proud

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Hayes.

O medo de falar em público está na lista dos medos mais comuns na sociedade. O medo de falar em público numa situação completamente desagradável seria um pavor pra mim há algumas semanas atrás, mas hoje eu estava vestindo meu suéter da sorte, hoje eu estava confiante, e orgulhoso para falar da profissão do meu pai.

Tem esse dia, voltado para o dia do trabalho. E na escola é quando trazemos nossos pais à escola para eles falarem sobre sua profissão. Na minha sala, haviam vários pais e várias mães, as demais histórias diferentes eram o bastante para me encorajar.

Essa era a vez de me apresentar e apresentar meu pai, mas meu pai não estava ali.

- Eu sei que hoje é dia de trazer os pais e falar sobre as suas profissões e tal...

- Hayes, você não precisa fazer isso se não quiser - olho para a minha professora que parece bastante nervosa de tocar num assunto que todos acham ser delicado para mim.

- bullshit. Está tudo okey professora March

Mesmo eu garantindo isso ela me olhou insegura, mas então assentiu com a cabeça. Entre todas as professoras, a de matemática era a que eu menos gostava, não que eu não fosse bom em exatas, mas eu sentia certa pressão toda vez que errava a tabuada do 8. Fala sério, a tabuada do 8 é tão desnecessária.

Eu também não gostava de humanas e nem de artes, educação física era quem salvava minha semana. Talvez eu pudesse ser professor de educação física mas acho que meu pai não se orgulharia disso.

- Como vocês sabem, eu não tenho um pai - fiz uma pausa para rirem. Não que aquilo fosse engraçado, mas era um assunto tão comentado quanto o fato da Lady Gaga ser demoníaca, o que era uma merda que já sabiam que era falso mas mesmo assim insistiam no assunto. E essa insistência com meu pai já tava me dando nos nervos, nunca lidei bem com compaixão alheia, era algo desconfortável. Toda vez que me olhavam sentiam pena e eu só queria que se esforçassem pra ser compreensivos tanto quanto se esforçam para sentir pena. Eu havia perdido meu pai e estava lidando bem com isso, qual é, isso não é tão difícil quanto matemática.

- Eu perdi ele quando eu tinha 7 anos, agora eu tenho 12, e não que os anos tenham influenciado em algo mas desde pequeno eu sempre quis ser como o meu pai. Ele contava histórias, me mandava cartas, era algo legal

A Srta. March sorria com carinho assim como os demais pais que estavam sentados nas cadeiras do fundo. E entre os pais da Wendy, estava a minha família. Vovó Trisha, mamãe, minhas tias por parte de pai e Jesy que era como parte da família.

Sorrio para mamãe. Ao redor da sala haviam nossos projetos da feira de ciências, e como um vulcão, mamãe parecia entrar em erupção a qualquer momento com um sorriso que acho que doía suas bochechas. Ver ela orgulhosa dessa maneira era o suficiente para eu me abrir mais para a sala.

Wendy, a garota da primeira fila, eu me sentia aberto para conversar com ela. E foi olhando para ela que contei da vez que meu pai e o resto dos soldados evacuaram uma cidade pequena, e de como ele salvou um filhote de cachorro dos escombros de uma construção. Contei sobre as vezes que ele vinha pra casa, e os últimos dias que passei com ele que pareciam mais um sonho do que lembranças.

Ao passar dos anos eu ia esquecendo tudo e papai se tornava um borrão. Contei então da vez em que eu e mamãe inauguramos seu ateliê de artes e de como ela pintou bem o papai para eu não me esquecer dele, e contei dos quadros na nossa casa que me traziam lembranças boas, contei do quão feliz estávamos sendo.

- E eu bem que queria ser um soldado e salvar o mundo mas isso eu vou deixar com os outros caras. Desculpa papai mas eu vou ser professor de educação física - fiz mais uma pausa para as risadas, e agora até mesmo a mamãe riu.

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⏰ Última atualização: Dec 29, 2016 ⏰

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