Meu Garoto

Uma história triste

Havia se passado quase um mês desde que eu soube que Natsu e Nashi virão para cá, eu realmente estava tentando levar isso normalmente, mas várias coisas vinham a minha mente e eu nunca parava de pensar no que aconteceria.

"Por que eles resolveram vir?" "Logo agora que eu me recuperei de todo o mal que ele havia me feito..."

Frequentemente me via fitando as minhas cicatrizes, eu não queria pensar naquilo, doía muito saber que a pessoa que me fez entrar em depressão e fez eu me sentir um lixo simplesmente viria na minha casa. Eu não conseguia lidar com isso, mas graças ao Mark que começou a passar muito mais tempo comigo, conseguia esquecer e me sentir bem em muitos momentos.

- URIIIIII!! - Mark corria em minha direção quando ele chegou em minha casa.

Já era muito acostumado a vir aqui, minha mãe simpatizou com ele e além de vir para as aulas eu o chamava frequentemente para fazermos algo juntos. Eu realmente nem pensava em que aquele garoto de sorriso doce era apenas um menino.

- Aish! Você faz muito barulho pirralho! - Resmunguei enquanto o mesmo me abraçava. - Vamos logo por que vamos sair depois da aula.

Seus olhos rapidamente se iluminaram e mais uma vez me abraçou só que com mais força. Subimos para a aula e ele me mostrou que já havia dominado completamente a coreografia que tanto ensaiamos.

- Então continuaremos com K-pop? - Pergunto enquanto ele dançava ao som de uma música eletrônica.

- Aham, que tal Bigbang dessa vez? - Me pergunta passando um pano em seu rosto encharcado de suor.

Conversamos por muito tempo e dessa vez seria diferente, usaremos Bae Bae do Bigbang e eu farei uma coreografia diferente da original e ele me auxiliaria. Começamos a formar passos e rimos de varias besteiras que fazíamos. Quando concordamos que já estava bom por hoje fomos nos arrumar para sairmos e decidimos no Pedra, Papel e Tesoura quem tomaria banho primeiro.

- Aish! Você sempre ganha! - Reclamo já indo em direção ao guarda-roupas.

- Eu sou melhor simples. - Ele diz e solta uma risada debochada.

- Abusado. - Murmuro e começo a escolher uma roupa para sairmos.

Quando ele sai do banheiro e o vejo novamente de toalha o fuzilo com os olhos e o mesmo entende.

- Você continua fazendo isso! Um dia ainda te pego garoto! - Digo e logo depois o vejo com um sorriso malicioso.

- Hum, me pega hein. - Ele diz e arregalo meus olhos e ele ri. - Calma to só brincando Uri.

- Como se eu fosse capaz de fazer algo com uma criança. - Digo mas para mim do que para ele.

Quando enfim estávamos prontos, saímos e fomos a um dos meus restaurantes favoritos. Começamos a conversar sobre várias coisas que gostávamos e outras que não, mas então o fato de eu não conhecer sua vida pessoal me incomodou.

- Mark... Posso te perguntar algo? - Pergunto com um certo medo de sua reação.

- Claro Uri.

- Quem era sua família? E por que você nunca me falou sobre isso? - Pergunto e vejo sua expressão mudar de felicidade para tristeza.

- Uri... Você realmente não vai querer saber...

- Claro que eu quero! Você não percebeu ainda que eu me importo muito com você? - Digo e o mesmo me olha surpreso.

- Ok... Então se prepara que a história é longa. - Ele diz e se ajeita na cadeira. E eu apenas afirmo com a cabeça. - Bom... Meu nome completo é Mark Jr. Coolen, quando lhe disse que eu não tinha família eu menti, eles que fingiram nunca ter tido um filho... Tudo começou quando eles descobriram que sou gay, e minha família achou o maior pecado, começaram a me maltratar e a dizer varias palavras ofensivas diariamente... Nunca tive boa relação com eles, mas quando descobriram isso realmente aquela casa tornou-se um inferno. Na escola comecei a sofrer com meus colegas que me agrediam fisicamente e verbalmente. Meu pai começou a me bater todos os dias e me impedia de sair de casa, eu só podia ir para a escola... Minha mãe parou de me dar comida e fingia que eu não existia. Mas um dia cansei daquilo tudo e peguei uma quantidade de dinheiro que eu escondi para casos de emergência. Fugi de casa e me vi sozinho na rua... Então decidi vir para cá. Achei uma escola que me aceitou mesmo eu sendo de menor e passei a morar com uma amiga com quem divido as despesas. - Ele parou e suspirei. - Mas tudo que eu consigo fazer é trabalhar e ficar me martirizando... Menos quando estou com você. Eu consigo me sentir realmente bem quando estou com você.

Ouvi tudo aquilo calado e sem pensar em nada, apenas me levantei e o abracei. Não imaginava que aquele garoto sorridente tinha uma história tão triste... Eu realmente me senti me senti horrível por não ter perguntado antes. Depois de um longo abraço o eu o olhei e percebi que estavam nos olhando, mas não me importei. Eu apenas queria protege-lo e não permitir que nada nem ninguém o ferisse.

- Vai mudar comigo? - Me surpreendo com a pergunta sem sentido que ele faz.

- Não Mark... Não mudarei. Apenas não vou deixar você se ferir de novo.

Eu o chamei e fomos para minha casa, não queria deixa-lo ir, não hoje.