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A noite encontrava-se bela em sua escuridão hipnotizante, sendo interrompida apenas pela ilustre luz da grande lua. A sua volta havia nuvens cinzentas, em seu centro possuíam uma amarelada luminosidade. Uma atrás da outra em volta da grande magnitude de sua luz, dissipando-se conforme estendia-se por todo céu. Deslizava-se finos ventos gélidos por todas as direções. A neblina sorrateira prosseguia entre todas as principais passagens e becos. A genuína terra úmida e negra indubitavelmente impregnava-se nas botas de couro denso e sapatos de farrapos dos escravos e vagabundos. Apesar disso, aos olhos de seus residentes naturais a vila se tornara um lar. Mas o que faz o lugar ser um lar? Certamente a resposta para esta pergunta é simples, se assim conseguir ver. Um homem pode deixar tudo que tem para trás e seguir navegando em um barco pelos mares rumo a terras distantes e desconhecidas. O solo rochoso, o intenso inverno e a fome por conta de colheitas ruins são deixadas. Ele pode lutar pelas novas terrar de povos estranhos, pode conquistá-las e desfrutar de seus magníficos tesouros. No entanto, no mesmo homem sempre haverá o desejo de voltar para o lugar de onde veio após conseguir tais coisas. Ele as junta, volta para seu barco e navega de volta a sua casa. O que faz ele voltar? Sua família é o que faz o lugar ser um lar. Verdade seja dita que há famílias piores que os inimigos mais traiçoeiros. Ainda assim, o vínculo permanece forte, mas traçados em fios delicados. Este vínculo por mais tênue que seja é algo considerado sagrado a um homem, pois um homem de verdade protege sua família a qualquer custo e preço. E seu último pensamento sempre estará voltado para seu lar. É imediato identificar no olhar do homem que jamais se deve ameaçar ou tirar a preço de sangue sua casa. A escuridão toma seu coração de vingança, trazendo violência e decisões sem volta.
O jovem esgueirando-se sempre solitário possuía um rosto inocente, mas um cortante olhar, mais afiado que seu próprio coração e transbordava-se em intimidação e malícia ao ser visto pelos moradores de Kattegat. Por alguns era temido e por muitos subestimado, assim sendo também desprezado. Nada disto lhe importava em bons dias, Ivar apenas prosseguia por seu caminho. Em dias miseráveis de seu humor, tudo transformava-se em um grande caos. Suas palavras constantemente vislumbrava-se em raiva e ameaço. Havia uma força dentro de si que não poderia facilmente ser controlada, menos ainda a possibilidade de ser libertada por completo. Apesar de tudo, Ivar ainda era apenas um jovem rapaz, no entanto, trazendo consigo um ardente espírito selvagem. Em essência com amor, ódio e muito pesadamente com amargura.
Seus bravos braços constantemente permaneciam em movimento, um após o outro sem exitar. Quando cessavam-se, mantinham-se por um breve momento, até decidir qual direção tomar. Sem demora, eles voltavam a se locomover e com isto o resto do corpo. Mesmo arrastando-se não deixava rastro para trás, mesmo com a úmida terra negra costumeira de seu lar. Ele poderia ser ouvido se assim desejasse, caso contrário, muito louvável que não. Suas pernas mantinham-se amarradas com grossas tiras de couro para facilitar sua locomoção. Tais membros mostravam-se em total desproporção com o resto de seu corpo. Acima de suas coxas os membros do filho mais novo de Ragnar Lothbrok exibiam-se fortes e saudáveis, mas eram cobertos por sua grossa roupa de couro e linho, com objetivo de lhe proteger do frio e de qualquer terreno que fosse rastejar. Assim como suas mãos, encontrava-se com luvas costuradas em couro rígido cobrindo até metade de seus dedos.
Ao chegar no salão de sua casa, Ivar foi recebido com o costumeiro olhar de sua mãe, que estava na presença de seus outros três irmãos. Todos sentados em largas cadeiras diante de uma longa mesa de madeira. Havia uma farta ceia sob ela e certamente muita bebida. O familiar lugar de Ivar estava vazio, que naturalmente era ao lado direito de sua mãe, localizado na ponta da mesa. Lugar antes de Ragnar, mas com sua ausência por anos, o jovem adquiriu um hábito de estar onde o pai em sua infância permanecia. Ao lado esquerdo de Aslaug estava seu irmão Sigurd, encontrava-se a desfrutar de um cálice de hidromel e um grosso ensopado com carne de coelho jovem. Em frente a ele permanecia Hvitserk e a sua esquerda estava sentado Ubbe. Ivar voltou a se locomover, agora em direção a seu lugar na mesa. Quando finalmente conseguiu erguer-se e sentar-se com uma pequena demora, enfim encarou seus irmãos, que mantinham-se em uma humorada conversa.
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IRONSIDE'S DAUGHTER - VIKINGS FANFIC - I. R. R. Borba
FanficSiggy foi deixada ainda bebê por sua mãe, Porunn, aos cuidados de Aslaug, madrasta de seu pai, o lendário guerreiro viking Bjorn Ironside. Com a dor do abandono de sua mulher, ele se tornou ausente na vida de sua filha. Após a frustrada invasão a Pa...