"[A ilha das bonecas] é um sítio onde se encontram centenas de bonecas, embora com um grande senão: estão todas mortas. Sim, porque as bonecas também perdem a vida. Neste caso, parecem autênticos cadáveres mal tratados e que se encontram ali abandonados, por enterrar, há anos e anos a fio. É um lugar verdadeiramente arrepiante, mas que tem a sua história. Uma história alegadamente verdadeira, no entanto, triste. Muito triste.
A "Isla de Las Munecas" (designação original) está situada no México, junto aos canais de Xochimilco.Durante centenas de anos, a área tinha sido profanada por um único canal. Esta afluente única, é tudo o que resta do antigo lago de Xochimilco.
Percorrer estes canais tem um encanto místico, inquietante, assim contam as pessoas que por ali passam.
Ali mesmo, há uma ilha conhecida por muitas pessoas e respeitada pela maioria dos que nunca se atreveram a lá ir: trata-se da Ilha das Bonecas para uns ou a Ilha das Bonecas Mortas, para outros.
Uma história antiga parece ajudar não só à sobrevivência dos habitantes da zona, mas também dá força à cultura Mexicana, tão pejada de lendas que misturam misticismo com superstição, religião e fantástico.Conta a história que em 1951 três crianças brincavam numa ilha junto ao Lago Teshuilo, entre Xochimilco e a Cidade do México, quando uma delas, menina, se afogou. Os habitantes da ilha garantem que a alma da menina nunca teve descanso e explicam que o espírito da criança atormentava sobretudo um homem: Julián Santana Barrera, que morava perto dos canais do lago onde a menina morreu. Tratava-se de um homem que trabalhava a terra. Tinha um jardim maravilhoso com muitas flores que por ali vendia e tinha também uma horta onde cultivava legumes e hortaliça fresca, igualmente para vender.
Julián sentia-se perseguido e só encontrou uma forma que resultou para afastar o espírito atormentado da menina: pendurava bonecas por todo o lado. Bonecas velhas, abandonadas ou perdidas decoravam as árvores e vários outros espaços da ilha.
O mexicano dizia que só assim conseguia que o espírito da menina sossegasse e o deixasse sossegar também. Verdade ou não, o certo é que Julián Santana Barrera passou a viver mais tranquilo, pelo menos assim o afirmava.
As primeiras bonecas foi ele mesmo que procurou e pendurou nas árvores mas, com o passar dos anos, outros habitantes e visitantes da ilha ficaram curiosos e solidários e começaram por lhe levar mais e mais bonecas, na esperança de ele viver mais sossegado. No entanto, a maioria continuavam a ser bonecas velhas e maltratadas. Exposta às intempéries, é fácil imaginar que o seu aspeto se poderia tornar em algo muito assustador. Como tornou...
Ironia do destino ou não, em 2001 Julián, na altura com 80 anos de idade, morre. Afogado, tal como a menina, precisamente meio século antes."
Ana Areal, www.expresso.pt
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A ilha das bonecas mortas
ParanormalNum ambiente arrepiante e em estranhas circunstâncias, Enoch O'Connor, um rapaz preso no seu corpo de 16 anos tentando-se esconder do mundo e da sua capacidade peculiar incontrolável e Giulia Darte, uma fotógrafa com medo de si mesma, conhecem-se e...