De volta na caverna, Lucas se sentia como um adolescente, e realmente estava como um. Passou a mão em seu rosto, e percebeu os primeiros pelos, e as primeiras espinhas também.
- Lucas, agora vamos para um lugar que você vai adorar. Vamos conhecer uma tribo indígena!
- Poxa, que legal... mas Clara, não quero parar de aprender não! Nós não vamos para o próximo raio?
- Mas é lá mesmo que você vai conhecer esse povo tão especial aqui da nossa dimensão. Os xamãs e pajés fazem parte de uma das esferas mais elevadas da espiritualidade.
- Então vamos já!
Lucas agora olhou fixamente para o quartzo verde, que já sabia ser o cristal do próximo raio. Verde como as folhas de chá de hortelã que sua avó Nena lhe preparava quando sentia dor de barriga; verde que diziam ser a cor da esperança... e fechou os olhos.
Ao abrir, viu Clara ao seu lado, e segurou sua mão. Estavam no meio de uma mata fechada; começava a escurecer e ele ouvia o som de tambores e chocalhos. Ouvia também tribos indígenas, como as que via na televisão.
- Vamos Lucas, não precisa ter medo. Cadê a sua fé?
- Ficou lá no raio branco. - brincou Lucas.
Começaram então a caminhar na mata fechada. Prestando mais atenção em Clara, Lucas percebeu que ela usava agora uma túnica de algodão cru e na orelha um brinco de pena. Ela andava descalça, e mesmo com apenas a lua iluminando seu caminho, ela andava pela mata fechada como se conhecesse cada pedaço dela. Continuaram a caminhar e o som dos tambores e a luz do que parecia ser uma fogueira se aproximava mais e mais.
O barulho dos tambores, de forma ritmada e compassada, pareciam imitar as batidas do coração de Lucas, e ele foi ficando tonto, e sua visão começou a embaralhar, e ele não viu mais nada...
Abriu os olhos e estava agora deitado no chão de terra somente com uma espécie de esteira de palha embaixo dele. Clara erguia sua cabeça e com um sorriso no rosto lhe dava um líquido como um chá bem forte para ele beber.
- Bebe Lucas, vai te fazer bem.
Lucas bebeu e sentiu o líquido amargo, muito amargo descer pela garganta. Apesar do gosto, sentia-se, conforme engolia, completamente recuperado. Sentou-se e olhou a sua volta. Xamãs e pajés como antes somente via em filmes, cuidavam de pessoas que estavam deitadas em tapetes de palha como os dele. Parecia um grande hospital a céu aberto, só que, ao invés de instrumentos comuns de médicos, eram chocalhos, ervas e o canto que realizavam as curas. Ao se levantar, um índio muito grande se aproximou e o cumprimentou.
- Salve Lucas, sou seu mestre do raio verde.
- Mas o que aconteceu comigo?
- Nada que já não soubéssemos. Seu coração entrou em sintonia com a batida do tambor. Isto lembrou o seu espírito de dons que você já possuía. Por esse dom especial é que você pode estar aqui hoje, mesmo sendo criança, conversando conosco e aprendendo coisas novas para a sua atual existência.
- Não entendi...
- Lucas, acho que já descobri, ao ver sua avó Nena nesta dimensão, que o espírito não morre e que renascemos muitas e muitas vezes, em outras épocas. Acumulamos assim conhecimentos e experiências, e dons também. Ao renascermos novamente, esses dons vêm adormecidos, assim como a nossa capacidade de andar e falar, até para que não coloquemos em risco o nosso frágil corpo recém-nascido. Mas basta um estímulo e esses dons são aflorados.
- Então, sou especial?
- Sim, como todos na Criação - respondeu o Mestre - mas acho que já ouviu isso...
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Lucas na Caverna de Cristal - Uma viagem ao mundo dos portais
SpiritualitéNesta incrível aventura, Lucas, um menino de oito ano conhece Clara, com quem viaja a vários mundos e passa a conhecer os Mistérios dos Portais, passagens entre dimensões de pura luz, onde aprende importantes lições para a sua vida, como acreditar e...