Recompondo-se - #26

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O próprio Senhor calma e tranqüilidade estava nervoso pela primeira vez em sua vida. Johnny lutava para manter as mãos paradas. Suspirou, ainda assentando na cama colocando a cabeça entre as mãos, miseravelmente.
— Que merda! — O Loiro murmurou. O único barulho que irradiava pelo quarto era o som do chuveiro ligado.
Quando ele entrou no banheiro da suite, o vapor quente já tomava conta de todo o lugar. Laura estava sentada no chão do box, apoiada na parede de azulejos com feixe de água sobre ela. Entrou no chuveiro de roupa e tudo. Suas lágrimas não lhe traziam nenhum conforto. Tinha que sair dali, ir para casa. Se sentia exposta demais. Johnny ao olhar aquela cena se aproximou, assentou junto a ela e a abraçou. Preferiu o silêncio ao dizer a ela alguma coisa. Aquela história toda dela ser agente da SHIELD, o deixou enraivecido semanas atrás. Quando tudo veio à tona ele não pode acreditar. Manteve o que descobriu em segredo, não contando nem mesmo para sua irmã e seu cunhado. Quando a viu na boate na noite passada, pensou que somente se divertiria com ela e depois a descartaria como todas as outras. Seria mais uma na cama de Johnny Storm.... mas um dia o feitiço se virou contra o feiticeiro. Pensou. Laura aconchegou-se sobre o peitoral perfeito dele, a essa altura do campeonato ele também já estava com as roupas molhadas. Johnny se aproximou mais, pondo seu corpo detrás do dela, enquanto que com uma das mãos alisava carinhosamente o ombro da morena afastando os fios de cabelo, depositando um beijo suave no local, sentindo-a estremecer com o contato. Ficaram colados por um tempo sem palavras. Laura quebrou o silêncio depois de alguns minutos, evitando olhar para ele.
— Acho que o banheiro é seu lugar favorito no mundo né?
— Sim — uma leve risada escapou dos lábios do rapaz. — Laura então virou-se olhando diretamente nos olhos azuis-esverdeados e não soube quando precisamente os lábios dele tocaram novamente os seus. Depois do beijo eles se abraçaram e Laura começou a alisar suas costas. Voltaram a se beijar, erguendo-se do chão. Johnny se encostou na parede e puxou Laura para junto dele. Ele deslizou a mão por baixo da blusa da garota e tocou a suave pele da barriga dela. Quente, carinhoso, ele despertava sensações novas nela. Sentia a mão de Johnny sobre suas costas acarinhando, deixando acesa. Johnny sentia o corpo dela se encaixar no seu, e ele podia perceber cada detalhe de seu pequeno corpo...sua respiração quente em meu peito, o cheiro embriagante de seus cabelos, a fragilidade de seus braços envolta do seu pescoço, seu corpo totalmente solto em seus braços.. se deixou envolver nessa sensação de bem estar e se perdeu.
Quando deu por si já estavam na cama dele sobre os lençóis encharcados do "banho". Johnny a puxava ainda mais contra o corpo dele e continuava a enlouquecer com suas mãos e lábios. Minutos mais tarde Laura já estava pronta para voltar para casa. Johnny insistiu para deixá-la em seu apartamento, mas Laura bateu o pé e disse que precisava de um tempo sozinha. Ele a levou até a calçada do edifício Baxter, a morena sorriu a olhou de soslaio para ele.
— Desculpe por te colocar em toda essa situação...
— Olha, — disse interrompendo — para ser sincero, pensei que acabaríamos tendo uma briga feia por tudo que descobri. Mas eu até que gostei demais do nosso reencontro. — Ele virou-se para ela, se aproximando e tocando seu delicado queixo com a mão, fazendo seu rosto se levantar e encará-lo. — Olhe nos meus olhos e veja se estou mentindo.
Laura o fez, e realmente não teve êxito em encontrar mentiras nos olhos azuis-esverdeados do loiro. Eles apenas brilhavam com a verdade. Ele estava esboçando um pequeno sorriso. — Tem certeza que não quer que eu te leve em casa?
— Tenho. — Disse ela acenando para um táxi. — Obrigada por tudo.
— Não sou bom nisso.
— Nisso o que? — disse ela sem entender.
— Em ser o amigo. — Respondeu ele segurando a porta para ela entrar. — Mas posso aprender.
—Jonathan Storm sem malícia? UAU, algo impossível. — eles riram
— Você é muito bom em ser você Johnny Storm. — Disse ela sorrindo e em seguida entrou no táxi e partiu.

