Prólogo

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Isso só pode ser uma piada.

Oliver estava convencido de estar em algum universo paralelo. Aquela era a única explicação cabível para o delírio que sua mãe o fizera testemunhar nos últimos minutos. Acreditava que ela finalmente havia perdido a razão após todos esses anos cuidando de sua desmiolada irmã mais nova, Thea Queen.

Uma expressão séria cruzou o rosto de Moira, ao contemplar as feições estoicas de seu filho. Como sempre, sua intuição estava correta e Oliver estava agindo da maneira que o protocolo mandava. Um Queen jamais recuava de uma briga e ele certamente não estava disposto à quebrar a tradição.

Mas infelizmente para ele, numa briga de vontades dificilmente venceria. Não quando a adversária era bem mais experiente e sua própria mãe. E Moira estava contando exatamente com isso.

― Oliver, eu não lembro de estar brincando com você. ― Disse ela, sustentando o seu olhar, deixando-o ainda mais irritado, uma vez que costumava fazer as pessoas baixar a vista assim que o encaravam diretamente.

Porém, obviamente sua mãe era uma exceção à regra. E todos os outros Queens que ainda povoavam a Terra.

Lentamente, sentando-se por trás da mesa que durante muitos anos aprendeu apreciar, Oliver estudou suas opções para escapar daquele cenário inconveniente. Contudo sentia-se incapaz de pensar numa solução, uma vez que a possibilidade de perder tudo que lutara para manter, fervia sua cabeça, nublando sua mente.

O que Moira estava fazendo com ele não era justo!

Desde a morte do seu pai, há seis anos atrás, foi ele quem assumira e tomara rédeas dos negócios. Poderia ter sido um playboy inconsequente, sem disciplina alguma ou senso de responsabilidade, mas quando o momento chegou e precisaram dele, ele se prontificou. Ele tomou a frente da família.

Ele quem merecia tudo aquilo.

Passara os últimos seis anos de sua vida se dedicando àquela empresa e à sua família, havia mais sangue seu ali do que em qualquer outro lugar. Se soubesse que todos os seus esforços seriam retribuídos daquela maneira, teria mantido sua palavra fiel ao seu pai: Não se meteria nos assuntos da empresa.

É claro que na época em que falou isso, não tinha uma cédula sequer do seu corpo que sentisse alguma inclinação para ocupar o posto de CEO da QC. Mas ele era humano e humanos mudavam com o decorrer dos anos, e foi exatamente isso que acontecera quando seu pai morreu e ele teve de assumir seu posto.

Agora, via-se mais impotente que nunca, com a sua mãe querendo assumir a função de CEO - que era direito dela, aliás -, e tendo de ser chutado completamente para fora da empresa em que passou anos se dedicando.

― Ainda não sei o motivo de você me querer chutar para fora da empresa. ― Começou ele, sentindo o seu temperamento tomar o melhor partido. ― Desde que papai morreu, eu não fiz nada além de te honrar e entrar na linha para evitar com que a imagem da família fosse para o fundo do ralo. Não preciso continuar na função de CEO, só quero continuar trabalhando aqui dentro da QC, é o meu direito depois de tudo. ― Completou num tom inflexível, deixando claro que não cederia terreno no assunto.

Moira suspirou, olhando o filho de maneira infeliz e perguntando-se onde fora aquele jovem garoto que vivia distribuindo seus sorrisos por aí. Nos últimos anos não reconhecia mais o próprio filho.

Desde a morte de Robert, Oliver já não era mais o mesmo. E só tinha somente sí mesma para culpar quanto a isso, afinal, ela deixara um jovem de 24 anos assumir uma grande corporação e tomar a frente da família, quando na realidade tudo que ele deveria fazer era lamentar a morte do próprio pai.

Amor CiganoOnde histórias criam vida. Descubra agora