Cap. 8

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Azekel

- Você perdeu a noção? - tento limpar meu rosto enquanto ela ri descontrolada. O que me fez ficar mais irritado.

Pego pelo seu braço e encaro seus olhos negros penetrantes.

- Se você fizer isso novamente...

- E blá, blá, blá. Você não teria coragem, você é um frouxo. - ela se aproxima de mim e sinto cheiro de álcool. Ela está bêbada? Mas como isso foi acontecer? Olho ao redor da cozinha e vejo uma garrafa de whisky completamente vazia no chão.

- O que foi? Eu bebi só um pouquinho assim, ó... - ela faz um gesto de algo pequeno com as mãos.

- Onde você pegou isso? - aponto para a garrafa no chão. Tenho que admitir que a cena seria cômica se eu não estivesse tão bravo com ela.

- Eu achei, mas não sei... Acho que esqueci. - ela faz uma cara de pensativa. - Me abraça. - ela se agarra em mim e como num extinto eu retribuo.

- Você está bem? - ela me olha confusa.

- Não sei, acho que sim. A minha cabeça não para de girar, é normal? - ela me abraça mais forte. - Sabe, eu nunca fui abraçada assim por ninguém e você?

- Eu... - essa mulher me faz cada pergunta que eu nem sei o que falar. Se antes ela era bem ousadinha, agora então com a bebida ela abusa da sorte.

- Não precisa responder, pelo jeito que você abraça, parece que está com o braço quebrado. Eu não faço a mínima ideia de como é que uma pessoa se torna o... A pessoa que você é, mas você não tem a cara de ser uma pessoa completamente ruim, apesar de matar pessoas. Sinto que você é que nem eu, destruído por dentro. - olho para ela que apesar da bebida, suas palavras saem tão singelas e impactantes que parece que ela sabe do que eu já passei.

Olho no fundo de seus olhos e aquele menino correndo, rindo e brincando aparece em sua íris. Esse era eu. Antes disso tudo, existia sim, um garoto que tinha sonhos e esperança mas ele já morreu a muito, muito tempo mesmo e....

- Ei, eu estou falando com você. Nossa que falta de educação. - fala brava. Perdeu totalmente a noção do perigo.

- Como você conseguiu fazer isso aqui? - mostro o prato com as panquecas. - nesses estado e ainda bêbada e porque está perturbando minha vida a essa hora? Eu não sei quando é que eu deixei você se sentir dona dessa porra. Você ainda está presa aqui e não o contrário.

- Você fala de mais. Porque não bebe um pouco e relaxa. Deixa que eu pego para você, é só eu me lembrar de onde eu arranjei esse troço. - ela se afasta de mim e tenta andar mas sua perna quebrada falha e eu a seguro antes de cair. - Puta merda, que dor. Tinha me esquecido completamente da perna quebrada.

- Você não devia ter bebido...

- Obrigado pela preocupação, mas estou bem. Beber e me drogar era o único refúgio que eu tinha da minha porcaria de vida, sabe? A vida nunca foi fácil para mim, mas enfim, essa história é muito triste. Você não vai querer ouvir. E você, como foi sua história? Não, não diga, já sei que é como daquelas história de terror em que você começava a matar bichinhos indefesos por diversão e vai se tornando mais insano com o tempo, até que sentiu vontade de experimentar como é matar uma pessoa e gostou da sensação aí se transformou nesse psicopata que é hoje, acertei? - O quê? onde ela tirou isso tudo?

- Não foi nada disso que você falou.

- Então como foi?

- Eu... - vejo que ela vai amolecendo aos poucos.

- Ai minha cabeça, como dói. Acho que bebi demais. Eu vou... - e assim ela desmaia por completo em meus braços.

A carrego até o quarto e percebo que ela trocou de roupa novamente. Acho que não cairia bem ela ficar usando apenas minhas camisas, mas não posso ficar a tratando com regalias, afinal, a refém aqui é ela, então deve ser tratada como uma.

O Amor De Um PsicopataOnde histórias criam vida. Descubra agora