Explicações 4

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Paula sorri quando vê Caio, porém ele não corresponde. Ela se aproxima e começa a ficar apreensiva.

- Oi! - Ela o cumprimenta, mas não está muito entusiasmada. O cansaço e o estresse da situação estão começando a chegar.

- Oi! Vim ver se você estava precisando de companhia. Mas... Vejo que cheguei tarde... - ele dá um sorrisinho de lábios apertados e começa a sair.

- Caio... Eu... Realmente, estou muito cansada... Eu preciso de...

- De espaço. Claro! Entendido. - Caio já está dentro do elevador.

Paula fica perplexa com o rumo da situação, porém não precisa ficar se explicando para ninguém. Esse é um dos bônus de ser solteira. Um dos únicos, aliás...

Está muito cansada.

Depois a gente conversa. Vai ficar tudo bem. Agora preciso da minha cama e um pouco de sossego. A manhã já se aproxima e o trabalho vai começar. E, de hoje em diante, vou dar mais atenção à minha intuição feminina. Eu senti que a situação hoje estava estranha.

A manhã chega tão rápido que Paula acredita mesmo que mal se deitou e o despertador tocou.

Liga para Bruno para acordá-lo e ele pede que, quando ela estiver pronta, vá até seu quarto. Hora de mais explicações.

Bruno atende a porta e dá passagem para Paula entrar. Ele está com uma mão na maçaneta da porta e a outra no quadril.

- Você pode me dizer exatamente o que aconteceu ontem?

- Eu que deveria te perguntar. Primeiro, você não me ouve quando eu dei a entender que não iria. Segundo, você sai para dançar com uma mulher que acabou de conhecer, não trocou nem duas palavras com ela e some. Não me avisa...

- Eu não sou criança e você não é minha babá. O que está pensando? - Ele não está com cara de bons amigos.

- O que eu estou pensando? Estou pensando que nunca vi você agir de forma tão irresponsável quanto ontem. - A raiva está começando a crescer no peito de Paula.

- Acho bom você ir com calma, Paula. Estou achando que estou te dando muita liberdade.

Paula olha para Bruno.

- Acho que não estou entendendo o que está acontecendo aqui... Exatamente sobre o que estamos falando?

- Eu acordei com uma dor de cabeça muito grande, a boca amargando, meu corpo cansado e minha carteira vazia...

- E você acha que...

- Eu não tenho que achar nada. Eu tenho que ouvir explicações. Você estava comigo. Como eu cheguei aqui? Como eu fiquei sem roupa? Como eu fiquei sem dinheiro?

Paula sente a cabeça girar.

- Você bebeu na véspera de um circuito de palestras... Aceitou uma noitada com o contratante e, ainda por cima, me obrigou a ir como se eu estivesse a trabalho... E...

- Por isso resolveu me extorquir? Eu não falei que eu pagaria o dobro?

- Você... Você acha... que eu... ah! Meu Deus! Não! - ela põe a mão na boca e segura o choro.

Sempre foi forte e segura. Mas também sempre teve a confiança inabalável de Bruno. Quer dizer, agora ela está vendo que não era tão inabalável assim...

Mas ela é uma profissional. Fez tudo certo. O que está acontecendo?

- Não se faça de desentendida. Eu acabei de falar com o Frederico. Ele me disse sobre o seu comportamento de ontem. Francamente, Paula, eu nunca pensei que você tivesse a ousadia de humilhar minha acompanhante porque acha que é minha dona. Acorda! - Tudo sai de uma vez e os cantos de sua boca estão espumando.

- Então, é assim que vamos começar a trabalhar essa semana? Com você confiando em um homem que você nunca viu antes?

- Ele me deu provas suficientes. E o dinheiro, onde está? E os meus cartões de crédito? Não! Nós não vamos começar a semana assim porque você não trabalha mais para mim! - A raiva de Bruno parece algo palpável. O ambiente fica carregado e Paula não consegue mais suportar - E agradeça a mim por ele não ter envolvido a polícia. Fiz isso pela Paula que eu conhecia.

- Ele queria chamar a polícia... para mim?

- Sim! Ele é um homem muito influente aqui. E não quer te ver. Se eu quebrar o contrato, vou ter que pagar uma multa absurda. Então, não abusa! Pegue suas coisas e suma!

Bruno abre a porta do quarto e abaixa a cabeça. Respira forçadamente. Parece estar exausto.

Paula arrasta as pernas e, ao passar por ele, consegue dizer:

- Adeus! Parece que eu também não te conheço...

Ao chegar no corredor, Paula corre até seu quarto. Não entende como as coisas chegaram a esse ponto. Como Frederico conseguiu reverter a situação? Então, eles estavam realmente juntos... Bruno pode estar correndo perigo com aquela dupla. Mas, isso não importa mais. Ela não trabalha para ele... E nem pode se considerar uma amiga. Foi muito humilhada. Deus! Ela foi chamada de ladra!

Tremendo, Paula consegue pegar as malas e começa a jogar tudo dentro desorganizadamente. Não parece mesmo a Paula organizada e certinha. O choro desce pelo seu rosto borrando a maquiagem.

Vai ao banheiro e lava o rosto. Não quer chegar lá embaixo parecendo uma derrotada. Ela está se sentindo assim, mas ninguém precisa saber.

Abre a porta, olha o corredor. Como ninguém aparece, ela corre para chamar o elevador. Quando o elevador chega, Carina, Caio e Vinícius estão saindo de dentro do quarto do Bruno.

Caio a chama. Ela apenas olha. Não sabe o que ele deve estar pensando dela. O elevador se fecha e desce.

Seu coração se aperta e a dor é intensa.

A porta se abre e um Caio desesperado se aproxima correndo.

- Por que você não me espera? O que está acontecendo? - Ele segura em seu braço para que ela olhe para ele.

- Ele não disse a vocês? - Seus lábios tremem.

- Disse, mas não faz sentido. E outra, ele está transtornado. Diferente. Frederico achou melhor adiar a primeira palestra até ele se recuperar. Você o viu hoje de madrugada... O que aconteceu?

- De que adianta eu tentar me explicar se até ameaçaram chamar a polícia? Se eu não for logo, eu serei presa, Caio. E eu não fiz nada de errado.

- Então me diga o que aconteceu.

- Eu preciso ir embora. Eles são os ricos. Eles têm o poder. Você acha que a polícia acreditaria em quem? - Caio a segura. - Por favor... Não torne as coisas mais difíceis.

Ele segura seu queixo e faz com que ela olhe em seus olhos.

- Eu acredito em você. Vamos fazer o seguinte: você faz seu check out e volta para o meu quarto. A gente conversa com calma e vê o que pode ser feito. Topa?

Paula pensa um pouco... Talvez dê certo.

- Topo. E a palestra?

- Foi transferida para a tarde. Temos um pouco de tempo...

- Carina e Vinícius viram você vindo. Eles vão sentir sua falta e vão ao seu quarto.

- Eu ligo e dou uma desculpa.

Enquanto Paula vai até o balcão fazer o check out, Caio vai para o elevador com as malas. Espera por ela.

Tudo resolvido, Paula o encontra na porta do elevador e vão para o quarto de Caio.

Entram. Caio pega na mão de Paula e pede:

- Do começo...

É, pessoal, a intuição feminina é algo que deve ser respeitado!

Deixe seu joinha!

Até logo!

;)

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