Part.13

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Dani
Não sei o que me deu, mas só queria saber mais sobre aquela garota, não estava completamente bêbado pra não esquecer o seu rosto visto sobre as luzes neon.
Esperando que ela respondesse, estava apreensivo, me sentindo estranho, como se ela tivesse abalado minhas estruturas, mesmo sendo uma desconhecida.
Hoje eu iria sair com a Mia, marcamos de tomar um açaí em uma pracinha perto daqui, gosto da minha relação com ela, somos amigos coloridos e até agora isso tem dado bem certo, ela sabe de uma boa parte da minha vida.
Preciso me arrumar antes que chegue atrasado no local marcado, vou direto pro banheiro, tomo um banho rápido, faço minhas higienes, e visto a primeira blusa e bermuda que eu encontro no meu armário.
Ajeito o meu cabelo, e pego minhas chaves e carteira, não sem antes avisar minha mãe que estava saindo, e que não demoraria para voltar, chego na garagem já ligando o carro, olho no retrovisor se está tudo certo, ok lá vou eu 🚗😎

Gi
-Me diz, qual é o meu problema?-Pergunto a Gabi que revira os olhos.
-Muitos, e até hoje você não consegue resolver nenhum!- Ela diz rindo que nem uma hiena alcoolizada.
-Sua ridícula, eu tô falando sério, porque você não foi lá me impedir de ter dado meu número aquele garoto, acho que eu não estava sóbria pra ter feito aquilo, quebrei uma das minhas rigorosas regras por causa daquele babaca legal desconhecido, e tô revoltada até agora!-Digo pensando alto.
-Gi, me diz uma coisa, o porquê dessas regras, e o que você esconde de tão misterioso que te fez ter tipo uma repulsa por se apaixonar ou até se apegar?- Gabi me pergunta assim do nada.
-É complicado vaquinha, enquanto eu morei fora, aconteceu tantas merdas quantas eu fiz, e me lembrar disso ou até falar, é como se tudo isso voltasse a me torturar sabe, infelizmente me tornei isto que você vê, e confiar nas pessoas, ou até me apegar acaba sendo meio difícil, mas acho que aos poucos vou conseguindo lidar com esse meu passado, mas porque não te contar, se prometi a mim mesma que deixei tudo que me fez mal para atrás, e não deixar que me afetem como já fizeram.
E assim eu fiz, fui contando e relembrando aos momentos que tanto me perturbaram, que me fizeram chegar aonde estou, que de certa forma precisava vence- lo e seguir em frente.
(Momento Flashback On)
Tinha completado meus queridos 15 anos, mas não sonhava com uma grande festa ou dançar a meia noite com um lindo príncipe, queria algo simples, e um jantar em família em minha casa foi o que decidi, mesmo que meus pais me convencem do contrário, foi o que eu escolhi e assim aconteceu.
Estava feliz e completamente apaixonada por um primo mais velho, ele tinha 20 anos, tinha os cabelos castanhos e olhos cor de mel, era um sonho e o sentimento era recíproco, apesar de ser mais nova, e sua prima por sinal, ele me via de uma maneira diferente, e sabíamos que um dia nossa relação poderia ser descoberta.
Seu nome era Austin, e naquele dia me sentia pronta em dar mais um grande passo em nosso relacionamento escondido, tudo estava indo bem, estávamos juntos a alguns meses, e tinha uma única melhor amiga que considerava uma irmã, a Natasha, nos conhecíamos desde pequenas, e eu a chamei para participar do meu jantar.
Meus pais fizeram questão de preparar o delicioso jantar, junto com uma delicada decoração na cor azul royal, minha favorita.
Toda a minha família, até os que moravam no Brasil, vieram ao meu aniversário, era uma noite maravilhosa, e estava sendo, até uma cena em meu quarto fazer meu mundo desmoronar.
Eu estava jogando conversa fora com a minha avó, que falava que sentia a minha falta, e que quando eu quisesse poderia fazer uma visita a ela no Brasil, que eu estava muito branquinha e que eu precisava pegar uma cor e tal, não sei mas comecei a fazer falta da Natasha que demorava no banheiro, e de Austin que tinha saído para atender uma ligação que ele tinha me dito ser importante.
Senti um pressentimento ruim naquele instante, e desviei minha mente daquele desconforto bobo, e eu fui procurar pelos dois pela casa.
Passei pelo banheiro, pelo quintal, até pela cozinha e a sala, mas nenhum sinal daqueles dois, comecei imaginar que algo tivesse acontecido, ou eles tivessem ido embora sem me avisar, comecei a ficar com raiva só de imaginar.
Até que minha mãe me chamou, me pedindo que eu parasse de ficar zanzando pela casa igual doida, e pegasse no meu quarto seu cd que eu havia meio que pegado emprestado.
Eu curtia rap, e o mais engraçado que eu conheci esse gosto pelos meus pais, eles se amarravam, e acabei eu também gostando.
Subi os degraus, pois os quartos ficavam no segundo andar, ouvi algumas vozes de longe, mas não imaginava que vinha do meu quarto.
