Pov"s Leon
A idéia de eu ter uma filha de 6 anos ainda não me entra na cabeça. Logo agora, na melhor fase da minha vida acontece isso. Como eu fui burro de na época não me tocar que ela poderia ter ficado grávida, mas eu era adolescente, cuidar de criança seria o fim, mas, a Nilce teve que cuidar dela sozinha. Não não, esquece isso, melhor pensar em outra coisa.
- Leon?
- Oi Daniel.
- Amanhã você vai ter que chegar mais tarde também?
- É vou sim, tenho que terminar de resolver uns problemas aí.
- Você parece bem aflito.
- Não é nada de mais, obrigado.
- Ok, vou indo que eu estou cheio de coisa pra fazer.
- Eu também.
Terminei todas as coisas que tinha que fazer e fui embora para casa, ainda tentando entender o que estava acontecendo. No caminho até em casa fiquei sem internet no celular, mas assim que cheguei vi uma mensagem do Monark pedindo para eu ligar pra ele.
- Alô, Monark? O que queres?
- To morrendo de curiosidade para saber o que era lá com a assistente social.
- Ah era isso.
- Me conta cara.
- Deixa pra lá.
- Ah não cara, eu quero saber.
- Lembra da Nilce?
- A Moretto? Quaro que lembro, ela era mo gata.
- Ela tem uma filha.
- E o que que tem?
- Ela também é minha filha.
- O que? É sério isso?
- Sim.
- Cara eu não acredito - ele fala surpreso - Quantos anos ela tem, que eu não estou afim de fazer a conta?
- Seis anos.
- Cara, eu vou querer conhecer minha sobrinha.
- Cala boca Monark, que ninguém vai conhecer ninguém.
- Ué, porque? - ele fala desapontado
- Porque a gente vai fingir que ninguém aqui tem filha nenhuma.
- Como assim Leon? Você não vai assumir ela?
- Não.
- Porque?
- Porque eu tenho mais o que fazer da vida. - falo em tom seco.
- Mas ela é sua filha, e se estiver precisando de alguma coisa?
- Ah, quanto a isso você não precisa se preocupar não, que eu vou dar uma ajuda em dinheiro.
- Bom, você quem sabe. A filha é sua e não minha. Mas qual é o nome dela?
- Alice.
- Bonito nome.
- É - falo com indiferença. - Bom, agora vou ter que desligar. Tenho algumas coisas pra fazer.
- Ok.
...No outro dia acordei bem cedo para ir fazer o teste de DNA. Cheguei lá, diferentemente do dia anterior, com uns 15 minutos de antecedência o que não era nenhum problema porque eu só teria que tirar um pouco de sangue e poderia ser qualquer hora. Quando eu sai da sala a moça disse para eu esperar um pouco lá fora para assinar um papel. Sai e dei de cara com a Nilce, sentei do lado dela.
- Oi- falo.
- Oi.
- Já fez o exame na menina?
- Já, ela Ta fazendo outros exames agora. Aproveitei que já viria pra cá.
- A ta... É... - falo - Você tem celular?
- Tenho sim.
- Anota o meu número, se vocês precisarem de alguma coisa pode me ligar ou mandar mensagem.
- Ta bom- ela fala pegando o celular e anotando o número.
- Senhor Leon? - A enfermeira fala - O papel pra você assinar.
- Obrigado - falo indo na direção dela. - É só isso?
- Sim, quando o resultado sair a gente liga para você.
- Ok - falo saindo - Tchau Nilce.
- Tchau.
Sai do hospital e fui até uma lanchonete porque já estava na hora do almoço, cheguei lá e fui pedir um lanche qualquer. Enquanto esperava o lanche ficar pronto fiquei pensando na Alice, magrinha, branquinha, o olho da cor da mãe. Tentei desviar o meu pensamento mas não consegui, a imagem dela me lembrava quando eu conheci a Nilce, ela não era tão nova igual a Alice, tinha 14 anos, mas era pequenininha e tinha um sorriso muito lindo, porém um sorriso difícil de sair por conta de tudo o que ela sofria. Mas ela fazia de tudo para ver o lado bom das coisas e poder sorrir com algo. Ela ia sempre a Praça da cidade brincar com as crianças e foi levando meu priminho lá, obrigado pela minha mãe, que conheci ela.
Não demorou muito e o meu lanche chegou, junto com um copo de suco que havia pedido também. Por um momento veio a dúvida na minha cabeça se eu contava para minha mãe que tinha uma filha, mas logo esse pensamento foi embora com um: ta maluco? Se ela descobrir que eu tenho uma filha vai querer que eu assumo e faça papel de pai e blá blá blá, mas eu não to nem um pouco afim.
Terminei de tomar o meu lanche e fui pagar a conta, depois sai do local em direção ao meu trabalho. No caminho avisto um casal segurando na mão de uma linda menininha, eles parecem se divertir enquanto aproveitam o que eu penso ser um passeio, tentei desviar o olhar mas foi em vão.- Para de ficar olhando para essas coisas Leon - penso - Você tem mais o que fazer da vida do que pensar em família agora. Quem sabe depois? Não Leon... acho que ninguém nunca vai gostar de mim. Mas eu não preciso de ninguém mesmo, sei me virar sozinho.
As vezes acho que sou muito orgulhoso, fiquei assim depois que meu pai morreu. Comecei a achar que não dependia de ninguém pra nada, eu sei me virar sozinho. Não preciso de ninguém pra ficar me ditando regras, e não quero uma criança me enchendo o saco, se ela estivesse completamente abandonada... mas a Nilce cuida tão bem dela, ela não precisa e não merece um pai como eu.
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Pending the past
RomanceLeon acabou de chegar ao Brasil, ele fazia faculdade de Relações internacionais na Alemanha. Sua vida estava aparentemente as mil maravilhas até que uma pendência do passado à muda pra sempre.