Por que ele?

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3 meses depois

Eu estava na escola dando mais uma longa aula de dança aos meus alunos, havia combinado de ir com Mark no nosso restaurante favorito. Eu estava ansioso pois não saíamos a umas duas semanas e Mark devia estar triste.

- Professor. - Um de meus alunos me chama, arrancando-me de meus pensamentos. Olho para ele e ele aponta para a porta da sala onde havia um policial. - O policial que falar com o senhor.

- Obrigado. Meninos façam alogamentos até eu voltar. - Digo e eles fazem um burburinho de curiosidade, provavelmente pelo policial na porta.

Caminho até o policial e o mesmo me encarava com uma expressão séria, porém percebi preocupação em seu olhar.

- Yuri Rokka? - Ele pergunta e afirmo com a cabeça. - Podemos conversar no corredor? - Ele pergunta e afirmo saindo da sala com o mesmo.

- De que se trata? - Pergunto já aflito.

- Sobre Mark.

- Ele fez algo? - Pergunto preocupado.

- Não senhor... Ele está no hospital e seus pais pediram para eu lhe informar, já que fui eu quem o socorri. - Diz e olho para ele atordoado e percebo manchas de sangue em seu uniforme.

- O que aconteceu? Por favor me diga! - Peço entrando em desespero.

- Ele... Ele foi espancado por 5 jovens quando voltava da escola...

- Por que?!

- Ao que parece um deles era ex colega dele... Um que foi expulso por que o agrediu uma vez. Um rapaz chamado William...

- ELE O QUE??? - Me altero mais ao lembrar que falava com um policial tento me acalmar. - Por favor me perdoe pelo meu comportamento. Apenas me conte o que aconteceu.

- Tudo bem. Entendo o que você está sentindo não irei julgar seu comportamento. - Ele para e suspira. - Ao que parece ele voltava da escola e esse grupo o cercou e o levou a um beco deserto. Esse rapaz foi o que deu ordens para todos o espancarem, assim bateram nele até o mesmo ficar inconsciente e os moradores da região ligaram para a Polícia ao ouvirem os gritos e a barulheira. Cheguei a tempo de leva-lo ao hospital. Ao ver a carteira de identificação escolar dele liguei para a escola e pedi o contato da família. Assim que liguei para seus pais eles foram ao hospital e me pediram para lhe avisar do acontecido e te acompanhar até o hospital. E não se preocupe avisei ao seu chefe que terá que ficar fora por hoje.

- Muito obrigado por me ajudar com isso... E por levá-lo ao hospital... Podemos ir agora? Irei apenas avisar as crianças que podem ir embora.

- Claro.

Após isso entro na sala e vou até as crianças que ainda se alongavam ao som de batidas alegres.

- Pessoal por hoje vocês estão liberados. Eu tive um imprevisto e terei que sair. Pratiquem em casa o que lhes passei. - Disse forçando um sorriso já que queria chorar.

Todas as crianças foram reunindo suas coisas e saindo aos poucos se despedindo de mim. Assim que todas saíram eu tranquei a porta e levei a chave até o diretor. E após ele me dizer que eu estava liberado no dia seguinte também eu fui com o policial até seu carro.

- Você sabe se o motivo foi apenas por aquele "garoto" ter sido expulso por causa do Mark? - Pergunto ao policial que estava concentrado em dirigir.

- Pelo que ouvi das testemunhas eles gritavam comentários homofóbicos para Mark, o que me leva a pensar que um dos motivos seja por ele ser gay...

- Meu Deus... - A esse ponto eu já não aguentava mais então comecei a chorar. - Esses malditos foram apreendidos pelo menos? - Perguntei entre soluços.

- Apenas 2 os outros 3 fugiram antes que chegássemos ao local. Se não me engano um desses dois é de maior e o outro tem 17 anos. Ou seja já respondem. Estamos tentando descobrir o paradeiro dos outros já que os "amigos" deles nos contaram tudo por medo. Já estamos os procurando e viaturas já foram mandadas até as casas deles.

- Por que isso foi acontecer logo ao Mark... Por Deus! Eu não acredito que ele esteja passando por tudo isso...

- Calma meu jovem. Não sei bem como te confortar. Mas apenas tenha fé de que ele estará bem.

Após esse comentário agradeci e continuei chorando em silêncio até chegarmos ao hospital. Ele me levou até a sala de espera que meus pais estavam. Passei direto por ele estar comigo. Assim que vi meus pais sentados na sala de espera corri até eles e assim que me viram correram até mim também e me abraçaram com toda a força que tinham.

- Filho... Vai dar tudo certo... Tudo vai ficar bem... Você vai ver... - Minha mãe tentava falar enquanto tentava parar de chorar.

- Onde ele está? Como ele está? - Pergunto aos meus pais.

- Ele está em cirurgia... Ao que parece ele está com fraturas por todo o corpo e perdeu muito sangue devido a uma facada que um daqueles delinquentes deu... - Meu pai disse enquanto minha mãe tentava me acalmar.

Claro que não funcionava, eu me desesperava a cada minuto longe dele, queria estar ao lado dele, lhe dando forças e dizendo o quanto o amo. Mas de repente tudo escureceu e só pude ouvir um grito desesperado de minha mãe e tudo ficou em silêncio.

. . .


Mark me abraçava enquanto riamos feito bobos. Estávamos na praia, olhando o mar e conversando sobre coisas aleatórias e sem sentido que só nós entendíamos. De repente Mark sumiu e me vi sozinho e desesperado.

- Yuri! Acorde por favor meu filho! - Meu pai chamava ao meu lado.

- Pai? O que aconteceu? - Pergunto confuso ao ver que estava em uma maca hospitalar.

- Você desmaiou e não acordava por nada! Ficamos muito preocupados filho. - Meu pai falou e percebo que ele estava aflito.

- E Mark pai? Como ele está? O que aconteceu? Como foi a cirurgia? - Pergunto desesperado.

- Calma filho... A cirurgia foi bem sucedida, ele está no quarto, mas só poderá receber visitas amanhã. - Ele disse e eu me levantei aliviado.

- E os desgraçados que fizeram isso com ele? - Pergunto sentindo a raiva instalar-se em mim.

- Todos foram pegos menos o William... Ele tentou fugir da polícia e dirigiu em alta velocidade... Mas acabou se envolvendo em um acidente e morreu.

- Bem feito para esse desgraçado! - Digo sentindo uma pontada de felicidade.

- Não diga isso filho, ele era sim um rapaz problemático mas imagine a dor de sua família? Ter que lidar com o crime que seu filho cometeu e agora ter que enterra-lo? - Meu pai me repreende e sinto-me envergonhado.

- Desculpe pai... Só estou com raiva por tudo isso estar acontecendo com o Mark...

- Tudo bem filho... Irei em casa pegar algumas coisas e sua mãe ficará já que Mark é de menor e precisa de acompanhante. Você vem comigo?

- Não pai... Quero espera-lo acordar... Assim que ele acordar vou para casa descansar.

- Tudo bem filho. Até mais tarde. - Ele se despede e vai embora.

Vou para a sala de espera e lá fico com minha mãe. Passamos toda a noite lá.

Meu GarotoOnde histórias criam vida. Descubra agora