O passado é uma grande sombra

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Saio pela porta da cozinha logo depois de ter discutido com Sophia, corro até a saída de nossa grande casa. A raiva e o medo tomava conta de mim, eu precisava achar papai e sabe onde estava mamãe e principalmente, proteger Matthew. Enquanto caminho até a saída olho para trás e vejo Sophia me olhando pela janela grande da cozinha, sem expressão alguma. Atravessei o jardim, não estava pensando em nada, não tive nem tempo de perceber que a noite estava se aproximando, eu não me importava, só queria sair daquela casa e encontrar respostas pra tantas questões que surgiram no meu grande dia.

Passei por várias casas, muitas pessoas, não conseguia focar em nada. Tive que parar para pensar

"Onde papai pode estar?"

Me concentrei em buscar algo na minha mente que pudesse me ajudar.
Continue andando, com passos largos e apressados. Encontrei o bar, não era um simples bar, era o mais caro e movimentado da cidade, sempre que os homens dali conseguiam um dinheiro à mais iriam para lá, deixavam de comprar comida e tecidos bons para sua família apenas para beber um bom wisky. O bar estava aberto, sempre estava aquelas horas. Estava parada de frente à porta marrom e grande, meus sapatos estavam machucando meus dedos e o chão de terra e pedras das ruas não estavam me ajudando muito.

Sempre que papai precisava resolver assuntos importantes ou qualquer outra coisa, esse é seu ponto de encontro e onde vários homens perderam a vida discretamente, sem tiroteios, gritos, pânico... Se foi papai que matou? Eu não sei... Prefiro acreditar que papai não é um assassino, mas Sophia tem razão, ele faria tudo pra proteger sua honra.

Até mesmo... Machucar Matthew.

Caminhei até a porta, levantei um pouco as barras do meu vestido longo para subir os degraus pequenos que levam até a porta. Parei em frente à porta, respirei fundo. Se papai estiver ali, mamãe também vai estar, preciso de respostas e evitar o pior.

Abri a porta, haviam mulheres quase nuas, com vestido bem colado no corpo possibilitando observar cada curva de seus corpos, um decote generoso deixando quase todos seus seios à mostra. Todas andavam rebolando, mexendo o quadril para provocar seus clientes, elas serviam e levavam olhares de vários homens, ricos, bonitos, pobres, feios...

— Está procurando alguma coisa por aqui, Docinho? — Uma mulher pergunta para mim.

A mulher aparentava ser nova, deveríamos ter a mesma idade, ela estava vestindo um vestido curto para aquela época, cor vinho em cima dos joelhos com um rasgo nas coxas. Um decote não tão grande como os das outras moças, pelo o que deu para ver não havia tanto para mostrar na frente, seus cabelos eram lisos e estavam amarrados num coque, sua pele era clara com um tom rosado, seus lábios pequenos e rosados, pele lisa, sobrancelhas finas e olhos castanhos. 

— Estou procurando Albert Walter. — Digo rispidamente

A mulher sorri maliciosamente para mim

— Sr. Walter, huummm... — ela me analisando de cima à baixo— O que a garotinha quer com aquele homem?

— Ele está aqui?— ignoro a pergunta e o sarro dela

— Talvez... Primeiro me diz o que você quer com ele

Minha raiva estava subindo nos olhos naquele momento.

— Eu perguntei se ele está aqui

— Você é uma garotinha muito má educada hein, responda minha pergunta  e eu responderei a sua.

Olhei em seus olhos, sua expressão serena me irritava. Ignorei o que ela disse e ela continuava olhar pra mim. Olhei para a escada que dava até à parte de cima do bar, papai deveria estar lá.

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