi que a Nilce não estava bem, podia ser só impressão minha mas eu tinha quase certeza de que era alguma coisa. Afinal de contas ela tinha me chamado para conversar sobre alguma coisa que eu ainda não sabia o que era.

Depois de poucos minutos o jantar chegou. Quando acabamos de comer a Alice foi brincar em um mini parquinho que tinha lá, para que eu e a Nilce pudéssemos conversar.

- O que é que você queria falar comigo? - falo

- Então - Ela fala e da uma pausa, depois continua - a Alice sabe que você é o pai dela.

- O que? Você falou pra ela?

- Leon...

- Eu falei que não queria assumir ela.

- Leon, ela é uma menina muito esperta. Desconfiou desde o começo que você era o pai dela.

- Mas como ela desconfiou?

- Ela é esperta, ligou os fatos. Ela contou para umas amiguinhas da escola que tinha ido no Conselho tutelar junto comigo e que eu estava resolvendo algumas coisas com um homem. Umas dessas meninas tem os pais separados e aí disse que você só podia ser o pai dela.

- Era só desmentir, inventar uma história. Sei lá. - falo

- Eu tentei Leon, mas não deu. Fui obrigada a falar que você era o pai.

- Não, tudo bem. Agora já foi né. E o que eu faço agora?

- Faça papel de pai, só isso. Nada muito complicado.

- É complicado sim.

- Leon, me diz... o que tem de complicado?

- O fato é que eu sou um homem ocupado com meu serviço, meu canal... ah, sei lá... não to preparado para ser pai.

- Acho que se você se esforçar consegue ser um bom pai. Alguma coisa você vai ter que fazer, ela sabe que você é o pai. Não quero que ela sofra mais do que já sofreu. O sonho dela era ter um pai e eu não quero que ela tenha uma figura ruim de pai. - ela fala um pouco alterada e depois se acalma - desculpa.

Paro um pouco e me vem a mente o dia em que perdi meu pai. Eu estava em casa fazendo tarefa da escola quando ligam do hospital dando a triste notícia da morte dele para a minha mãe. Foi a pior notícia que eu já tive, eu tinha uma família feliz e de uma hora pra outra meu pai foi arrancado da gente. Eu sofri muito com a morte do meu pai e sei o quanto é ruim não ter o pai por perto. Dou um longo suspiro e então falo:

- Ta bom. Eu aceito assumir ela como minha filha, mas não garanto que vou ser um ótimo pai.

- Você se esforçando para ser já ta bom.

- Ta feliz agora? - falo

- É, to.

- Não parece, tem mais alguma coisa pra me contar?

- Não, não é nada não. - ela fala desviando o olhar.

- Nilce... não mente pra mim. O que foi?

- Nada que você possa ajudar. Eu fui demitida e não tenho mais dinheiro pra pagar o aluguel. Vou ter que ir pra um abrigo com ela, aqueles que você vai pra dormir a noite. O dinheiro que você dá de pensão eu não posso usar pro aluguel.

- Ah, não deve ser ruim o abrigo. Deve ter outras crianças lá, ela faz amizades. - falo

- É... - Nilce fala cabisbaixa.

Ver ela daquele jeito me partiu o coração, eu tento bancar o durão que é muito ocupado para me preocupar com os outros mas não dá, isso não é de mim.

- Quer saber - falo - Vocês podem ir morar lá em casa enquanto não arranja outro emprego. Tem quarto e cama para vocês.

- Na sua casa? - ela fala surpresa e com dúvida - Não sei...

- Acho melhor você aceitar, é melhor do que ir ao abrigo. Eu juro que não vou fazer nada para vocês.

- Acho que é o único jeito né. Não quero que a Alice sofra, eu penso muito no bem estar dela. Ela é o bem mais precioso que eu tenho.

- Bom então vocês podem ir pra lá quando quiserem.

- Pode ser amanhã?

- Pode sim, vou mandar um Uber buscar vocês lá.

- Mas e os poucos móveis que eu tenho?

- Doa eles pra quem precisa, sei lá. Depois eu compro outros quando você conseguir um emprego e sair de casa.

- Ah, mas você vai gastar dinheiro com isso?

- Não precisa se preocupar com isso.

- Obrigada - Nilce fala com um lindo sorriso no rosto.

Depois que eu peguei o endereço dela para mandar o Uber, ela chamou a Alice para ir embora. Me despedi delas e fiquei olhando elas indo, com a sensação de que estava fazendo o certo.

Pending the pastOnde histórias criam vida. Descubra agora