Ele sofre também

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Eu conversei com Nashi e esclareci as coisas. Ela por sua vez foi bem mas calma e entendeu tudo. Disse que já sabia que rolava alguma coisa que eu escondia mas não perguntava por não querer me irritar. Acabamos tendo uma longa conversa e muitas risadas.
Ela foi embora no dia seguinte e disse que nos visitaria novamente em outra oportunidade.

Na semana seguinte Mark se mudou para minha casa, e com ele veio um ar mas alegre e animador. Eu o buscava e o levava na escola já que era no caminho para a faculdade.

Ele e meus pais se deram muito bem, meu pai passou a tomar as decisões por ele já que ele ainda não era adulto. Mark estava feliz por morar conosco e nós por ele ser um garoto tão gentil e alegre mesmo com suas dificuldades.
Mark deu satisfações a sua antiga patroa e se demitiu. E ele anda estudando muito e sempre falamos com Gabi.

. . .

Hoje irei buscá-lo mais cedo na escola e o levarei para passear. Não o avisei mas já liguei para a diretora que me avisou que ele não teria todas as aulas hoje.

Vou entrando na escola e vejo um grupinho de meninos amontoados em um canto gritando euforicamente por alguma briga. Me aproximo por curiosidade e me surpreendo ao ver o que acontecia ali.

Um garoto alto e com alguns músculos estava batendo em Mark enquanto lhe dirigia ofensas. Mark estava encolhido no chão calado e chorando.
Me aproximo mais e o garoto estava pronto para acertar outro soco no rosto dele.

- Seu gay de merda! Como pode se considerar homem? Você merece morrer seu verme nojento! - Ele diz enquanto cerrava o punho mais uma vez.

Quando ele estava pronto para acertar Mark seguro sua mão e o empurro fazendo-o me olhar surpreso. Olho para Mark que ao me ver chora mais ainda.

Estendo minha mão e o mesmo a pega e levanto ele. Começamos a caminhar e o abraço mas o garoto de antes volta a proferir ofensas.

- Isso mesmo! Fuja seu gayzinho de merda! Espero que você seja expulso seu nojento. - Ele diz e iria continuar mas uma voz o interrompe.

- Não senhor William... Quem será expulso é você. - Uma mulher bem vestida e de postura autoritária diz e se aproxima. - Todos vocês na sala de detenção agora!

Os garotos caminham de cabeça baixa e não ousam nos dizer nenhuma palavra sequer.

- Mark você está bem? - Ela pergunta enquanto se proxima dele passando a mão em seu rosto.

- Estou sim diretora... Só preferi não bater neles... Não acho que seja certo pagar o mal com mal. - Ele diz e sorri.

- Mas poderia se defender ou pedir ajuda... - Eu digo.

- Não Uri tudo bem não foi nada.

- Vocês poderiam vir comigo? - A diretora pede e assentimos.

Caminhamos pela escola em silêncio até a enfermaria. E lá a enfermeira murmura um "Você de novo" quando vê Mark e o examina. Enquanto Mark está com a enfermeira eu converso com a diretora.

- Sr. Yuri... É realmente difícil estar na posição dele... Eu o aceitei aqui sem a autorização dos pais pois ele realmente quer estudar e se esforçar... Mas esse tipo de meninos nunca o deixam em paz. - Ela para e suspira. - Como o ano está perto de acabar... Aconselho você a colocar ele em uma instituição onde tenham mais pessoas a disposição para cuidar dos alunos.

- Sim... Realmente quero que o ajudem... Eu passei por isso e sei como é difícil.

Depois de muito tempo conversando com ela fomos embora. Ficamos em silêncio por algum tempo mas logo começamos a voltar ao normal quando ele pede para ir até o lago da cidade.

Ao chegarmos lá paramos e fitamos o céu. Ele estava pensativo sobre algo então resolvi conversar com ele, mas sem chatea-lo.

- Annn... Mark... - Ele vira o rosto para mim e eu olho para aqueles olhos tão lindos. - Por quê eles estavam te perturbando?

- Por quê eles pegaram meu caderno de anotações e leram em voz alta na sala e todos sabem de muitas coisas minhas agora... - Ele diz cabisbaixo.

- Você fala sobre alguém que você gosta? - Pergunto me lembrando do que li.

- Mais ou menos. - Ele diz dando um sorriso fraco.

- Mark, olha eu sei que não sou a melhor pessoa para lhe dizer isso mais... Você é um garoto realmente incrível e eu queria ter a sua força. Mas não se deixe ficar triste por causa de comentários preconceituosos sobre uma coisa tão normal que é você ser gay. E olha se você gosta de alguém apenas admita e não deixe com que esse tipo de pessoa o irrite. - Digo e ele sorri e eu realmente fiquei feliz por vê-lo sorrir.

- Você é realmente o único que me deixa feliz Uri. - Ele diz e me abraça. - O único que se importa comigo...

Ficamos abraçados assim por um bom tempo. Depois fomos comer algo. Que no caso do Mark é passar em todas as barracas de comida. E depois de darmos um divertido passeio voltamos para casa por que teriamos mais treino.

Meu GarotoOnde histórias criam vida. Descubra agora