Capítulo Final

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Como previsto, Amanda não retornara a sua casa, e o barão visconde, atordoado, esclareceu o sumiço de sua filha ao Xavier Lourenço. Disse-lhe que sumira na noite passada, justamente durante o baile a máscaras realizado na mansão de Nicolau Lobo.

A manhã estava úmida. Muitas janelas ainda se encontravam seladas. Chovera a noite toda, e uma neblina ofuscava a visão De Xavier Lourenço e de João Delbade, um de seus homens, quando subiram a escadaria que dava acesso a porta principal da mansão de Nicolau Lobo e bateram à porta. Seu então subalterno veio até eles recepciona-los. Disseram que queriam falar com Nicolau Lobo, e este pediu para que os aguardassem por alguns segundos. Mas estes segundos na verdade foram longos minutos. Já impaciente, foi quando Xavier Lourenço começou a suspeitar daquele notável artista misterioso. Depois de trinta minutos, o subalterno veio até eles e pediu desculpas dizendo que a sua demora foi por causa da alta canção que o taxidermista estava fazendo em sua sala secreta. Ele não poderia lhe intrometer naquele instante, pois Nicolau odiava. Pediu para que eles se sentassem na poltrona da sala de estar que o artista não tardaria a descer. Então o esperaram por mais dez minutos. Logo depois, Nicolau Lobo desceu para, enfim, conversar com eles.

- Bom dia, Nicolau Lobo. – disse o delegado lhe estendo a mão. Nicolau o cumprimentou e pediu para que os dois se sentassem.

- Que satisfação a sua visita. – disse ele. – O que o senhor deseja?

Havia certo cinismo em seu olhar. Então o delegado disse:

- Primeiramente quero parabenizá-lo pela a noite passada. Muitas pessoas elogiaram o seu baile a máscaras. Fazia tempo que nós não tínhamos um evento tão extraordinário como aquele.

- Obrigado, delegado. Uma pena você não ter vindo.

- Sim, de fato. Tive alguns afazeres e não pude vir. Quando se tem um assassino à solta, um homem da lei não consegue dormir.

- Sim. – disse ele.

- Mas infelizmente tivemos um imprevisto. Um grande abalo.

- Isto não é novidade nesta cidade. Não é mesmo, senhor?!

Aquilo de certa forma ofendeu o delegado. Mas este continuou:

- A filha do estimado barão Visconde, Amanda Felipo, desapareceu estranhamente, e ninguém soube dizer de seu paradeiro. Ninguém a viu sair de sua casa. Ela simplesmente sumiu.

- Que intrigante, senhor. Mas eu não entendi o que o senhor quis dizer quando diz que ela não saiu da minha casa. Por acaso o senhor suspeita de que ela ainda se encontra aqui?

- É uma conjetura.

- Certo. Então vamos procurá-la e acabar de vez com esta conjetura. Talvez ela ainda deva estar perdida em algum compartimento. – disse Nicolau, sardonicamente.

Não abalado, o delegado foi averiguar a sua mansão. E era mesmo uma esplendida mansão com apenas dois andares, porém bem amplos e espaçosos. A mansão possuía vinte e dois quartos, cinco toaletes, dois salões para entretenimentos, sendo um onde o artista realizava seus famosos bailes assombrosos e outro para jogos; continha também à sala de jantar, soberba, por assim dizer, e em seu exterior um lindo gramado ladeado por um contemplante jardim e um lindo córrego artificial, sempre bem conservado assim como suas moitas que lhe ladeavam, podadas divinamente com cautela e admiração.

Nicolau Lobo permanecia em sua poltrona. Prostrado e bastante calmo. Fumava um charuto e molhava os lábios com vinho seco.

Xavier subiu às escadas, cautelosamente, e foi vasculhando cada compartimento da mansão de Nicolau. Todas as portas estavam semiabertas assim como os quartos e outras salas de que ignorava a incumbência. Isso facilitou muito o seu trabalho. Porém uma sala se encontrava cerrada. Justamente a sala secreta do taxidermista. As que se encontravam abertas, Xavier não relutou em pesquisá-las, mas nestas não encontrou relevância alguma.

O Homem que EmpalhavaOnde histórias criam vida. Descubra agora