Quando abri a porta, tive o desprazer de encontrar as duas pessoas que eu mais confia, semi nus agarrados um no outro, transando em cima da minha cama.
A raiva tomou conta de mim, e eu gritava tão alto, que todo mundo lá de baixo conseguia me ouvir.
-Seus desgraçados mentirosos, como puderam fazer isso comigo! Na minha própria casa, na minha cama, e ainda no meu aniversário!!- Eu dizia e as lágrimas começaram a descer sem eu permitir.
-Amor, me desculpe, não era pra ser assim, não era pra você descobrir isso assim, vamos descer e conversar melhor lá em baixo.- Ele dizia nervoso se levantando da cama.
-Não vamos conversar porra nenhuma, seu safado de merda, e se é assim, que todos saibam que você é um galinha traidor, que me traiu, na cara de pau com essa vadia aí que dizia ser minha irmã- Eu cuspia as palavras com os olhos marejados.
-Você mereceu, e ainda foi tão trouxa de achar que ele te amava, eu precisava ser a número um pela primeira vez, do seu lado sempre me sentia um lixo, todo mundo te adorava inclusive os garotos, a mais bonita, sempre a QUERIDA de todos, e pela primeira vez você perdeu em algo, em não conseguir manter um relacionamento, porque eu fui mais rápida em seduzir ele, e não é que eu consegui amorzinho? Como você vê, eu estava TRANSANDO com
ele, e você foi bem inconveniente em atrapalhar né- Ela dizia se sentindo a fodona.
Não me aguentei, e assim que ela terminou de dizer aquelas idiotices, voei nela, e começamos a nos debater, queria mata-la tanto quanto aquele idiota.
Meus pais entraram no quarto horrorizados com a situação, Austin tentava nos separar só de cueca box, e a vadia ainda chorava fingindo que a errada e culpada da história era eu.
Não me importava mais com nada, todos ali sabiam que eu fui chifruda, e ainda descobriram o meu caso escondido, tudo em só uma noite.
Perdi dois em uma cajadada só, mas o pior é que eu estava péssima, e meu aniversário tinha acabado logo ali.
Assim que conseguiram nos separar, corri para o terraço, onde ali era meu refúgio de tudo que me atingisse, era o lugar onde eu extravasava, só eu e meus pensamentos.
Acabei com tudo naquela noite, com as mentiras, com uma relação que só na minha cabeça existia, e em uma amizade que onde o inimigo estava sempre ao meu lado.
Desabei completamente, só assim eu um dia iria me restaurar, só me restou um vazio dentro do peito, já me sentia sem ninguém, observava aquela imensidão azul tentando achar uma resposta, e me perguntava em como me meti em uma roubada dessas, onde a mais ferida e machucada fui eu.
Minha vida, a parti daí não foi a mesma, meus pais não tocavam no assunto com medo da minha reação, e eu até preferia assim.
Eu tinha uma boa relação com eles, mas sabiam que eu precisava de espaço e respeitavam isso.
Comecei a ter uma vida que eu sigo até hoje, a sair, e beber até não sentir mais o chão, em ficar com mais de um em uma noite, sem me importar em ser julgada, eu nem ligava e até gostava de me comportar assim, era o meu modo de FODA-SE TODO RESTO e eu amava.
Meus pais começaram a ficar malucos comigo, aprontava tanto que cheguei a ser apelidada de VID@ LOK@ por um dos meus amigos, e aí pegou.
Só tinha amigos homens, até porque me dava muito melhor com eles, não confia no bicho chamado "mulher" e sabia que eles de certa forma eram até mais sinceros e verdadeiros, nem todos claro.
Não conseguia manter uma amizade com alguma menina, porque acabava sendo falsa, invejosa, ou até por interesse, e esse último era o pior pra mim.Além, de me criticarem pelas costas, me difamando de vadia, e outros adjetivos nada legais sobre minha pessoa.
Na verdade, eu não ligo, e não mudo meu modo de ser, eu me gosto assim, e não vai ser nenhuma "piranhazinha" de quinta que vai me parar.
E não parou por aí, meu auge foi ser presa alcoolizada e multada por alta velocidade, e também bati o carro em
cheio no idiota do meu ex que eu juro que nem tinha planejado isso, ele só tava na hora errada e pra azar dele no local errado.
Tudo isso no dia quando completei meus dezesseis anos, e foi com o carro do meu pai, eu queria ir a uma festinha mas ele me proibiu de sair, então eu peguei as chaves sem ele ao menos perceber, e de madrugada escapei com o carro, mas logo depois que voltava da festa completamente chapada, ocorreu o acidente, mas no final das contas, ele não quebrou nada, só teve machucados leves, mas não me arrependi de nada, ele bem que mereceu.
Fui presa, mas meus pais pagaram a minha fiança, mesmo assim passei a noite do meu aniversário trancafiada dentro de uma cela, quando sai de lá, meus pais só faltaram arrancar minha cabeça e me jogar pela ponte, estavam uma fera, mas nem me importei, estava com uma ressaca, que por um milagre me lembrava de tudo que eu tinha feito na noite anterior com um sorrisinho maléfico nos lábios.

Você de NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora