O gato

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- Não tenha medo da escuridão -

Em uma fria e escura noite de domingo, Christine acabara de despedir-se de seus pais, que haviam saído para ir em uma festa de casamento. A menina estava deitada na cama de seu quarto, com seu gato Felix, deitado em cima de seus tornozelos. Christine estava a ler um livro, quando começou a sentir sede. Resolveu pegar um copo d’água na cozinha.

Ela levantou-se da cama e arrumou os lençóis, dizendo para o gato  - Já volto, irei tomar uma água. E o simpático gatinho preto olhou, com seus olhos grandes e amarelos, para o rosto de Christine, dando a impressão que estava concordando.

A  casa da menina era grande e fria. A cada passo, uma sensação gélida surgia dos seus pés até sua cabeça, como um arrepio congelante. Christine descia as escadas com pressa pois estava sozinha em casa, e estava muito escuro.

Quando chegara na cozinha, uma brisa sombria atravessou a fresta da janela, fechando a porta da cozinha levemente. Christine enquanto colocava água em sua caneca, percebeu que a porta se fechou, e logo foi abri-la novamente. A porta foi aberta, porém, uma coisa Christine notou: O tapete que cobria os degraus das escadas estava desarrumado.

Sem se importar, a menina quando terminou de beber a água, deixou o copo em cima da pia e logo caminhou até a porta da cozinha. Quando saiu de lá, ouviu seu gato miando muito alto, um miado de dor, de desespero. Um miado sombrio.

Christine se apavorou e exclamou:

- Felix, o quê aconteceu?! Estou indo, estou indo!

Enquanto subia as escadas desesperadamente, ouviu algo se quebrando no banheiro. Mas não se importou, queria saber se seu gato estava bem, acima de tudo. Christine chegou em seu quarto… E nada viu. Apenas seu livro rasgado, mas não eram as garras de seu gato que haviam arranhado o livro… Eram garras enormes, a profunda marca deixada no livro fez Christine ficar totalmente em pânico.

Olhou pela janela, e nada viu. Pegou seu celular que estava em cima da escrivaninha, porém, ele não ligava. O mesmo com o telefone que ficava no criado-mudo, ao lado de sua cama.

Christine começou a ouvir gemidos baixinhos, ecoando em sua grande casa, e não pensou duas vezes. Trancou a porta de seu quarto, e se cobriu com o edredom em sua cama, rezando para que seus pais chegassem logo.

Embaixo do edredom, Christine percebeu que aquele gemido, na verdade, era uma melodia. Uma melodia sádica. Uma melodia sombria.

Aquilo ia ficando mais alto, como se estivesse se aproximando lentamente. As lágrimas escorriam pelo rosto de Christine, mas como no livro que ela estava lendo, ela tinha que ser corajosa e enfrentar o problema.

Christine rapidamente jogou o edredom para longe e levantou de sua cama. Ela abriu a porta rapidamente, e exclamou:

- Quem está aí? Apareça!

A melodia parou. Christine olhou para ambos os lados do corredor, que estavam escuros, porém, não viu absolutamente nada. A menina lembrou do barulho que escutou vindo do banheiro, e em uma atitude corajosa, foi ver o que havia acontecido.

O banheiro estava em um estado sádico. O cheiro de carne podre naquele local era evidente. Christine olhou para a banheira, e lá estava o seu gato, boiando na água, com os olhinhos fechados e uma expressão evidente de medo. Christine tentou ressuscitá-lo, porém, ele não dava mais sinal de vida.

A menina se desesperou, e logo desceu as escadas novamente para sair da casa e buscar ajuda. A porta estava trancada, e a melodia logo voltou.

A menina chorava e gritava desesperadamente, pedindo ajuda, mas a casa estava totalmente fechada. Logo, todas as luzes se apagaram. A melodia parou. Christine fechou os olhos, porém, sentiu novamente uma brisa em seu corpo.

Christine virou para trás, ainda de olhos fechados.A menina logo foi abrindo seus olhos cautelosamente e devagar, erguendo a sua cabeça ao mesmo tempo.Quando abriu seus olhos, grandes olhos amarelos e um sorriso com dentes afiados estavam em sua frente, era a única coisa que ela enxergava naquele escuro.

Christine olhou para o chão. E lá, de repente, estava o seu gatinho, sentado, apenas olhando-a.

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