2º Capítulo - O Raio Branco - Aprendendo a acreditar

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Lucas demorou um pouco para acostumar seus olhos com a claridade da caverna. Esfregou seus olhos, e conforme eles forma enxergando, ele foi ficando maravilhado. Cristais de várias cores preenchiam as paredes da caverna. De dentro de cada cristal, parecia que vinha uma luz, como se fossem lanternas acesas, e no centro da caverna, uma estrela de seis pontas refletia muita luz. Havia um cristal de cor diferente em cada ponta e no meio dessa estrela.

- Nossa, que lindo... agora tenho certeza que estou sonhando...

Clara estava em silêncio. De olhos fechados, pedia ao Criador inspiração para orientar Lucas, que para ela era muito mais que um filho.

- Clara... Mas se estou sonhando, nada disso é real. Tudo não existe. Meu pai sempre me diz que sonhos são bobagens. Que a vida é dura e que devemos acreditar somente naquilo que enxergamos.

- Lucas, me dá um abraço?

Lucas a abraçou e sentiu seus braços o aconchegando, sentindo um carinho enorme o invadir.

- Agora, feche os olhos...

Lucas fecha os olhos e continua sentindo o mesmo carinho, o mesmo aconchego.

- Viu? Há coisas que não vemos, mas podemos sentir. Com o tempo, você vai aprender que o nosso coração nos mostra muito mais o que os nossos olhos conseguem entender. Você sabe que pode comer uma maçã de olhos fechados e não precisa olhar para ela para saber que é uma maçã.

- Clara, mas a maçã é de verdade...

- Sim, mas quantas vezes você não sentiu alguém se aproximando de você, sem precisar enxergá-la, e sabia que ela estava perto? E voltar seus olhos e descobrir sua mãe atrás de você? Lucas, veja a lâmpada de sua casa. Ela emite luz, não emite?

- Sim, claro...

- Mas você não a entende, não consegue enxergar a corrente elétrica chegando a ela; porém, quando você está no escuro, você sabe que ela está lá.

Lucas começou a pensar no que Clara estava tentando lhe dizer. Era verdade. Muitas e muitas vezes, quando ia fazer algo, sentia um aperto no coração, e desistia... Era como se ele sentisse que algo ruim fosse acontecer se ele fizesse aquilo. Tinha pessoas que ele sabia serem más só de olhas, mas não sabia bem como.

- Porque você está ouvindo seu coração. Porque você sente e confia naquilo que você não está vendo, mas sabe que é verdade. Assim como sabe que, mesmo sozinho, nunca está sozinho, porque estamos ao seu lado. E mesmo você não me vendo, falo com o teu coração, para que sinta quando está em perigo, ou quando deve fazer algo, por que vai ser bom para você. Mas quando não acredita, quando não houve seu coração, acaba se metendo em encrenca, não é?

Ele sabia que era verdade. Sentia que estava fazendo uma grande besteira ao colar chiclete no cabelo de sua amiguinha, mas na hora, mesmo sabendo ser errado, viu que seus "amigos" o incentivavam com risinhos e olhares maliciosos, e ele fez. Arrependeu-se depois, se sentiu mal, e ficou triste ao ver a amiga chorando. Agora, via o quanto era um menino mau, e começava a duvidar que fosse capaz de um dia ajudar alguém.

- Bom Lucas, já está mais do que na hora de irmos, tem muita gente te esperando, querendo que você as conheça.

- Vamos para onde?

- Está vendo este cristal branco no centro da estrela? Ele é um quartzo branco. Sua transparência nos remete a tudo o que é puro, translúcido, iluminado, enfim, como deveriam ser nossos espíritos, a forma que deveria ser a nossa fé. Quero que você olhe com muita atenção para dentro do cristal.

Lucas olhou fixamente para o cristal e viu toda a luz refletida nele. Clara colocou suas mãos sobre seus olhos e ao tirá-la a grande surpresa.

Eles estavam numa praia, mas uma praia totalmente irreal. A areia era muito fina e limpa. No céu parecia que tinha todas as cores, tudo com muita luz, tudo maravilhoso. E Lucas cada vez mais ia se lembrando de que estava sonhando, e que aquilo não era real.

Lucas na Caverna de Cristal - Uma viagem ao mundo dos portaisOnde histórias criam vida. Descubra agora