1º Capítulo : Conhecendo os Portais - Na caverna de cristal

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- Lucas... Luuuuuuucas...

- Hummmm....

- Lucas, abre os olhos...

Lucas era um menino comum, assim como você; 8 anos de idade, tinha aquele jeito de quem sabe tudo, mas quer saber ainda mais, assim como você. Já está na escola e descobriu cedo que nem todos são amigos. Alguns já caçoavam do cabelo dele... "cabelo de índio", caçoavam. E ele chorava, por que queria ser amigo de todo mundo.

Seus pais brigavam todos os dias, e o pai, que antes ele via só nos finais de semana, agora estava todos os dias em casa, e quando Lucas pedia alguma coisa... xiiii... aí sim a briga começava, porque seu pai dizia: "- Você pensa que dinheiro cai do céu????", e Lucas pensa: "Adulto tem cada uma". Antes, seu pai sempre tinha tempo, mesmo quando estava trabalhando, de chegar em casa, brincar com ele, corrigir as lições de sua irmã Ingredy e ainda contar uma história para a pequena Thayna dormir. Agora, apesar de não estar trabalhando, dizia não ter tempo para mais nada...

Várias vezes o Lucas pegou sua mãe chorando em algum lugar da casa, e muitas vezes ele ouviu o avô falando mal de seu pai, mas só quando ele não estava olhando. "Difícil mesmo entender os adultos, difícil mesmo entender este mundo" pensava Lucas. Já o seu tio não: ele dizia que sua mãe era sortuda, que tudo caia do céu para ela, que o vovô e a vovó gostavam mais dela do que dele, e por isso ele não dava sorte na vida. "Poxa, mas o titio está trabalhando", pensava Lucas "e o papai não...".

E muitas e muitas vezes ele não entendi os adultos, e sozinho no quarto chorava e ficava com medo, bem assim, às vezes, como você...

- Lucas!!! Acorda!!! Abre os olhos...

Quando Lucas abre os olhos, uma grande surpresa. Ele vê um lindo bosque, cheio de flores, árvores pequenas, quase todas do mesmo tamanho. Ele vê também um rio bem pertinho dele, e tudo está tão verdinho, tão gostoso... "mas... espera aí... onde eu estou?"

- Quem é você???

Lucas estava deitado no colo de uma linda moça, que lembrava muito a sua mãe, mas não era ela, ele tinha certeza. Uma moça de cabelos compridos e com um vestido que hoje em dia ninguém usaria na rua, apesar de muito bonito.

- O que o teu coração te diz Lucas? Escuta um pouquinho o teu coração.

- Você é boa... eu não tenho medo de você, mas meu pai disse que eu não posso falar com estranhos, então, acho que tenho que ir... tchau!

Lucas já ia se levantando quando a moça bonita falou:

- Lucas, espera um pouquinho, eu vim por que você me chamou.

- Te chamei? Eu hein?! Nem sei seu nome.

- Bem, a mim mesma não, mas rezou pro Papai-do-Céu e pediu ajuda, não pediu?

- Você é Deus? - E Lucas se abaixa numa mistura de medo e admiração.

- Não Lucas - a moça ri gostoso - na verdade, desde que você decidiu nascer na barriguinha da sua mamãe, eu já estava do seu lado, te encorajando, e sempre vou estar. Quer dizer, desde que você queira. Bem, vejamos assim, você pode me considerar uma grande amiga que cuida de você quando você acredita que está sozinho. Quase todas as noites, quando você dorme, a gente se encontra e conversa, mas você não lembra, pois sempre está atrasado para a escola.

- Nossa, é verdade, sabia que você não era estranha. - E Lucas começa a chorar e encosta-se em um canto da pedra do riacho. Então estou no céu e morri, tadinha da minha mãe...

- Lucas, você não morreu não, apesar de eu estar contente de você tão pequeno entender que o espírito não morre. - E ela, que adora rir, dá uma risada que invade o coração de Lucas, e ele começa a rir também, sem saber bem porquê. - Eu só te trouxe aqui para te ajudar, para ensinar algumas coisas, que na verdade dentro do seu coração você já sabe, mas que eu vim para te lembrar. Ou não é verdade que ontem à noite você foi dormir chorando porque chamou o seu pai de bobo e ele, nervoso, te deu umas palmadas?

Lucas na Caverna de Cristal - Uma viagem ao mundo dos portaisOnde histórias criam vida. Descubra agora