Dia de faxina. Comemorando por dentro, sim ou óbvio? Laura levantou e tomou café acompanhado de umas bolachinhas. Arrumou o apartamento colocando cada coisa em seu devido lugar, ficou meses longe dali, graças a Teka seu cantinho não ficou jogado as traças. Tomou um banho rápido após a faxina e quando olhou no relógio já eram 21h45. Pediu comida Japonesa pelo telefone e repousou no sofá mesmo. Na noite seguinte estaria de plantão no Hospital, e a casa tinha que estar nos conformes. Ficou quase 1 ano afastada da residência, e quando retornou precisou de algumas poucas semanas e já estava reintegrada a rotina do trabalho. Amava seu trabalho. Focaria na medicina integralmente. Prometeu a Nancy. Prometeu a si mesma.

Laura ficou boa parte do plantão em cirurgia. Amava quando isso acontecia. Cortar e costurar eram dádivas que lhe foram dadas. Estavam em seu gene. Nasceu para ser cirurgiã. Mesmo com os últimos acontecimentos que a afastaram por meses, sentia que finalmente o sonho estava perto. Não via a hora que sua residência terminaria e finalmente voaria sozinha rumo ao sucesso. A ortopedia lhe deixava apaixonada, pacientemente reconstituía os tendões rompidos do paciente um a um. Após a cirurgia estava radiante e caminhava alegremente em direção ao vestiário dos residentes quando escutou soluços vindos de um dos banheiros que havia no corredor ao oeste. Não era problema seu, deveria ter seguido em frente, mas algo lhe fez parar e adentrar no local.
— Oi? — O som ficou mais alto. — Precisa de ajuda?
— Não...Não... — Murmurou a mulher. Ela estava sentada no chão do banheiro e rapidamente se ergueu. Tinha os olhos azuis tristes, inchados, a pele branca estava levemente corada. Lavou o rosto na pia desviando do olhar de Laura.
— Ok então. — Disse a morena sorrindo sem humor e se retirando do banheiro. Chegando ao vestiário deparou-se com Margareth.
— Ei...parece que viu um fantasma!
— É...realmente...preciso de um café... vamos trocar de roupa e vamos direto para o starbucks?
— Sim senhora! — Respondeu a Médica. Ao terminarem de sair do vestiário depararam-se com a mulher que minutos atras encontrará chorando no banheiro.
A moça passou por elas com a face rígida. Trombou em Margareth e nem ao menos pediu desculpas. Do hospital a Cafeteira as duas médicas foram conversando amenidades do plantão que acabaram de deixar. Pediram dois cafés expresso e se sentaram próximo ao balcão.
—Quem era aquela mulher? — Questionou Laura.
— Quem?
— A esquisita do vestiário.
— É a Dora. Ela é residente nível 2. Queridinha do Jason.
— Queridinha de quem? — Disse Laura incrédula. Sabia que Jason, um de seus supervisores havia sido promovido a médico chefe dos residentes, mas dai que ele estava tendo uma postura anti profissional com uma colega já era demais.
— É, pois é...
— Eu a vi chorando no banheiro mais cedo...perguntei se precisava de ajuda e ela disse que não.
— Ah, ela foi humilhada pela Dra. Carmen, Dora pensa que por estar se envolvendo com um professor, pensa que já está apta a tudo no hospital. — Disse bebericando o café. — Mas hoje ela foi colocada no lugar dela. Acabou de vir transferida e já quer sentar na janela...— Disse Margareth com desdém. — E você me conta, não tivemos muitas oportunidades de conversarmos.
— E já voltei nessa correria... Já estou nova em folha como pode ver.
— E a cabeça? Nova em folha? — Margareth sorriu, mas não era um sorriso sarcástico como de costume.
— Digamos que não tão boa assim. Colocando as coisas no lugar.
— E o lance com Johnny Storm?
— Aquele traste não tem jeito... — elas riram. — Ele é um excelente espécime em extinção de canalha com sentimentos.
— E vocês já...
— Já...??? — Disse Laura com uma cara séria, indiferente.
— Laura, porra, fala a verdade! Não fala que não rolou nada, por que é mentira! - Laura reprimou a vontande de rodar os olhos. Na verdade sua vida sempre fora a base de reprimir sentimentos e ações que ela gostaria de fazer.
—Está bem... — Laura levantou as mãos em sinal de derrota
— Vamos dizer que ele é capaz de fazer uma mulher se queimar...
— Nossa que Homem gostoso! - Disse Margareth. Laura sorriu.
Desviou seus olhos para a janela da Cafeteria, ignorando agora por completo a mulher ao seu lado que falava empolgadamente dos atributos do Tocha Humana. Suspirou, observando o movimento agitado das ruas lotadas de Nova York e sentindo aquela agonia em seu peito que sempre aparecia quando ela pensava em outro loiro de olhos claros.

Continua...

I Knew you were troubleOnde histórias criam vida. Descubra agora