Eu queria ser serena como as águas que banham a tua alma
E o teu quintalEu queria ser como as folhas que bóiam com tranquilidade na superfície da tua piscina, lentamente se desintegrando, até criarem nova vida lá no fundo
Eu queria ser como os insetos, que em sua ingenuidade, se banham nas águas azuis de um buraco no chão
E acabam morrendo afogados, de modo tão bonito e silenciosoEu queria ser a serenidade de uma tarde onde o sol se põe lentamente, arrastando suas cores pelo céu feito giz de cera derretido
Queria não ser o cloro e a rede que limpam a piscina
Queria a paciência da morte que a natureza pode dar aos seus indivíduos
Me desintegrar na terra
Ser as asas molhadas de um insetoEu queria poder, mas não posso
Sou o ser mais impotente e desprovido de autoridade que existe
Sou submissa às lágrimas e desejos de outros homens
Sou submissa as minhas próprias confusões e delírios
De mãos e pés atados pelas vontades que existem em mim.

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Eu e o Vento
PuisiColetânea de poesias, crônicas e contos sobre a morte, sexo, amor, drogas e o cotidiano. Não há aqui muito o que dizer, mas há muito o que sentir.