9º Capítulo - Despertando para uma nova vida

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Lucas abriu os olhos devagar. A luz da manhã entrava pela janela aberta e podia-se ver as folhas das árvores balançando pela força do vento.

Lembrava de cada parte de seu sonho, e no ar ainda sentia o perfume de sua avó Nena. Seu coração, que antes de dormir estava angustiado, estava agora repleto de felicidade, apenas por estar vivo. Olhou para o seu quarto, e sentiu em cada pedaço dele, em cada detalhe da decoração e dos brinquedos espalhados no chão, o amor de seus pais. Estava feliz porque sabia ser amado e cuidado a todo o momento, e agradecia a Deus por ter uma família tão maravilhosa.

Levantou da cama sem precisar que sua mãe o chamasse. Tomou banho, colocou o uniforme da escola, conferiu o material, passou no quarto de Thayna e sem fazer barulho lhe deu um beijo no rosto. Acordou Ingredy e desceu as escadas correndo com a mochila nas costas.

- Já acordou? Está cedo ainda Lucas, vem tomar seu café.

Lucas abraçou e beijou sua mãe e pulou no colo de seu pai, o abraçando bem apertado.

- Amo muito vocês, papai.

- Esse menino tem cada uma... - disse seu pai o beijando, encabulado - Senta e toma seu café menino.

Lucas comeu com vontade, aproveitando cada pedacinho do pão com manteiga na chapa que acabava de sair da frigideira e ainda estava quentinho. Tomou seu lei e subiu as escadas, indo para o quarto de seu avô.

Entrou no quarto sem fazer barulho. Chegou bem pertinho do avô e lhe deu um beijo.

- Bom dia vovô.

- Bom dia Lucas, dormiu bem?

- Dormi vô e sonhei com a avó Nena. No sonho ela disse que te amava muito e estava sempre pertinho da gente.

Lucas viu uma lágrima rolando pelo rosto de seu avô.

- Ela estava bonita? - perguntou o avô.

- Estava linda vô, e feliz, somente te esperando. Mas não precisa se apressar não tá, porque ainda quero ficar muito tempo do seu lado, por que te amo muito.

- Pode deixar, vamos brincar muito ainda. Vai ter que aguentar por um bom tempo este velho chato do seu lado...

- Eu aguento! - disse Lucas dando risada e descendo as escadas correndo. Ainda pode ouvir seu avô dando uma gostosa gargalhada dizendo - "esse meu neto...".

Lucas foi para a escola. Sabia que ainda tinha uma coisa muito importante a fazer. Uma coisa essencial que não podia ser adiada. Assistiu ao primeiro período das aulas com muita atenção, ouvindo cada palavra de sua professora. Saindo da sala do recreio, ouviu um menino dizendo: "- E aí cacique Juruna?".

Antes que qualquer um pudesse ter qualquer reação, Lucas imitou um índio fazendo uma engraçada dança da chuva. Olhou para o menino e disse "Eu índio, você cara-pálida" e todos riram muito da brincadeira.

Lucas correu pelo pátio até encontrar uma boina rosa. Respirou fundo, se enchendo de coragem e foi falar com a amiga.

- Oi, tudo bem? - perguntou Lucas.

- Tudo - respondeu a menina envergonhada.

- Queria conversar com você - e sentaram juntos na escada da escola. - Sabe o que é? Eu queria te pedir desculpas. Sei que foi idiotice, mas fui eu que colei chiclete no seu cabelo. Você me perdoa?

A menina olhou para ele com um olhar maroto e disse sorrindo:

- Eu sabia que tinha sido você. Por isso fiquei tão triste. Não por causa do cabelo, porque cabelo cresce e eu já estava cansada da minha mãe toda manhã brigar comigo para escovar o cabelo. Chorei por que tinha sido você. Sempre te achei tão legal...

- Eu, legal? Nossa, obrigado. Legal é você que não me dedurou. Obrigado.

- Tá, mas agora chega ok? Senão da próxima vez vão ter que passar a maquininha na minha cabeça e eu não quero ter que usar peruca!

E os dois riram juntos. O sinal do recreio tocou e a menina saiu correndo.

- Ei, qual o seu nome? - perguntou ele.

- Clara, Lucas, meu nome é Clara. - disse ela subindo as escadas.

Parecia loucura, mas Lucas jurou neste momento ouvir a risada de sua mestra do raio azul em seu ouvido.

Lucas subiu as escadas, pensando que não estava mais com medo de nada. Sabia que seu pai logo ia voltar a trabalhar e sua mãe ia voltar a sorrir. Ia brincar muito com seu avô e assim sua mãe ia ter mais tempo para dar atenção ao seu pai, e em troca, sabia que ia aprender um monte de coisas novas. Com certeza, voltariam a ser a família feliz que sempre foram.

Esperava agora ansioso o momento de dormir. Imaginava para quantas aventuras Clara ainda iria levá-lo, quantos mundos eles iriam visitar. Bem, mas isto já é uma outra história...


Dedico este livro a Lucas, Ingredy e Thayna, inspirações deste livro;

às minhas filhas Anne e Sophie, presentes de Deus em minha vida,

e ao pequeno Lucas que existe dentro de cada um de nós...

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Lucas na Caverna de Cristal - Uma viagem ao mundo dos portaisOnde histórias criam vida. Descubra agora