O Primeiro suspiro

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Quando finalmente consegui parar de chorar Sophia me levantou.

- Vamos Val, vem cá - ela me levantava enquanto eu não sentia um músculo sequer do meu corpo, estava simplesmente dormente tanto por fora quanto por dentro -Vou te levar pra casa.

Levantamos, me apoiei em seus ombros, ela segurava em minha cintura e no meu braço em cima de seus ombros, me sentia dentro de um pesadelo. Caminhamos calmamente, tirei meus sapatos, borrei a pouca maquiagem, não conseguia enxergar claramente por conta das lágrimas então deixei Sophia me guiar, levar meu corpo em qualquer direção.

Chegamos em casa, papai não estava mais por lá, não me importava, Sophia me levou até meu quarto

- Obrigada...

Me soltei dela, sentei em minha cama, ficamos em silêncio...

- Vou deixa-la sozinha. - se aproximou de mim, deu-me um beijo em minha testa e saiu do quarto.

Assim que a porta se e fechou percebi que estava complemente sozinha, lágrimas vieram à tona novamente, não tentei segura-las, deixei cair, e caiu inúmeras lágrimas, me joguei em minha cama, abracei um dos travesseiro brancos e deixei toda minha dor vim, não tinha como lutar contra, nem ao menos tentei. Não foram só lágrimas que caíram, eu também caí. Fiquei assim por um bom tempo e então dormi, era a única coisa que eu poderia fazer: dormir, ter bons sonhos, fugir da realidade.

Lembrança
Era verão, papai adorava fazer piquenique nessa estação do ano, convidava amigos, comparsas, pessoas bem de vida.

- Você prefere o Turquesa, Salmão ou o preto? - diz Sophy segurando dois vestido na mão esquerda e um na direita.

- Não se deve usar preto em um piquenique, Sophy, eu diria o Salmão.

Sempre adorei cores claras em Sophia, combinava com seu tom de pele, realçava seus cabelos e olhos negros e a deixavam corada, adorava ver tom rosado em seu rosto.

- Ok, vou usar o preto.- Sophy se vira e sai do quarto no mesmo momento.

Reviro os olhos, deveria ter escolhido o preto, Sophia além de teimosa era do contra.
Sophia estava com 14 e eu com 16, certamente papai iria querer nos apresentar para os filhos dos burgueses. Nem eu nem Sophia queríamos isso, talvez por isso Sophia tenha escolhido o preto, então fiz o mesmo: escolhi meu vestido mais simples e que deixasse claro que não quero nenhum burguês me cortejando.
Pego meu vestido rosa claro, quase desbotado por conta das lavagens constantes e claro, por ser o mais velho de todas minhas peças de roupa. Me visto, coloco minhas sandálias cor de pele. Amarro meu cabelo em um coque simples no topo de minha cabeça, olho pela janela da sacada e vejo convidados chegando no jardim principal. Saio de meu quarto e passo pelo de Sophia, bato 3 vezes na porta e a abro, ela estava pronta, apenas ajeitando um lado do cabelo que estava mais rebelde que o outro, entrei e ajudei com algumas presilhas.

- Você está terrivelmente linda, não tem como lhe deixar feia, até esse vestido velho e preto fica maravilhoso em você. - Digo olhando para ela pelo espelho, a viro - Agora temos de ir, convidados estão chegando. -Digo e a puxo para fora do quarto.

- Val... - Diz Sophia enquanto andamos pelo enorme corredor de casa.

- Sim? - Assim que respondo ela para, me viro para ela e vejo tristeza em seu olhar.
Ela suspira

- O que houve? - Pergunto segurando em seu rosto tentando faze-la olhar para mim.

- É o...

- Marcos?!- Pergunto já sabendo da resposta.

Foi nesse tempo que Sophia tinha entendido o que era se apaixonar, ela estava apaixonada por Marcos, amigos de infância, nasceram grudados um ao outro, sempre foi assim, Sophia deixava de brincar de boneca comigo e outras garotas para brincar de tacar pedra nos vizinhos com Marcos, papai a proibiu várias e várias vezes de brincar com Marcos, desde pequenos sabíamos que nada nem ninguém iria conseguir separar esses dois... À não ser eles mesmo ou a paixão errada de Sophia por seu amigo de vida.

CaídosOnde histórias criam vida. Descubra agora