Pretendente

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Felicity's Pov

— FELICITYYYYYYYYYYY!!!!

— NÃOOOOOOOOOOO!!! — Gritei de volta, ao enxergar aquele pingo de gente correndo na minha direção. Estava escuro, mas eu podia identificar a silhueta daquele ser, até mesmo do outro lado do planeta.

Numa atitude que qualquer adulto normal reprovaria, me levantei rapidamente e disparei para bem longe daquela moita, enquanto gritava instruções para Barry e Rory:

— SEGUREM O FILHOTE DE BAMBI ENQUANTO EU FUJO, SEGUREM!!!

Mas é claro que nenhum dos dois fez o que pedi e num minuto, já estava imobilizada da cintura para baixo, pela entidade do mal que me abraçava. Oh Deus, por que eu?!

— FEEEELICITY!!! — A pestinha voltou a gritar, porém com um ar risonho dessa vez, olhando com aqueles olhinhos que só conseguiam enganar quem não conhecia, vidrados no meu rosto.

Tentei não chorar de desespero. Eu não tinha tempo para isso.

— Akio, onde tá sua mãe? — Perguntei, louca para me livrar do filhote perdido, mas sabendo que no fundinho isso poderia ser impossível, uma vez que Tatsu não desgrudava os olhos do filho a menos que fosse inevitável.

Merda. Merda. Merda. Por que logo comigo, oh todo poderoso?

— Ela está cuidando da Pata. — Respondeu, sem afrouxar seu aperto em nenhum momento.

Pisquei, em alerta. Ele havia dito Pata?

— Sua mãe está cuidando da Pata? — Repeti lentamente, absorvendo a informação.

Tatsu era a veterinária da fazenda Allen e de toda Lian Yu, nos tempos vagos. Por ser uma "estrangeira" quando chegou aqui anos atrás, ela teve de passar por um longo caminho tentando ganhar a confiança de todos os moradores. Foi só após ela salvar um touro Santa Gertrudis que Henry costumava ter, que a população resolveu reconhecer o seu valor e lhe adotar como uma de nós. Infelizmente, nesse pacote "Adoção", veio Akio também.

Todos adoravam o garoto - quando ele estava calado e parado. Resumidamente, todos adoravam Akio quando ele estava dormindo. Fora isso, ele era um total pesadelo...Um pesadelo que estranhamente, desde o dia que me conheceu, não largava mais do meu pé e não aprontava TANTO ao meu redor.

Só azucrinava meu juízo, atrás de atenção.

Tatsu gostava de dizer que ele sofria por uma paixonite aguda por mim e eu, por desgraça, não conseguia contrariar essa sua teoria.

— Akio, o que aconteceu com Pata? — Barry perguntou, chamando a atenção do Bambi Apaixonado e finalmente, fazendo-o largar minha cintura.

Deus, abençoe Barry!

— Ela me atacou, então eu joguei uma pedra nela. — Foi a sua resposta inocente, que desencadeou uma reação de quase aneurisma no meu cérebro.

— Você atacou Pata? — Rory questionou horrorizado, refletindo direitinho meu estado atual. Provavelmente ele já estava visualizando o meu velório em sua mente, caso Pata viesse a óbito. A cada dia meu futuro parecia mais e mais questionável. Merda.

— Foi ela quem começou. — Akio rebateu e imediatamente segurou minha mão, procurando por ajuda. Não sabia ele que quem estava mais precisando de ajuda aqui, era eu! — Felicity, você sabe que a Pata ataca todo mundo, não sabe?

Ao invés de o responder, comecei a rir histericamente, consciente da sua inocência neste caso. Pata realmente adorava atacar qualquer coisa que respirasse.

Amor CiganoOnde histórias criam vida. Descubra agora