- Olhos Negros -
Não sei quem sou, ou por que estou aqui, tudo que me lembro é de ter acordado nesse lugar… Não tenho nada além de minhas roupas, não há sinal algum de vida humana pelas redondezas, me sinto só, desconfortavelmente só e perdido nesta imensidão verde. Era como um paraíso à princípio, vi vaquinhas pastarem, procurei por seus donos, mas para meu desespero vi que elas eram minha única companhia…
Resolvo não permitir minha morte em um lugar tão distante, arrumei madeira de árvores cujos galhos consegui quebrar à mão, encontrei, por perto, carvão mineral; estava bem próximo à entrada de uma caverna na qual atrevi-me a aventurar. Construí uma cabana robusta, ao lado de um lago, um lugar lindo que por um breve momento confortava minha solidão. Fiz de tudo para me sentir em casa e me conformei com o que havia feito era pouco, mas era suficiente, com lã de ovelhas que pastavam próximas aos campos, consegui fazer uma espécie de cama, me orgulhei do que fui capaz de fazer.
A noite se aproximava e eu me preparava para passar o primeiro dia perdido em meio ao nada, quando vi um vulto passar por entre os vãos da madeira -Seria minha imaginação? -pensei.
Tentei dormir, mas voltei a ver o vulto, minha curiosidade e desejo de encontrar outra alma viva me impulsionou ao escuro, a paisagem agora era diferente, o paraíso deu lugar a um limbo inóspito, senti medo e quis voltar para a segurança do meu abrigo, no entanto, de longe, vi aquele vulto… o que era? Nesse momento e de longe vista, me parecia apenas um homem. Corri em direção a ele me afastando de meu abrigo e ao me aproximar notei algo diferente nele: Ele não possuía braços. Receoso me aproximei mais…Desta vez de forma oculta, queria vê-lo, mas não queria que me avistasse, meu coração acelerou quando cheguei perto demais e um raio caiu do céu atingindo uma árvore próxima, o fogo que surgiu me fez ver dois olhos vazios e sem expressão vindos daquela criatura grotesca, senti medo, não era humano. Me afastei (a essa altura sabia que era melhor voltar ao abrigo e me convencer que fora apenas um sonho), me recusava a olhar para trás, mas vi sua silhueta se mover em direção a mim, nesse momento começou a chover, parecia que todos os elementos haviam se voltado contra mim, o fogo que iluminava o ambiente se apagou e perdi de vista a criatura.
Neste momento, com um frenesi de medo, corri em direção ao meu abrigo, eu era capaz de ouvir passos que me seguiam, estava com muito medo, parecia que meu abrigo, outrora tão próximo, havia corrido de mim, se afastado uns 3 km de onde o havia deixado. Quando finalmente cheguei, estava ofegante e encharcado, nunca sentira tanto medo assim, temia por minha vida e pensava naqueles olhos vazios… o que era aquela criatura?
Senti-me seguro por cerca de dois minutos quando ouvi passos, minha pequena cabana não inibiria a entrada daquele ser estranho de pele verde escamosa, sai com um galho de árvore em mãos e uma tocha improvisada que fiz com o carvão e a madeira que tinha; crio coragem e me lanço para fora. Chovia muito e raios estavam caindo com frequência assustadora, olhei em volta em busca da criatura, não havia nada além da escuridão da noite, do tímido feixe de luz de minha tocha e dos berrantes clarões dos raios no céu, que faziam o ambiente parecer cinzento.
Olhei para trás aliviado por pensar que fosse minha imaginação, mas dentro da cabana, (imagine meu susto!) lá estava ele, estava escuro, mas fui capaz de perceber sua ausência de braços, seus olhos vazios e penetrantes, era alto e tinha quatro pernas bem curtas, não estou certo quanto a isso, mas parecia ter uma pele escamosa e verde…
Ele se aproximou de mim lentamente, eu estava paralisado de medo, seu olhar me petrificou, fiquei imóvel, suava muito e estava certo de que morreria, a criatura aproximou-se mais, cheguei a caminhar para fora mas não conseguia mover-me mais. Aquilo me seguiu para fora, a chuva forte apenas intensificava meu medo, não tive reação, aquilo se aproximou ainda mais, agora já podia vê-lo claramente, mas teria escolhido não o tê-lo visto, sua aparência me atormenta, a situação era arrepiante, gritei subitamente de medo e a criatura com seu olhar vazio e negro, apenas emitiu um som: Shhhhhhhhhhhhhhhhhh…
Me calei, nesse momento fechei os olhos e munido do galho que tinha em mãos, ataquei a criatura que correu rumo às sombras da noite… em seguida jurei ouvir uma explosão… mas me faltou coragem para ver o que havia acontecido. Que lugar louco é esse onde estou?
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Histórias de Terror
HorrorSão histórias de Terror, para quem ama filmes ou simplesmente uma história daquelas que arrepia todos os pelos do corpo, lembrando que estas histórias são de páginas que curto no Facebook, sou viciada em histórias aterrosantes