Tentativas 5

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Paula vai até a cama e se senta. Caio a acompanha. Sempre olhando em seus olhos, ele segura sua mão.

- Confie em mim, Paula...

- Ontem, Bruno me chamou e me disse que eu teria que trabalhar, pois o contratante, Frederico, estava solicitando um encontro com ele. Para isso, ele me pagaria dobrado. Eu não gostei da ideia, mas me pareceu normal, a princípio, o contratante querer conhecer melhor o palestrante. Quando nós chegamos ao bar do hotel, Frederico disse que queria mostrar a noite da cidade para Bruno. Nessa hora, eu dei a entender que não devíamos ir por vários motivos óbvios. - Caio concorda com a cabeça - Bruno nunca bebe na véspera de um trabalho e eu não saio. Mas Frederico conseguiu convencer o Bruno de que seria muito divertido. Saindo daqui, ele nos levou a uma boate. O ambiente era luxuoso e Frederico apresentou uma amiga para o Bruno.

- Você se lembra do nome dela?

-  Sim. Ana. Ela o convidou para dançar e ele aceitou. Saíram. Ficamos eu e o Frederico na mesa. Ele me chamou para dançar e eu fui. Logo, ele começou a mudar o comportamento...

- Como assim?

- Começou a passar a mão pelas minhas costas... disse que sabia que eu gostava de sexo... para eu não me fazer de besta... essas coisas!

- Eu não acredito! - Caio começa a ficar muito nervoso. - E o que você fez?

- Eu disse que deveria procurar pelo Bruno para irmos embora. Ele tentou me impedir. Eu achei que o Bruno tinha saído com a Ana (que eu nem tenho certeza se é esse mesmo o nome dela) porque eu olhava em volta e não o via. Liguei para o celular dele e ele atendeu. Muito estranho, voz arrastada... e desligou. Mas havia um barulho muito grande. Torci para que ele ainda estivesse na boate. Subi as escadas e olhei nos reservados. Logo, eu os vi. Ela estava com a carteira dele e o celular. E ele, deitado no sofá, sem conseguir nem se mexer direito. Havia droga no copo dele, eu tenho certeza, pois eu vi um pedacinho de um comprimido dentro. Eu fiquei irritada com ela e ameacei chamar a polícia. Frederico disse que só a conhecia da boate, não eram amigos. Mas me pediu para não chamar a polícia pois poderia pegar mal para o evento. Eu concordei e o trouxemos para o hotel. Aqui, ele quis me ajudar a carregá-lo, mas eu recusei. O porteiro chamou um carregador, que me ajudou a subir com ele. Frederico estava irreconhecível. Tirei o terno, pois ele suava muito. Tirei os sapatos, cobri-o com uma coberta, liguei o ar-condicionado e saí.

- E aí você me viu na sua porta... - Caio diz com a voz suave.

- Sim. Mas você não me esperou e eu estava muito cansada...

- Me perdoa, Paula... - Ele passa o polegar pelo seu rosto. - Eu achei que...

- Achou o quê? - Ela olha dentro dos seus olhos.

- Não importa... Eu tenho vergonha de mim mesmo. Além disso, você é uma mulher solteira, não precisaria me explicar nada...

- Então, por que você me virou as costas e não me ouviu?

- Porque ia doer ouvir você dizer que preferia ficar com ele...

- Você sabe que eu não ficaria com o chefe...

- Mas ele demonstra um carinho e uma atenção mais do que especial por você...

- Demonstrava... Hoje, ele me chamou e disse que conversou com o Frederico. Não sei como, mas ele reverteu toda a história e a polícia seria chamada para mim, caso eu não fosse embora agora.

- Como é que é?

- Isso. O que foi que ele disse a vocês?

- Disse que você preferiu ir embora e que seguiríamos sem você. Falou também que a Carina iria te substituir.

- Ela bem que adorou, né? Aliás, por falar em Carina e... em carinho especial... vocês estavam bem unidos ontem... Um trio bem em sintonia...

- Não começa... Depois que se dorme com Paula, Carina não serve nem para consolo...

Paula olha para ele e sorri. É um sorriso triste, mas, há alguns instantes, ela achou que nunca mais sorriria novamente. Seu coração está doendo. Agora, há um misto de emoções acontecendo e ela precisa administrar tudo.

- Você é muito gentil... Mas, me diga, como poderemos proceder para consertar essa bagunça? Outra coisa: diante da atitude de Frederico, começo a achar que ele estava unido a Ana em alguma coisa. E mais: podem tentar prejudicar o Bruno.

- Você é demais mesmo. Seu mundo ruindo e você se preocupando com o babaca do nosso chefe!!

- Mas é que foi a primeira vez que ele se comportou como um babaca e ele estava visivelmente drogado...

- Mais um motivo para chamá-lo de babaca: ele te conhece há muito tempo. Você administra a vida dele. Ele é um médico, Paula! Como ele pôde cair nessa? - Caio balança a cabeça em negativa.

- Houve a questão do roubo do dinheiro... Frederico falou com ele e Bruno verificou a carteira. Então, a história batia. Como ele não se lembra de nada do que aconteceu...

- Por favor, Paula. Não seja condescendente com ele. Você tem direito, sim, de estar chateada.

- Não estou sendo condescendente... Estou apenas tentando entender. Como ele pôde achar que 2 mil reais me corromperiam? E também...

- E também o quê?

- Ele insinuou que eu briguei com a mulher por causa dele... por ciúmes. Então... ele está achando que eu estou "atrapalhando" a vida dele e não "administrando", como você diz.

- Você sabe onde fica essa boate?

- Sei o nome. Podemos ligar na portaria e pedir o número.

- Certo. Você disse que lá era muito luxuoso, certo?

- Sim. Muito bonita...

- Então, provavelmente, há câmeras. Eu vou tentar conseguir provas...

- Você acha que consegue?

- Vou tentar. - Caio se levanta e vai para o telefone. Fala com a portaria e, com o número e o nome da boate em mãos, decide ir até lá. - Não saia daqui.

- Caio, obrigada. - Paula o beija delicadamente. As lágrimas voltam a cair e Caio beija cada uma delas.

- Tente não morrer de saudades, por favor...

- Eu vou tentar...

E um Caio, sorridente por fora e aflitíssimo por dentro, vai em busca de ajuda e de justiça.


É isso aí, pessoal! Quem ama, confia!

Deixe seu joinha e faça uma autora feliz!

;)

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