8 - Baile a Máscaras

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As carruagens vinham em passos apressados, ninguém queria perder nada do baile a máscaras realizado por Nicolau Lobo. Era uma época de carnaval, e os recentes crimes foram meramente esquecidos. A vaidade não poderia dar lugar ao medo. Os músicos estavam todos alojados no interior da mansão. Mas não eram os mesmos músicos que se viam nos bailes do conde Visconde, nem de outros glamorosos bailes; eram músicos esdrúxulos, possuidores de máscaras de animais, como urso, coelho, alce, jacaré. Era uma orquestra completa contendo até mesmo um maestro, um homem com uma máscara de rato.

O salão foi se aglomerando rapidamente e, de repente, estava completamente lotado. O conde contratara vários subalternos para servirem os seus convidados. O barão Visconde, sua esposa e filha também compareceram. Amanda mostrara o total desgosto pela festa. Estava trajada de um escandaloso casaco de pele, veste que sempre adorava usar em ocasiões como aquela.

Todos se perguntavam onde estaria o anfitrião e, de repente, no alto do segundo andar, surgiu Nicolau Lobo com uma máscara de lobo

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Todos se perguntavam onde estaria o anfitrião e, de repente, no alto do segundo andar, surgiu Nicolau Lobo com uma máscara de lobo. A máscara denotava um lobo com um sorriso sarcástico. Muitas pessoas se assustaram ao lhe ver. Amanda estremeceu e sentiu novamente aquele frio que lhe corroer como naquele dia no teatro.

- Bem vindo ao primeiro baile a máscaras desta sublime cidade. Espero que todos se divirtam. Apesar da cidade estar passando por uma situação muito desagradável, peço a todos que não comentem sobre estes horrorosos casos, e que apenas se divirtam. Falar de desgraça traz mais desgraça ainda, e eu sou homem bastante supersticioso.

O taxidermista descia as escadas com sua bengala, e uma canção não tradicional em bailes foi tocada. Tocatta e fuga, de Bach. A música não foi bem aceita pelos os convidados que queriam dançar com seus companheiros.

Não tardou para que viesse até a senhorita Amanda Felipo um nobre cavalheiro para lhe tirar para dançar. Amanda não negou o pedido ao jovem. Era forte e atraente. Poderia se refugiar aos braços dele quando o medo doentio que sentia pelo por Nicolau a acudisse. A jovem não tirava os olhos do anfitrião. Seus olhos o seguiam freneticamente. Dançava Minuet, de Boccherini quando Amanda Felipo desviou o seu olhar do taxidermista. Ao retornar sua contemplação a este, Amanda o perdera de vista, mas logo em seguida o achou, e para a sua surpresa o homem já estava no segundo andar fitando-a amargamente. A máscara estava levantada e apoiada em sua testa; Nicolau Lobo fumava o seu viciante cachimbo e sorria secamente à moça.

Impossível. – murmurou ela. – Há cinco segundos este homem estava ali perto da mesa de jantar segurando sua bengala, e agora está lá em cima. Só posso estar ficando louca.

Mais tarde, Nicolau Lobo anunciou:

- O Jantar está servido. Por favor, não se acanhem; meus subalternos lhes servirão com bom agrado.

A bandeja foi descoberta e os convidados vislumbraram suculentas carnes fatiadas. Era uma carne bem vermelha, mais que o seu natural. Durante a apreciação dos convidados, o conde surgiu trazendo com ele um violinista para tocar air on a g string, de Bach.

O Homem que EmpalhavaOnde histórias criam vida. Descubra agora