O Retorno - #27

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Era uma noite fria e chuvosa. As gotas golpeavam com violência as janelas do apartamento, ventava muito e a chuva parecia querer castigar as pessoas que andavam desprotegidas pelas ruas do Brooklyn. Incrivelmente não relampeava, mesmo com toda a violência da chuva nem sequer um único relâmpago havia caído. Mas isso realmente não importava.
A TV em sua sala estava ligada no principal canal de notícias da cidade e ele prestava atenção no pronunciamento feito pelo assessor de comunicação e imprensa do Departamento de Justiça do Estado de Washington. A execução bem sucedida de um preso condenado à morte era anunciada naquele momento.
Com um suspiro, o homem ajeitou-se em seu sofá por um momento passou as mãos pelos cabelos dourados, desligou a TV e caminhou para a cozinha. A geladeira encontrava-se semi vazia. A única coisa que havia nela era água gelada e dois ovos. Faria um omelete caso sentisse fome mais tarde. Serviu-se de um copo de água. Retornou da missão há algumas horas e não havia tido tempo para fazer compras. Estava feliz já que os novos vingadores haviam permanecido um período fora do país, foi um tempo de muito aprendizado e experiências com ajuda humanitária principalmente para os novatos.Tristemente, ele retornou para o sofá, sentou-se sozinho, meditando em silêncio. Muitas questões bombardeavam-lhe a mente.
Estava perturbado. Havia tido uma conversa com Coulson que não foi nada agradável. Naquela última semana evitou ir a SHIELD, e acabar sabendo de notícias sobre ela... Laura. Mas isso não impediu de algumas coisas chegarem ao seu conhecimento. Era inútil tentar fechar seu coração para ela. O sentimento ainda resistia.

– Filha ...– Ouviu Nancy murmurar, tocando de leve a cabeça da morena que estava desacordada. – Graças a Deus você está viva. Volta logo para nós. Agora eu só tenho que agradecer e cuidar de você até que se recupere. Tenho certeza que não vai demorar e vamos voltar para casa. - O capitão ouvia aquelas palavras com uma certeza no coração que aquilo haveria de se cumprir. Laura ficaria bem. Assim que saiu do quarto, Steve deteve-se próximo a porta.
- Capitão. - Olhou a sua frente para ver quem o cumprimentava para deparar-se com o Dr. Joshua, um dos médicos plantonistas daquela noite na SHIELD.
- Doutor, - Cumprimentou - como ela está?
- Felizmente ela não corre risco de morte iminente, embora o estado seja delicado. Laura está em coma e não sabemos quando vai sair – explicou-lhe Joshua. – Ela pode sair a qualquer hora... ou ficar assim pra sempre. O melhor a fazer é esperar e ver como serão os próximos dias. Preciso que Ela reaja a medicação e responda ao tratamento. Creio que ela sairá dessa.– disse o doutor respeitosamente.
- Disseram-me que ela estava grávida. Disse tentando se manter inexpressivo.
- Eu sinto muito por tudo isso. Não podemos fazer nada. A gestação era muito recente.
– Tudo bem... – Steve respondeu com um olhar resignado e começou a caminhar sem rumo pelo corredor.

Steve ouviu batidas na porta, lhe tirando daquelas lembranças que tanto doíam.
Dirigiu-se ao olho mágico e logo abriu a maçaneta. Por ela entrou um homem alto, magro lhe oferecendo um sorriso cheio de sacolas. Sam ficou sabendo a pouco tempo que o amigo estava vivo. No início ficou muito irado com toda aquela farsa, mas ao mesmo tempo, ficou muito feliz por ter o amigo de volta.
– Espero que ainda goste de Fastfood.
– Acho que sim. – Disse o Capitão.
– Trouxe umas cervejas também. Como foi a viagem? Como você está? - Sam perguntou caminhando para a pequena cozinha do apartamento.
– Foi tranquila. Eu estou bem. Apesar de estar exausto, quero fazer mais...
– Acho melhor você descansar um pouco, dar um tempo. Eu mesmo estou precisando parar um pouco... - ao ouvir as palavras do rapaz seu sorriso foi morrendo e seu rosto se fechou subitamente.
– Quem é você, e o que você fez com Sam?
– Ah qual é Steve?!
–Você sabe muito bem que as coisas não são tão fáceis assim Sam... - Steve respondeu sério sentando-se no sofá.
- Eu mais que ninguém te apoio, mas em face de não ter férias desde o descongelamento, fora sugiro um chá de sumiço por algumas semanas. - disse o Falcão jogando uma Garrafa long neck. - E você sempre armado até os dentes, você precisa relaxar amigo. Disse antes de dar um gole na cerveja. Olhando duvidoso para a garrafa, pensou se deveria arriscar um gole. Não era chegado em beber apenas saboreava um copo, nada mais que isso, mas naquele momento nem hesitou já que sabia que aquilo não o deixaria alcoolizado graças ao soro do super soldado. Olhou para o outro que sustentava a long neck no ar ainda esperando por uma reação dele. Se sentia cansado como nunca se sentiu antes, pensou que não faria mal se bebesse. E assim o fez. Sem ponderar mais, bebeu. Fez uma careta, pois realmente não estava acostumado a bebidas alcoólicas, mas não pôde deixar de apreciar o gosto que ficara em sua boca após engolir todo o líquido. Era extremamente forte, sim, mas dava uma sensação diferente, de leveza, ou talvez de liberdade?
Batendo palmas o Falcão pegou novamente outras duas garrafas tanto para si, quanto para ele.
− É isso aí! Não foi tão ruim assim, foi? Vamos beber mais um pouco.
− Não, obrigado, eu não quero mais. – Agradeceu gesticulando para que Sam não tornasse a entregar outra Long Neck.
− Ora Steve, é apenas cerveja. Não quer dizer que você vá cair de bêbado se tomar apenas mais este. – Ignorou seus gestos pegando a garrafa de bebida e lançando-a na direção do soldado. Foi dando pequenos goles até que se deu conta de que havia bebido quase todo o conteúdo da segunda garrafa. Os dias se seguiram e Steve inevitavelmente teve de voltar para a base. Havia muitas sensações em estar de volta ali. Agora mais alguns já sabiam de sua "vida": Sam que se integrou ao grupo dos Novos Vingadores, e Thor. Steve realmente achava que tinha colocado tudo aquilo para trás, mas cada canto, cada sombra do Helicarrier desencadiava uma lembrança, o eco de uma risada, a cicatriz de uma dor. Suspirou resignado e andou pelo corredor finalmente chegou a sala de controle, ignorando o vai e vem das pessoas que ali trabalhavam, olhou pela enorme janela. Estrelas. Se havia uma coisa de que sentira falta fora o céu noturno dali de cima. Sem a poluição visual das grande cidades tudo era mais brilhante, mais mágico. Ficou assim, observando as estrelas até que uma voz conhecida o chamou a atenção.
- Seja bem vindo de volta Capitão. - Desviou os olhos das estrelas e olhou para a Agente Hill, que estava sorrindo. - O Diretor está a sua espera.

Continua...

I Knew you were troubleOnde histórias criam vida. Descubra agora